Policiais federais envolvidos com suposta espionagem ilegal depõem na superintendência em Brasília
Nesta quinta-feira, sete agentes foram afastados das funções públicas em nova fase da investigação
Brasília|Rafaela Soares, do R7, e Natália Martins, da Record, em Brasília
Os sete policiais federais afastados por suspeita de uso ilegal de um programa espião para monitorar autoridades brasileiras depõem nesta quinta-feira (25) na superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Fontes ligadas à corporação ouvidas pela RECORD BRASÍLIA afirmam que alguns deles já estão prestando depoimento, mas a PF não informou quantas pessoas já foram ouvidas até a atualização mais recente da matéria. A operação desta quinta-feira realizou buscas em endereços ligados ao deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Por se tratar de uma investigação que envolve uma suposta organização criminosa, os agentes podem ser ouvidos depois de três dias. Segundo as apurações até o momento, o programa permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses. Ele teria sido utilizado para obter dados dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e de outras figuras públicas.
Segundo fontes da Abin consultadas pela RECORD BRASÍLIA, o uso da ferramenta não é considerado crime em consultas feitas para dar andamento ou não em investigações, por exemplo. Nesses casos, os agentes ligam para as operadoras e pedem dados de algum suspeito.
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Os interlocutores explicam que as investigações apuram se houve a existência de um grupo formado por pessoas, que não eram funcionários de carreira da Abin, que teriam utilizado a máquina pública com objetivos pessoais.
A operação
Ramagem é um dos alvos de uma operação desta quinta-feira (25) que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas da agência. Segundo fontes ligadas à PF, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes estão na lista de suposta espionagem.
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O gabinete do parlamentar é um dos locais onde os agentes fazem buscas, que também ocorreu em endereços de outras pessoas no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A casa e o escritório do deputado também foram alvos. Tamagem deve prestar depoimento na sede da PF.
A RECORD e o R7 procuraram a assessoria de Ramagem, que disse que não iria se posicionar no momento.
Perfil
Ramagem chefiou a agência entre julho de 2019 e março de 2022, quando foi exonerado pelo ex-presidente. Ele foi candidato nas eleições do mesmo ano e se elegeu deputado federal pelo Rio de Janeiro. Antes de fazer parte do governo, o delegado de carreira da PF foi o coordenador da segurança de Bolsonaro na campanha de 2018, logo depois que o então candidato à Presidência da República foi vítima de um atentado a faca, em Juiz de Fora (MG).
O atual deputado federal foi cotado para assumir a direção da PF, depois da exoneração do delegado Maurício Valeixo. Essa saída levou o ex-juiz da Operação Lava Jato Sergio Moro a se demitir do Ministério da Justiça e Segurança Pública.