Programa de incentivo para professores deve custar R$ 1,7 bilhão até 2026, estima governo
Mais Professores inclui bolsa de R$ 1.050 por mês, auxílio extra para atuação em regiões remotas e cartão de crédito sem anuidade
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

O MEC (Ministério da Educação) estima que o programa Mais Professores, lançado nesta terça-feira (14) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, custe R$ 1,7 bilhão para os cofres públicos entre 2025 e 2026. A iniciativa engloba, entre outras medidas, uma bolsa mensal de R$ 1.050 para alunos de licenciatura (programas de ensino superior voltados para formação de professores da educação básica), nos moldes do Pé-de-Meia, e um auxílio extra de R$ 2.100 para profissionais que se disporem a atuar em regiões remotas (leia mais sobre o Mais Professores abaixo).
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“As pessoas não estão mais querendo ser professoras. Queremos chamar aqueles que têm perfil para isso, com boas notas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) entrar na licenciatura”, explicou o ministro da Educação, Camilo Santana, após o lançamento do programa.
Santana informou que a estimativa de recursos para o Mais Professores está incluído no Orçamento de 2025, dentro das ações do MEC. A peça deve ser votada pelo Congresso Nacional no próximo mês.
Segundo o ministro, o pagamento da bolsa, chamada de Pé-de-Meia Licenciaturas, deve começar em março. A transferência extra relativa à atuação em áreas remotas deve ser iniciada no segundo semestre.
Esse benefício a mais foi nomeado pelo governo Bolsa Mais Professores, que será regido por edital, como ocorre no Mais Médicos. Santana explicou que, nos primeiros seis meses deste ano, ocorrerão os processos de adesão das redes de ensino e de seleção dos professores.
O ministro também informou que o governo vai fornecer, anualmente, 100 mil notebooks de uso pessoal para professores premiados — gasto já incluído no R$ 1,7 bilhão previsto.
O governo federal calcula que o Mais Professores vai beneficiar 2,3 milhões de professores e 47,3 milhões de estudantes. A iniciativa está dividida em cinco eixos — seleção para o ingresso na profissão; atratividade; alocação de professores; formação; e valorização.
Bolsa de incentivo
O novo programa vai oferecer R$ 1.050 por mês para alunos de licenciatura ao longo do curso superior. Do valor pago, R$ 700 poderão ser sacados imediatamente. Os R$ 350 restantes serão depositados como uma poupança e poderão ser retirados, em até cinco anos, após o ingresso em uma rede pública de ensino — ou seja, depois de formado e em atuação como professor.
O ingresso na rede não precisará ser por meio de concurso e, nos casos de seleção pública, valerá tanto contratos temporários quanto efetivos.
Como os cursos superiores de licenciatura costumam ter quatro anos de duração, os futuros professores poderão receber R$ 33.600 até terminar a graduação. Ao fim do período e após dar início à atuação, os profissionais vão poder sacar R$ 16.800.
Benefício a mais
Para aprimorar a distribuição de professores pelo país, a iniciativa também prevê uma bolsa extra para os profissionais alocados em regiões remotas. Serão pagos R$ 2.100, além do salário da rede de ensino ao qual o professor estará vinculado. Durante o período de pagamento da bolsa, o profissional vai cursar uma pós-graduação lato sensu (especialização) voltada à docência.
Formação continuada e parceria com bancos
Ainda no Mais Professores, o MEC criou um portal para centralizar as informações sobre cursos de formação inicial e continuada e pós-graduações. As iniciativas listadas são ofertadas tanto pelo ministério quanto por instituições parceiras.
Também fazem parte do novo projeto parcerias com bancos públicos para valorizar os profissionais da educação. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal vão oferecer cartão de crédito sem anuidade para os docentes.
O Ministério do Turismo vai disponibilizar descontos de até 10% em diárias de hotéis para professores. Os valores a menos vão valer também para grandes eventos ou feriados.
Prova unificada
Também será incluída no Mais Professores a realização anual de um concurso público para a docência, que poderá ser usado pelos estados e municípios. “Criada para melhorar a qualidade da formação, estimular a realização de concursos públicos e induzir o aumento de professores nas redes públicas de ensino, a Prova Nacional Docente (PND) será realizada anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Estados e municípios poderão utilizar a PND em seus processos de seleção de professores. Professores interessados se inscrevem diretamente no Inep”, informou o Palácio do Planalto.
O ministro da Educação explicou que a PND será mais uma porta de entrada para as redes de educação locais. “As redes terão autonomia, mas poderão utilizar a prova como uma das etapas de seleção para os professores. A ideia é qualificar e uniformizar a seleção de professores da rede pública de todo o Brasil”, afirmou. A expectativa é que a primeira PND ocorra em novembro.
Ideia em construção no governo
Em outubro do ano passado, Lula já tinha demonstrado a intenção do governo federal de criar o incentivo ao magistério. À época, Lula lamentou que a profissão de professor, embora tenha sido considerada “nobre” no passado, “está sendo destruída”, porque “ninguém quer ser mais professor”.
“Nós vamos ter que criar um programa de incentivo para alunos, que prestarem o Enem, para fazer curso para se transformarem em professores. Ganha muito pouco, tem muito trabalho, as pessoas não querem”, afirmou o presidente.