Treinamento de técnicas de salvamento em casos de engasgo pode virar lei no DF
Deputados discutem proposta que prevê divulgação de métodos em bares e restaurantes; DF já registrou 535 ocorrências este ano
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
Um projeto de lei em análise pela CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal) prevê a divulgação de técnicas de salvamento em casos de engasgo ou asfixia por alimentos e bebidas em lojas comerciais, como bares e restaurantes. A medida determina que técnicas como a manobra de Heimlich sejam descritas e ilustradas em locais visíveis dentro dos comércios. Caso o projeto seja aprovado, o governo local terá de elaborar um programa educativo sobre as técnicas e disponibilizar as informações em todos os órgãos, sites e endereços eletrônicos do Poder Executivo.
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Além disso, a iniciativa estabelece que o Governo do DF ofereça cursos de capacitação aos funcionários e colaboradores dos comércios de alimentos, para garantir que os espaços estejam preparados para agir rapidamente em casos de emergência. A proposta é do presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz (MDB).
No Brasil, por ano, cerca de 3.000 pessoas morrem engasgadas. Apenas no DF, o Corpo de Bombeiros atuou em ao menos 535 casos de engasgo entre janeiro e agosto deste ano. Em 2023, foram registradas 853 ocorrências, o maior número desde 2020.
Para o tenente Pablo Ribeiro, do Grupamento de Atendimento Pré-Hospitalar do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, a proposta analisada pelos deputados é importante.
“A chance de a vítima de não evoluir para uma situação mais desfavorável, como a de uma parada cardiorrespiratória, está na pessoa com treinamento mais próxima. A divulgação da forma de atendimento correta com certeza pode influenciar significativamente na preservação de vidas. Pessoas com treinamento e conhecimento das técnicas de desobstrução não só podem, como devem aplicá-las”, defende.
O que fazer
Segundo Ribeiro, o primeiro passo em caso de engasgo é identificar a obstrução da via aérea. O bombeiro explica que as manobras de desobstrução de vias aéreas podem ser executadas de forma direta ou indireta. “Se a capacidade de emitir sons do paciente estiver preservada, devemos estimular a tosse e não se faz necessário, ainda, as manobras de estímulo direto. Caso o paciente não emita sons, deve-se dar início às técnicas de desobstrução de forma direta e ativa. Iniciando pelos golpes dorsais entre as pás das costas [escápulas]”, explica.
A partir desse ponto deve ser feita a Manobra de Heimlich. “Nela, o socorrista se posiciona atrás da vítima adulta e realiza compressão da região entre o umbigo e a porção óssea final do osso esterno. Devem ser realizadas cinco compressões nessa região, mantendo o revezamento entre os golpes dorsais e as compressões da manobra de Heimlich”, orienta Ribeiro.
O procedimento é repetido até a vítima conseguir expelir o corpo estranho ou até a chegada da equipe de socorro. O tenente recomenda que o Corpo de Bombeiros, pelo número 193, ou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), pelo número 192, sejam acionados para o atendimento da vítima.