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Bombeiros encontram mochila em área de busca por indigenista e jornalista desaparecidos

Ambos foram vistos pela última vez no dia 5 após partirem em uma lancha com destino à cidade de Atalaia do Norte (AM)

Brasília|Renato Souza e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo
Jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo

O Corpo de Bombeiros do Amazonas encontrou, neste domingo (12), uma mochila e sandálias em área de busca pelo indigenista Bruno Araújo e pelo jornalista britânico Dom Phillips, desaparecidos desde o dia 5 deste mês na região amazônica. Os objetos serão encaminhados para a perícia, segundo fontes ouvidas pelo R7.

Araújo, que é servidor da Funai, e Phillips, colaborador do jornal The Guardian, foram vistos pela última vez no dia 5 deste mês no Vale do Javari, após partirem em uma lancha com destino à cidade de Atalaia do Norte (AM).

A região, no extremo oeste do Amazonas, fica próximo à fronteira com o Peru e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada no mundo. A área é pressionada por invasores ligados à pesca e à caça ilegal, ao garimpo e à extração de madeira.

Mais cedo, uma equipe buscas formada por indígenas da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) encontrou uma embarcação na região onde o jornalista e o indigenista desapareceram. De acordo com a entidade, foram identificados vestígios de que uma embarcação foi arrastada pela área de terra.


Ao encontrarem o veículo aquático, os representantes da Univaja afirmaram que as autoridades que investigam o desaparecimento, que inclui a Polícia Federal, foram acionadas e isolaram a localidade. A investigação vai verificar quem é o proprietário da embarcação.

"Em complemento informamos que, na tarde de 11 de junho, a Polícia Federal, em Manaus, que coordena as ações dos órgãos governamentais no estado, emitiu nota negando que foram encontrados os corpos dos desaparecidos, ao contrário do que foi difundido nas redes sociais no dia de ontem", diz trecho da nota publicada pela entidade neste domingo (12).


A Polícia Federal conclui em até 15 dias a avaliação genética do material orgânico encontrado na beira do lago na região do Vale do Javari. Peritos do Instituto Nacional de Criminalística comparam as amostras com material cedido pelas famílias do jornalista e do indigenista.

A investigação avalia se o material encontrado pode ser da dupla que desapareceu no dia 5 deste mês após partir em uma lancha com destino à cidade de Atalaia do Norte. Fontes ouvidas pelo R7 ligadas à investigação informam que existe a possibilidade de que os resultados saiam ainda no começo da semana.


A conclusão dos exames de DNA no material orgânico encontrado na floresta é considerada fundamental para os próximos passos das diligências. Imagens de satélite também estão sendo avaliadas para tentar encontrar pistas do paradeiro dos profissionais. No entanto, a quantidade de nuvens, em razão da umidade excessiva da região, tem dificultado a visualização da superfície nas fotos registradas pelos equipamentos.

Até agora, a busca feita pelos órgãos resultou na prisão de apenas um único suspeito: Amarildo da Costa, de 41 anos, que foi visto por testemunhas em uma lancha seguindo em alta velocidade o barco em que Phillips e Pereira viajavam. Não está clara sua implicação no caso.

ONU

Porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani afirmou na última sexta-feira (10) que a resposta inicial foi "lenta" em relação ao desaparecimento de Araújo e de Phillips. Ela disse ainda que "o governo precisa empregar todos os esforços possíveis para ajudar a localizar esses dois homens".

"Agora, saudamos que após decisão judicial as autoridades tenham empreendido mais meios para procurar esses dois homens. Mas, inicialmente, a resposta foi lenta e eu entendo que foram os grupos da sociedade civil, incluindo as populações indígenas, que estavam na liderança para tentar descobrir o que aconteceu com eles", afirmou.

Jair Bolsonaro

Durante discurso na IX Cúpula das Américas, em Los Angeles, nos Estados Unidos, na última sexta-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro disse que as Forças Armadas e a Polícia Federal têm trabalhado na "busca incansável" pelo indigenista e pelo jornalista.

"Desde o primeiro momento, as nossas Forças Armadas e a Polícia Federal têm se destacado na busca incansável na localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida", afirmou Bolsonaro, que tem recebido críticas diante da atuação do governo no caso.

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Ativistas de diversos grupos brasileiros e estrangeiros protestaram na Cúpula das Américas contra o desaparecimento de Araújo e de Phillips. Fotos do ativista e do jornalista foram estampadas em um painel eletrônico em frente ao letreiro de Hollywood. "Ameaçados. Agora desaparecidos. Onde estão Dom e Bruno?", diz uma mensagem em inglês projetada em um caminhão.

Durante a semana, Bolsonaro havia dito que Araújo e Phillips estavam em uma "aventura não recomendável". "E realmente duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que tenham sido executados. A gente espera, e pede a Deus, que sejam encontrados brevemente", disse.

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