Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Brasília

AGU vai cobrar da Meta explicações sobre decisão que pôs fim à checagem de dados

Determinação foi dada pelo presidente Lula durante reunião com ministros nesta sexta-feira (10), em Brasília

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Lula fez reunião com ministros para discutir decisão da Meta Marcelo Camargo/Agência Brasil - 08.01.2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu, nesta sexta-feira (10), com diversos ministros para debater a decisão da Meta — dona do Facebook, Instagram e WhatsApp — de encerrar a checagem de dados feita por atores externos às plataformas. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que a AGU (Advocacia-Geral da União) vai notificar a empresa a fim de ter mais explicações sobre as recentes mudanças anunciadas na política da companhia.

Leia mais

“O presidente foi claro na reunião de que não abrirá mão da soberania do país. Toda e qualquer empresa, nacional ou multinacional, grupos de comunicação nacional e internacional terão que respeitar ao arcabouço legal brasileiro e terão que respeitar a Justiça brasileira. Em função disso, ele solicitou que a AGU entre com uma notificação para a empresa para que se manifeste e [diga] o que irá fazer no Brasil”, disse Costa.

Na avaliação da resposta, o governo pode tomar “novas medidas judiciais ou legais”, destacou o ministro da Casa Civil. Em paralelo, o governo vai iniciar o diálogo com os meios de comunicação do país, para que “todos nós sejamos aliados da absoluta e irrestrita liberdade de expressão e de opinião sobre qualquer terma, mas que isso não signifique a ausência de responsabilidade ou de crimes cometidos”.

A reunião ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, e contou também com a participação dos ministros Juscelino Filho (Comunicações), Jorge Messias (Advocado-Geral da União) e Vinicius de Carvalho (Controladoria-Geral da União). Os secretários-executivos da Fazenda e da Justiça, Dario Durigan e Manoel Carlos de Almeida Neto, respectivamente, também estiveram no encontro.


Messias afirmou que a Meta não foi “transparente” com a nova política. “Em razão da ausência de transparência, nós apresentaremos uma notificação extrajudicial, e a empresa terá 72 horas para informar ao governo brasileiro qual é, de fato, a sua política para o Brasil. Não vamos permitir de forma alguma que essas redes transformem o ambiente em uma carnificina digital ou barbárie digital”, destacou.

Questionado sobre uma eventual falta de resposta por parte da Meta, o chefe da Advocacia-Geral enfatizou que, sim, poderá acionar a Justiça. “Medidas legais e jurídicas serão adotadas. Podemos ir ao Judiciário, por exemplo. O governo não vai ficar de braços cruzados. A nossa disposição é buscar todos os mecanismos legais dentro do devido processo legal para que a empresa passe a observar a legislação brasileira.”


Entenda o caso

O anúncio da Meta foi feito na terça (7) pelo empresário Mark Zuckerberg, responsável pela empresa. Ele deseja inserir nas plataformas as “notas da comunidade”, a exemplo de como é feito no X, antigo Twitter. Na prática, a determinação vai impedir que agências e empresas de checagem atuem na análise de informações publicadas nas plataformas.

O executivo também informou que Facebook, Instagram e Threads vão voltar a permitir a recomendação de conteúdos relacionados a temas políticos. O CEO destacou que as alterações vão entrar em vigor gradualmente. A princípio, a mudança será implementada apenas nos Estados Unidos, mas pode ser ampliada para outros países.

Lula criticou a mudança de postura da big tech. “Acho que é extremamente grave as pessoas quererem que a comunicação digital não tenha a mesma responsabilidade de um cara que comete um crime na imprensa escrita. É como se um cidadão pudesse ser punido porque faz uma coisa na vida real e pudesse não ser punido porque faz a mesma coisa na digital”, declarou na quinta-feira (9).

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.