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Redução da quarentena precisa ser acompanhada, diz Conass

Segundo o presidente do conselho, Carlos Lula, a medida foi ponto de divergência entre secretários, que podem pedir revisão 

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde
Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde

A redução do período de isolamento para pessoas com diagnóstico positivo para a Covid-19 é ponto de divergência entre os secretários de Saúde. Enquanto alguns gestores enfrentam desfalques nas equipes e, por isso, defendem a nova estratégia, outros temem um aumento no número de casos da doença com o retorno antecipado de pessoas ainda capazes de transmitir o vírus. Na avaliação do presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Lula, o impasse revela a necessidade de acompanhar a nova medida, passível de reversão. 

"Existe uma base técnica, não foi uma orientação tirada sem fundamento, mas é questionável, discutível. O ideal seria aguardar um pouco mais para avaliar essa questão, considerando que ela pode ser revertida. Em relação à pandemia, nós nunca podemos ter certeza de nada. Os próprios secretários pedirão revisão, em caso de necessidade", afirmou Carlos Lula, em entrevista concedida ao R7

Para a decisão, o Ministério da Saúde acompanhou a atualização do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos, que reduziu de dez para cinco dias o tempo recomendado de isolamento para assintomáticos, desde que prossigam com o uso de máscara e testem negativo para a doença. No caso dos sintomáticos, a recomendação é reduzir a quarentena de catorze para sete dias.

A discussão contou com participação tripartite e houve maioria na tomada de decisão, razão pela qual Carlos Lula, também secretário de Saúde do Maranhão, acredita que os estados deverão aderir à medida. "Não há unanimidade, mas como há a orientação do ministério, a tendência é seguir", pontuou.

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Política de testagem

Outro ponto em que não há consenso entre os gestores é a introdução do autoteste no Brasil. "O debate está enviesado, sem consenso. Eu, pessoalmente, sou a favor e acredito que há uma consternação exagerada ao achar que o brasileiro não saberá fazer o teste", opinou Carlos Lula. 

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O ministério avança no diálogo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que haja a liberação dos exames à população. O ministro Marcelo Queiroga informou, nesta quarta (12), que a nota técnica solicitando a autorização dos autotestes para Covid-19 no Brasil deve ser encaminhada à agência ainda nesta semana.

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Por sua vez, a Anvisa tem alertado sobre a necessidade de que o governo federal crie uma nova política pública a fim de viabilizar o conhecimento sobre a prática. A reguladora disse, em comunicado ao ministério, que os sistemas de saúde também devem estar preparados para acolher usuários que tenham realizado autotestes e que é preciso estabelecer os mecanismos para assegurar a notificação compulsória e permitir as ações estratégicas de controle da disseminação do vírus.

Para o presidente do Conass, a ponderação da Anvisa é pertinente. Ele sugere que uma saída é "abrir uma plataforma de maneira a possibilitar o contato das pessoas com as autoridades de saúde". De acordo com Carlos Lula, a autotestagem funcionará como um complemento para a política de testagem brasileira, que, segundo ele, sempre esteve defasada. 

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Em contrapartida, o ministro da Saúde tem pedido a colaboração dos entes federados na aquisição de mais testes, "aplicando-os corretamente e enviando tempestivamente os resultados ao Ministério da Saúde". Em janeiro, a pasta pretende distribuir aproximadamente 28,2 milhões de testes rápidos de antígeno para a detecção da Covid-19 e outros 13 milhões em fevereiro. Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, desde setembro foram distribuídos 31,6 milhões de testes. 

Carlos Lula criticou a postura de cobrança de Queiroga. "O ministro está enganado em relação ao que fizemos e deixamos de fazer. Os estados entregaram testes quando o ministério não o fez. O problema é que a pasta não adotou uma política de testagem e, em uma altura dessa do campeonato, querer jogar a culpa nos estados e municípios é difícil."

O secretário maranhense também fez críticas contundentes ao ministro pela falta de uma orientação explícita da vacinação, em especial das crianças. Ao invés de orientar pais e responsáveis a levar seus filhos às salas de vacinação, Queiroga incentiva a busca do aval de pediatras e profissionais de saúde, por mais que a prescrição médica não seja obrigatória nesse caso. 

É indispensável que tenhamos a palavra do ministro para dizer à população que deve se vacinar. É necessário e importante. Hoje%2C a maior parte das internações é de não vacinados

(Carlos Lula, presidente do Conass)

Imunização infantil

No caso da vacinação das crianças, o presidente do Conass afirmou que os estados já estão preparados para iniciar a campanha pediátrica, com algumas novidades em relação à imunização de adultos. Não haverá a possibilidade de aplicação por meio de drive-thru, conforme recomendação da Anvisa. "Junto da criança, tem um pai e uma mãe, além da questão do choro. São condições comuns da vacinação infantil e que tornam esse processo um pouco mais lento, mas nada que cause problemas", ponderou. 

Quanto às salas ou alas específicas para imunizar as crianças, o secretário afirmou que essa é uma recomendação acertada da Anvisa e que já ocorre na prática, justamente para evitar erros entre doses e frascos. "Não é mais uma barreira, é uma condição com que a ponta já sabe lidar."

A primeira remessa, com 1,248 milhão de doses, da vacina da Pfizer chegou ao país na madrugada desta quinta-feira (13). Depois que passar pela liberação do INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde), o montante será distribuído entre os estados e o Distrito Federal, considerando a proporcionalidade populacional

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