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R7 Brasília

Operação da PF combate garimpo ilegal em terra indígena no Pará

Ação ocorre na manhã desta quarta em nove estados e no DF. Pelo menos uma tonelada de ouro era extraída por ano, segundo a PF

Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília

Minerais apreendidos com grupo suspeito de garimpo ilegal em terra indígena no Pará
Minerais apreendidos com grupo suspeito de garimpo ilegal em terra indígena no Pará

A Polícia Federal deflagrou uma megaoperação na manhã desta quarta-feira (27) para desmantelar uma organização criminosa suspeita de explorar o garimpo ilegal em terras indígenas. O grupo também é investigado por empregar trabalhadores em condições análogas à escravidão no sul do Pará para a extração do ouro. Quase uma tonelada do mineral era extraída anualmente para ser vendida a países europes.

De acordo com a PF, foram cumpridos 62 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão preventiva. As ordens foram expedidas pela 4ª Vara Federal Criminal do estado e são executadas no Pará, Amazonas, Goiás, Roraima, São Paulo, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e no Distrito Federal.

Os crimes ocorriam na terra indígena Kayapó. A Justiça determinou que R$ 500 milhões fossem bloqueados das contas dos investigados. Também foram recolhidos cinco aviões e 14 imóveis. Houve bloqueio de bens ligados a 47 pessoas e empresas. Mais 12 companhias suspeitas de participar do esquema tiveram as atividades suspensas.

Cerca de 200 agentes participam da ação, que recebeu o nome de "Terra Desolata". O nome da operação é uma referência à expressão italiana que significa “terra devastada”.


PF realiza operação contra garimpo ilegal em terras indígenas
PF realiza operação contra garimpo ilegal em terras indígenas

Investigação

A apuração da PF, iniciada em 2020, aponta que a organização criminosa atuava em três níveis diferentes da cadeia de produção. No primeiro, garimpeiros extraíam ouro sem autorização e revendiam o produto a intermediários. Esses, por sua vez, comercializavam o ouro para grandes empresas, que injetavam o mineral no mercado nacional ou exportavam.


O principal destino era a Europa, com a principal porta de entrada sendo a Itália. Também foram identificados garimpos em propriedades privadas, onde há suspeita de emprego de trabalhadores em condição análoga à escravidão.

Os investigados podem responder por usurpação de bens da União, extração de recursos minerais sem a competente autorização, organização criminosa e lavagem de dinheiro. 


Terra Kayapó

A terra indígena Kayapó, de 3,2 mil hectares, é regularizada pelo governo federal e tradicionalmente ocupada por 4,5 mil moradores, entre o povo isolado do Rio Fresco e integrantes da etnia Mebêngôkre Kayapó. A área ocupa faixas de quatro municípios paraenses. A mineração é proibida em terras indígenas.

Segundo o mapa de conflitos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a região é palco de atividades ilegais ligadas ao garimpo há mais de 40 anos, o que traz consequencias como o desmatamento, a contaminação de corpos d'água com mercúrio e o comprometimento dos povos indígenas.

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