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Em depoimento, preso por atos golpistas que morreu na Papuda contou ter desmaios

Em 31 de julho, Cleriston Pereira da Cunha disse que tinha vasculite aguda, o que o fazia desmaiar e ter falta de ar no presídio

Brasília|Agência Estado

Cleriston tinha vasculite aguda, o que o fazia desmaiar
Cleriston tinha vasculite aguda, o que o fazia desmaiar

Em seu último depoimento às autoridades, o homem preso pelos atos golpistas do 8 de Janeiro que morreu na penitenciária da Papuda avisou sobre seus problemas de saúde. Em 31 de julho, Cleriston Pereira da Cunha contou que tinha vasculite aguda, o que o fazia desmaiar e a ter falta de ar no presídio.

A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal abriu investigação sobre a morte de Cleriston, de 45 anos, que sofreu um mal súbito durante um banho de sol. Parlamentares da oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva enviaram ontem ofício ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para questionar a permanência de manifestantes presos preventivamente na Papuda.

Enquanto estava detido, Cleriston era acompanhado por uma equipe multidisciplinar da Unidade Básica de Saúde da penitenciária. Em fevereiro, seu advogado, Bruno Azevedo de Souza, chegou a dizer que a prisão seria uma "sentença de morte" e pediu à Justiça que concedesse liberdade provisória, o que foi negado naquele momento. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deu parecer favorável à liberdade provisória em setembro.

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No depoimento, Cleriston contou que começou a passar mal depois que foi detido pelos policiais no Congresso Nacional, em 8 de janeiro. Segundo seu relato, sofreu um desmaio e acabou urinando na roupa. Ele contou que chegou a ser encaminhado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Distrito Federal e só recebeu os seus remédios para vasculite na manhã do dia seguinte, pelas mãos da esposa.


Mais sete

O ofício desta terça-feira (21) foi assinado por 66 parlamentares — 58 deputados federais e oito senadores. Segundo os congressistas, sete pessoas estão presas preventivamente com pareceres da Procuradoria-Geral da República pela concessão de liberdade provisória.

"Questionamos Vossa Excelência acerca da manutenção das prisões preventivas dos réus citados, uma vez que a própria autoridade titular da ação penal, a qual representa o interesse do Estado na punição e repressão, já se manifestou pela liberdade provisória dos presos", diz o ofício. O Supremo foi procurado pelo Estadão, mas não se manifestou até as 20h30 de terça.

O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) disse que Cleriston perdeu a vida por causa da "inércia do Judiciário" e afirmou que a demora do Supremo em conceder a liberdade ao preso pode configurar crime de responsabilidade. "Nós, parlamentares federais, deputados e senadores, estamos pedindo com urgência que o ministro [Alexandre de Moraes] tome alguma atitude", disse.

O irmão de Cleriston, Cristiano Pereira da Cunha, vereador pelo PSD no município baiano de Feira da Mata, disse que a família está "indignada" com a morte do irmão e considera que o STF agiu com "descaso" ao não beneficiá-lo com a saída da Papuda, apesar do parecer da PGR.

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