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R7 Brasília

Em 4 anos, mais de 9 milhões de m² de áreas públicas foram ocupadas ilegalmente no DF

Dados da Secretaria DF Legal mostram que nos cinco primeiros meses deste ano houve aumento de 128% em terras desobstruídas

Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

Trator destrói ocupação irregular em Samambaia
Trator destrói ocupação irregular em Samambaia

Nos últimos quatro anos, mais de 9 milhões de metros quadrados de áreas públicas foram ocupadas ilegalmente no Distrito Federal, segundo dados da Secretaria DF Legal. Nos cinco primeiros meses deste ano, 6.519.110 m² de terras foram desobstruídas, um aumento de 128% na comparação com 2019, quando pouco mais de 2,8 milhões de m² foram recuperados pelo governo.

Em 408 operações realizadas até maio deste ano, 13 das principais desobstruções foram feitas em Santa Maria, Ceilândia, Sobradinho, Riacho Fundo II e Brazlândia. Na última quinta-feira (15), 50 casas foram retiradas de uma área pública de São Sebastião. De acordo com o DF Legal, o local está destinado à construção de unidades habitacionais e de um hospital público.

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Para o especialista em desenvolvimento sustentável Christian Della Giustina, as ocupações irregulares trazem prejuízos urbanísticos, visto que o crescimento da cidade precisa ser ordenado, além de impactos ambientais, como desmatamento e poluição do solo, e problemas fundiários, pois causa perda de patrimônio público. 

Giustina ainda explicou que a oferta de moradias e uma maior fiscalização podem ser soluções para as ocupações ilegais em áreas públicas. Segundo o especialista, a inspeção ainda é precária, e na maior parte das vezes "a invasão é mais rápida que a fiscalização".


Denúncias

Uma área de preservação ambiental no Núcleo Rural Colombo Cerqueira, próximo à região do Paranoá (DF), vem sendo afetada pela ocupação irregular. Moradores das chácaras do núcleo rural, que fica atrás de uma plantação de pinheiros e é cercado por uma área de preservação, denunciam casos de grilagem.

Um dos moradores, que pediu para não ser identificado, afirmou que diversas denúncias já foram feitas ao DF Legal e ao Ministério Público do DF. Em 2021, a Justiça do Distrito Federal determinou a remoção do loteamento irregular na região, além de ter proibido "anúncio, venda, aluguel ou prática de qualquer ato de construção ou infraestrutura, sob pena de multa de R$ 1.000 por dia".


Em nota, a Secretaria DF Legal informou que foram realizadas 12 operações, autuações fiscais e vistorias no Setor de Chácaras Desembargador Colombo Cerqueira em 2021, 13 em 2022 e outras duas neste ano.

O local é alvo de parcelamento irregular há alguns anos e esta pasta já realizou demolições de construções precárias%2C desconstituiu cercamentos e apreendeu materiais. O grande problema encontrado para acabar de vez com a ocupação%2C no entanto%2C é a existência de construções habitadas%2C o que exige um trabalho maior e integrado com diversos órgãos públicos.

(Secretaria DF Legal)

Grilagem

Segundo o Fundo Mundial para a Natureza, ou WWF na sigla em inglês, grilagem é "a invasão de terras públicas para apropriação particular, por meio de desmatamento e violência, com ou sem fraude documental".

Em julho do ano passado, 43 pessoas foram presas sob suspeita de integrarem um grupo criminoso envolvido em grilagem de terras em São Sebastião, no Distrito Federal. Segundo a Polícia Civil, empresários, agiotas, advogados e servidores públicos estavam entre os suspeitos de movimentar cerca de R$ 20 milhões em terras.

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De acordo com as investigações, empresários e agiotas lideravam o esquema criminoso que promovia o parcelamento irregular do solo urbano. Depois disso, vendiam os lotes por meio de contratos de cessão de direitos, com firma reconhecida. Os criminosos chegaram a abrir um cartório falso para reconhecer firma e autenticar documentos de maneira fraudulenta. Servidores públicos também auxiliam na execução das fraudes.

Situação no Brasil

Um levantamento feito pelo IBGE, em 2019, apontou que no Brasil existem mais de 5 milhões de domicílios em condições precárias. Essas residências fazem parte de 13.151 aglomerados subnormais no país, que são caracterizados por ocupações irregulares de terrenos públicos ou privados.

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