Polícia Federal prende novos suspeitos de envolvimento nas mortes de Dom e Bruno
Operação ocorre neste sábado (6) no Amazonas; agentes cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão
Brasília|Natália Martins, da Record TV, e Renato Souza, do R7, em Brasília
A Polícia Federal deflagrou neste sábado (6) uma operação na região do Vale do Javari, no Amazonas, para cumprir cinco mandados de prisão e dez de busca e apreensão contra suspeitos de envolvimento na ocultação dos corpos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Entre os presos estão parentes de pescadores já detidos pelas mortes.
Ao todo, eram sete mandados de prisão, mas um dos autores do crime, Amarildo Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, que confessou o assassinato de Bruno e Dom, já está preso desde o dia 7 de junho pelos assassinatos. Agora, vai responder também por associação criminosa e pesca ilegal.
O colombiano Rubens Villar, conhecido como Colômbia, também já estava preso por uso de documento falso. Agora, vai responder ainda por chefiar um suposto esquema de pesca ilegal e contrabando.
Entre os cinco presos na manhã deste sábado, três são parentes de Amarildo. O filho, Amarílio de Freitas Oliveira, e os irmãos Otávio e Eliclei Costa de Oliveira. Também foram presos os pescadores Jânio Freitas de Souza e Laurimar Lopes Alves. Todos são suspeitos de participar da ocultação dos corpos de Bruno e Dom.
Os agentes da Polícia Federal realizaram a operação na região do Vale do Javari e de Atalaia do Norte, onde as vítimas foram assassinadas. Dom e Bruno desapareceram enquanto realizavam entrevistas para a produção de um livro e reportagens sobre invasões de terras indígenas.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, as prisões foram solicitadas pelo Ministério Público Federal e deferidas pela Justiça. O objetivo é analisar ainda a "participação dos investigados em organização criminosa que financia e pratica a pesca ilegal na região, inclusive dentro de terra indígena e em período de defeso."
Eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, no dia 5 de junho, mas não chegaram ao destino. Os corpos foram encontrados no dia 15 de junho com marcas de tiros, esquertejados e carbonizados. Os restos mortais foram enterrados na mata pelos criminosos.
Presos
Entre as acusados já presos estão os pescadores Jeferson da Silva Lima, o "Pelado da Dinha", Oseney da Costa de Oliveira, o "Dos Santos", e Amarildo da Costa de Oliveira. Outro detido é Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia. Ele é suspeito de ser o mandante dos homicídios, mas os investigadores colhem novas provas para confirmar esta hipótese.
Rubens foi preso no dia 7 de julho, por uso de documento falso. Ele cumpre prisão preventiva, por ordem da Justiça e é suspeito de envolvimento no crime.
Vale do Javari
O Vale do Javari é palco de conflitos que envolvem garimpo, extração de madeira, pesca ilegal e narcotráfico. Com 8,5 milhões de hectares, a terra indígena fica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo.
A área é a segunda maior terra indígena do país — atrás apenas da Yanomami, em Roraima, na divisa com a Venezuela, que tem 9,4 milhões de hectares — e tem acesso restrito, possível apenas por avião ou barco.