O primeiro motorista julgado pelo tribunal do júri por um crime de trânsito, em Belo Horizonte, foi absolvido por quatro votos a três na noite desta quinta-feira (23). Leonardo Faria Hilário, de 30 anos, foi acusado de ter causado uma das maiores tragédias do Anel Rodoviário.
Hilário dirigia uma carreta bitrem no Anel e se envolveu em uma colisão que resultou na morte de cinco pessoas e deixou outras 12 feridas. O acidente foi em janeiro de 2011, no fim da tarde de uma sexta-feira. A carreta desceu a via desgovernada, na altura do bairro Betânia, região oeste de BH, e arrastou outra carreta e mais 14 veículos de passeio que estavam na rodovia.
Durante o julgamento, que começou na manhã desta quinta, o réu chorou ao ouvir a leitura da denúncia oferecida pelo Ministério Público que o acusava de lesão corporal grave e homicídio com dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar.
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Ao todo, 12 testemunhas de acusação e três de defesa foram convocadas para ajudar a esclarecer os fatos. A primeira testemunha a ser ouvida foi um caminhoneiro, que seguia viagem pouco à frente pela mesma empresa. Diante do júri, ele contou que o réu havia esquecido o tacógrafo em um posto de fiscalização e que pouco antes de chegar ao Anel Rodoviário, Hilário fez um comunicado pelo rádio dizendo que os freios da carreta haviam acabado. A versão foi contestada pelo Ministério Público, que alegou que o sistema de freios estava funcionando, mas havia um problema no reboque do veículo que era de conhecimento de motorista.
Pela primeira vez na capital mineira um réu foi levado a julgamento no tribunal de júri por crime de trânsito. No interrogatório, o caminhoneiro respondeu às perguntas da acusação e da defesa, bastante emocionado e afirmou que não teve culpa. Após 12 horas de julgamento, Hilário, que mora no Estado do Mato Grosso, foi declarado inocente.