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Veja a íntegra da decisão em que Toffoli diz que prisão de Lula foi 'erro' e 'ovo da serpente'

Os elementos anulados serviram de base para diversas acusações e processos na Operação Lava Jato

Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília

'Uma armação', diz Toffoli sobre prisão de Lula
'Uma armação', diz Toffoli sobre prisão de Lula

Em decisão que anulou todas as provas obtidas por meio do acordo de leniência da construtora Odebrecht, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um dos maiores erros judiciários da história do país e foi “uma armação”. Os elementos anulados serviram de base para diversas acusações e processos na Operação Lava Jato.

A decisão é monocrática, ou seja, individual, e atinge todos os processos que utilizaram provas obtidas nos sistemas da empresa, que foram consideradas contaminadas em outras investigações que tramitam na Corte.

Confira a decisão na íntegra.

Segundo Toffoli, agentes públicos atingiram pessoas naturais e jurídicas, independentemente de sua culpabilidade ou não. E “destruíram tecnologias nacionais, empresas, empregos e patrimônios públicos e privados”.


Para o ministro, centenas de acordos de leniência e de delações premiadas foram celebrados como meios ilegítimos de levar inocentes à prisão.

Leia mais: Toffoli diz que prisão de Lula foi 'armação' e 'um dos maiores erros judiciários' da história


Toffoli deu um prazo final de dez dias à 13ª Vara Federal de Curitiba e ao Ministério Público Federal do Paraná para que compartilhem com a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o "conteúdo integral de todos os documentos do acordo de leniência da Odebrecht, inclusive no que se refere a documentos recebidos do exterior, por vias oficiais ou não, além de vídeos e áudios relacionados às tratativas, desde as primeiras reuniões”, sob pena de cometimento do crime de desobediência.

Saiba mais: Dias Toffoli anula provas obtidas a partir do acordo de leniência da Odebrecht


Toffoli ainda mandou oficiar a Procuradoria-Geral da República, a Advocacia-Geral da União, a Receita Federal, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) para que identifiquem e informem quais são os agentes públicos que atuaram no acordo de leniência da Odebrecht sem o uso dos trâmites formais e determinou que os órgãos tomem as providências necessárias para apurar responsabilidades sobre o acordo.

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Esse material já foi declarado nulo pela Segunda Turma do STF. Em fevereiro de 2022, por maioria, o colegiado manteve decisão do ministro Ricardo Lewandowski, que declarou a impossibilidade de utilização de elementos obtidos por meio do acordo de leniência da Odebrecht como prova.

O ministro, que acabou assumindo uma série de pedidos semelhantes sobre a declaração de nulidade de provas do acordo de leniência firmado entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal a partir da aposentadoria de Ricardo Lewandowski, utilizou como fundamentação justamente argumentos apresentados pelo agora aposentado em outros casos parecidos.

Prisão de Lula

Lula foi preso no dia 7 de abril de 2018, na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná. O atual chefe do Executivo ficou detido em uma sala isolada no último andar do prédio. A prisão foi autorizada pelo então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba e atual senador, Sergio Moro.

A sala em que Lula permaneceu por 580 dias é chamada de "Sala de Estado Maior". Com cerca de 15 m², o espaço contava com janelas, uma cama, uma mesa com cadeiras e o acesso a um banheiro.

Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Em novembro de 2019, a 12ª Vara Federal de Curitiba determinou que o ex-presidente deixasse a prisão.

Em março de 2021, o ministro Edson Fachin, do STF, anulou as condenações de Lula no âmbito da Operação Lava Jato. Dessa forma, o petista voltou a ser elegível e pôde se candidatar novamente à Presidência da República e vencer a disputa no ano seguinte.

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