TCU aponta fraudes e má gestão em comandos passados do Conselho Federal de Fisioterapia
Auditoria revela superfaturamento, ocupação irregular de cargos e desvios de recursos
Brasília|Do R7, em Brasília

Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) expôs uma série de irregularidades em administrações passadas do Coffito (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional). O relatório, solicitado pelo Congresso Nacional, aponta falhas graves na compra de imóveis, manipulação de eleições e desvio de recursos públicos.
O R7 acompanha o caso desde 2023. No ano passado, Roberto Cepeda perdeu as eleições para a presidência do Coffito. Ele havia sido presidente, mas foi afastado do cargo em abril por decisão judicial. Sandroval Torres venceu as eleições. À época, a gestão dele era investigado pela Polícia Federal, TCU e CGU por manipulação de eleições e irregularidades em processos licitatórios, incluindo a compra da nova sede em Brasília.
O TCU identificou reeleições consecutivas sem limite, violando o princípio constitucional de alternância no poder. Durante 16 anos, um mesmo grupo controlou o conselho, concentrando cargos e decisões. O tribunal determinou ao Ministério do Trabalho a adoção de medidas para fiscalizar os conselhos profissionais em até três meses.
O caso foi relatado pelo ministro Aroldo Cedraz.
Além disso, foram identificadas falhas na compra e manutenção de imóveis do conselho em Brasília e São Paulo. Em 2015, o Coffito comprou um imóvel em Brasília por R$ 22 milhões para ser a nova sede, mas o local ainda está em reforma e desocupado, com despesas de obras, segurança e vigilância chegando a R$ 12 milhões. Há suspeitas de superfaturamento e fraude na licitação.
Em São Paulo, o prédio do conselho está sem condições de uso há uma década, mas os custos com reformas, segurança e vigilância entre 2020 e 2024 somaram R$ 1,2 milhão. O TCU ordenou que o Coffito, em até 90 dias, faça planos para desfazer a subsede e vender o imóvel em Brasília.
Nomeações irregulares
A auditoria também encontrou nomeações irregulares de comissionados e preenchimento de cargos técnicos sem concurso público, descumprindo a exigência legal de que 60% dos cargos em comissão sejam ocupados por funcionários de carreira.
O TCU recomendou que o Coffito corrija essa situação, evite novas nomeações irregulares e exonere quem não atende aos critérios legais.
Outro ponto destacado foi a falta de transparência na divulgação de informações sobre transferências aos Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefitos), contratações diretas de serviços jurídicos terceirizados e despesas com passagens aéreas e outros serviços.
O portal da transparência não disponibiliza link específico para consulta dessas informações, e o Relatório Contábil de 2022 apresenta dados genéricos sobre beneficiários, finalidades e montantes das transferências.
O TCU determinou que o Coffito, em até 180 dias, adote medidas administrativas para comprovar a regularidade das despesas com passagens aéreas.
A reportagem entrou em contato com o Coffito para manifestação do conselho.
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