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Queiroga cobra de estados celeridade na vacinação infantil 

Ministro negou ter havido qualquer atraso ou desincentivo em relação ao início da campanha pediátrica 

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Queiroga diz que sucesso da campanha vacinal também depende dos estados e municípios
Queiroga diz que sucesso da campanha vacinal também depende dos estados e municípios Queiroga diz que sucesso da campanha vacinal também depende dos estados e municípios

Cobrado a dar esclarecimentos sobre o ritmo de adesão à campanha vacinal pediátrica contra a Covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a negar, nesta terça-feira (8), que houve qualquer atraso ou desincentivo por parte do governo federal no que se refere à imunização infantil. Ele ainda dividiu a responsabilidade de acelerar e reforçar a vacinação das crianças de 5 a 11 anos com os estados e municípios. 

"O ritmo heterogêneo da vacina mostra que é preciso haver um empenho dos estados e municípios. Não basta o Ministério da Saúde. Pelo contrário: o ministério tem trabalhado fortemente para levar vacinas para o povo brasileiro", declarou Queiroga, em conversa com jornalistas, na sede da pasta. 

Aproximadamente 10 milhões de doses já foram distribuídas aos estados e ao Distrito Federal, mas, oficialmente, menos de 4 milhões de crianças receberam a primeira aplicação. No balanço nacional, quase 20% do público-alvo dessa faixa etária iniciou o esquema vacinal contra a Covid. 

Mas, enquanto há entes federados que já imunizaram mais de 30% da população pediátrica — como é o caso de São Paulo (50,94%) e do DF (33,01%) —, há estados com menos de 3% da faixa etária vacinada — por exemplo, Amapá (1,08%), Rio Grande do Norte (2,24%) e Tocantins (2,46%). Os dados são do Vacinômetro do Painel Covid-19 – Estatísticas do Coronavírus, plataforma criada pelo analista de sistemas e matemático Giscard Stephanou com base em dados do Ministério da Saúde e das secretarias de Saúde dos estados e do DF.

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Queiroga argumentou, ainda, que é necessário considerar as especificidades da vacinação em crianças. "Às vezes você tem que convencer as crianças a se vacinarem. Ninguém vai pegar uma criança à força e aplicar a vacina com a criança berrando. Estamos trabalhando para que os pais possam exercer esse direito", disse. 

Ao ser questionado se as mensagens do governo federal — como a de ressaltar os efeitos adversos da vacina ou a de orientar os pais a procurarem médicos antes de levar os filhos aos postos de vacinação — estariam atrapalhando no andamento da campanha, com pais receosos em imunizar seus filhos, Queiroga se irritou. O ministro negou qualquer atraso e afirmou que todo o procedimento, incluindo a realização de consulta e audiência pública, foi validado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 

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"Essa questão de os pais terem receio é uma questão que tem que ser verificada com os pais. Estamos fazendo nossa parte: esclarecendo a população brasileira acerca de todas as implicações relativas a todas as faixas etárias, acompanhando eventos adversos. Veja o que está nos documentos do ministério", afirmou, completando que as vacinas disponíveis foram atestadas "pelas principais agências sanitárias do mundo quanto à sua segurança e eficácia. [...] É com trabalho que nós excluímos todas essas narrativas."

Por outro lado, sociedades médicas afirmam que o trâmite adotado pela pasta não só atrasou o início da imunização infantil, que começou mais de um mês após a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), como trouxe mais dúvidas aos pais, em vez de esclarecimentos.

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Diante desse cenário, Queiroga foi convocado pela CDH (Comissão de Direitos Humanos) do Senado para explicar os supostos atrasos e desincentivos, bem como o motivo para que a pasta tenha rejeitado as diretrizes ambulatoriais e hospitalares para tratar pacientes com Covid. 

Diretrizes

Aprovadas pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), mas rejeitadas pela SCTIE (Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde), as diretrizes para tratar pacientes com Covid são tema de discussão no Ministério da Saúde. Cabe a Queiroga a última palavra em relação a manter ou não a avaliação do secretário da SCTIE, Hélio Angotti, quanto a barrar as orientações da Conitec. 

Um recurso foi protocolado pelo grupo de trabalho responsável por elaborar as diretrizes e passa, primeiro, pelas mãos de Angotti. "Se o secretário não considerar o recurso, ele vai subir para o ministro, e aí eu vou analisá-lo, com todos os detalhes, aspectos técnicos, ponderações científicas que são colocadas, os aspectos da legalidade, e, a partir daí, nós vamos nos manifestar", afirmou Queiroga, completando que uma análise prévia pode levar à nulidade.

Esta é a primeira vez que, ao invés de acatar uma decisão da Conitec, o secretário ao qual a comissão está vinculada rejeita o parecer. "Essa é uma questão do secretário. Cabe a ele acatar ou não, e ele fez a motivação", esquivou-se Queiroga, não respondendo se a decisão de Angotti causa estranheza. Sobre uma suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro em pedir para barrar as diretrizes, o ministro disse: "Bolsonaro tem que governar a grande nação que é o Brasil. Essas questões do ministério cabem ao ministro da Saúde. É por isso que o presidente me colocou aqui".

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