Fundação FHC responde Dilma e diz que tucano foi o 1° a reconhecer crimes da ditadura
Instituição ligada ao ex-presidente usou foto dele ao lado de Eunice Paiva para relembrar comissão criada no governo do tucano
Brasília|Rute Moraes, do R7, em Brasília
A Fundação FHC respondeu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), nesta terça-feira (4), por declarações da petista sobre o reconhecimento do governo federal dos crimes cometidos pelo regime militar e disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi o “primeiro a reconhecer as violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar”.
Após o filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, vencer o primeiro Oscar do Brasil, Dilma comemorou e disse que a história sobre o regime ditatorial só foi contada graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, criada durante seu governo.
A Fundação FHC ressaltou a importância da Comissão da Verdade, mas destacou que, antes, Fernando Henrique criou a Comissão de Mortos e Desaparecidos, em 1995. Ao postar a mensagem, a instituição publicou uma foto do ex-presidente ao lado de Eunice Paiva.
“Em 1996, foi emitida a certidão de óbito de Rubens Paiva, oficializando o seu ‘desaparecimento’. A Comissão da Verdade permitiu que, por decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em dezembro de 2024, da certidão de óbito passasse a constar referência às circunstâncias ‘violentas, causadas pelo Estado brasileiro’ que levaram à morte do ex-deputado. Na história, não se constrói nada do zero”, alegou a fundação nas redes sociais.
Em outras ocasiões, o escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice Paiva e autor do livro Ainda Estou Aqui, já disse que os fatos levantados pela Comissão da Verdade ajudaram na publicação do livro.
Ainda Estou Aqui vence o primeiro Oscar brasileiro
A noite de domingo foi histórica para o cinema brasileiro. Pela primeira vez uma produção do país ganhou um Oscar. Ainda Estou Aqui faturou a estatueta dourada de Melhor Filme Internacional na cerimônia realizada no Dolby Theater, em Los Angeles, nos EUA.
“É uma honra receber isso. Esse Oscar vai para uma mulher que depois de uma perda tão grande em um regime autoritário, decidiu não se dobrar, não desistir. É para Eunice Paiva! E é para Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, disse o diretor Walter Salles no discurso de agradecimento.
A obra, baseada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, conta a história de Eunice Paiva, mãe do autor e mulher do engenheiro e ex-deputado federal Rubens Paiva, morto pela ditadura militar em janeiro de 1971.
Dona de casa em uma família de classe média no Rio de Janeiro, ela precisa se reinventar para cuidar dos cinco filhos enquanto busca informações sobre o marido, que sumiu ao ser levado pelo Exército para prestar depoimento.
Além de Fernanda Torres, estão no elenco Selton Mello (como Rubens Paiva) e Fernanda Montenegro (a versão mais velha de Eunice). O filme estreou nos cinemas brasileiros no dia 7 de novembro e virou um sucesso de bilheteria. Mais de 5 milhões de espectadores o viram, o que rendeu uma bilheteria acima de R$ 100 milhões.