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Zambelli e ex-assessores de Jair Bolsonaro estão entre 61 pedidos de indiciamento da CPMI; veja lista

O hacker Walter Delgatti ficou fora da relação; relatório também mira figuras apontadas como integrantes do 'gabinete do ódio'

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Zambelli foi a única parlamentar citada em relatório
Zambelli foi a única parlamentar citada em relatório

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) é a única parlamentar incluída no rol de mais de 60 pedidos de indiciamento feitos no relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. A ela são atribuídos três crimes: associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. O hacker Walter Delgatti Neto, que trabalhou com Zambelli e expôs supostas tratativas e pedidos da deputada para questionar a segurança das urnas eletrônicas, não está na lista de indiciados.

relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que que Delgatti "foi instrumentalizado por indivíduos de alto relevo na administração pública federal para atentar contra o Estado democrático de Direito, especialmente por meio de questionamentos infundados do processo eleitoral". Para ela, são necessárias "investigações mais aprofundadas" sobre o hacker para responsabilizá-lo ou não no contexto dos atos extremistas.

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"A Deputada Federal Carla Zambelli manifesta-se no sentido de que as imputações propostas são absolutamente desprovidas de qualquer embasamento fático e jurídico, constituindo-se em verdadeiro documento inquisitorial, permeado da repugnante parcialidade de quem o elaborou e o subscreveu. Registre-se que, embora tenha se colocado à disposição para ser ouvida, e tenha inclusive tido os seus sigilos bancário e telemático quebrados (inclusive com vazamento de imagens da galeria de fotos), nenhuma prova foi apresentada em seu desfavor, o que comprova o absurdo das imputações", diz a defesa da parlamentar.

Lista de pedidos de indiciamento

Veja a relação completa dos 61 alvos dos pedidos de indiciamento do relatório da CMPI do 8/1:


1. Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;

2. General Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil;


3. General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;

4. General Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro;

5. General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro;

6. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do DF;

7. General Freire Gomes, ex-comandante do Exército;

8. Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;

9. General Carlos José Penteado, ex-secretário-executivo do GSI;

10. General Carlos Feitosa Rodrigues, ex-chefe da Secretaria de Coordenação e Segurança Presidencial do GSI;

11. General Ridauto Lúcio Fernandes, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde;

12. Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

13. Coronel Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

14. Sargento Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

15. Carla Zambelli (PL-SP), deputada federal;

16. Coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde;

17. Coronel Jean Lawand Júnior;

18. Felipe Martins, assessor especial para Assuntos Internacionais de Bolsonaro;

19. Major Ailton Gonçalves Moraes Barros;

20. Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça e ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF;

21. Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal;

22. Alexandre Carlos de Souza, policial rodoviário federal;

23. Marcelo de Ávila, policial rodoviário federal;

24. Coronel Wanderli Baptista da Silva Junior, ex-diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI;

25. Coronel André Luiz Furtado Garcia, ex-coordenador-geral de Segurança de Instalações do GSI;

26. Tenente-coronel Alex Marcos Barbosa Santos, ex-coordenador-adjunto da Coordenação-Geral de Segurança de Instalações do GSI;

27. Capitão José Eduardo Natale, ex-integrante da Coordenadoria de Segurança de Instalações do GSI;

28. Sargento Laércio da Costa Júnior, ex-encarregado de segurança de instalações do GSI;

29. Coronel Alexandre Santos de Amorim, ex-coordenador-geral de Análise de Risco do GSI

30. Tenente-coronel Jader Silva Santos, ex-subchefe da Coordenadoria de Análise de Risco do GSI;

31. Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante da PMDF;

32. Coronel Klepter Rosa Gonçalves, subcomandante da PMDF;

33. Coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF;

34. Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, comandante em exercício do Departamento de Operações da PMDF;

35. Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, comandante do 1º CPR da PMDF;

36. Major Flávio Silvestre de Alencar, comandante em exercício do 6º Batalhão da PMDF;

37. Major Rafael Pereira Martins, chefe de um dos destacamentos do BPChoque da PMDF;

38. George Washington de Oliveira Sousa, condenado por participar da tentativa de explosão de bomba próximo ao aeroporto de Brasília;

39. Alan Diego dos Santos, condenado por participar da tentativa de explosão de bomba próximo ao aeroporto de Brasília;

40. Wellington Macedo de Souza, condenado por participar da tentativa de explosão de bomba próximo ao aeroporto de Brasília;

41. Tércio Arnaud, ex-assessor de Bolsonaro, apontado como integrante do chamado "gabinete do ódio";

42. José Matheus Sales Gomes, ex-assessor de Bolsonaro, apontado como integrante do chamado "gabinete do ódio";

43. Fernando Nascimento Pessoa, assessor de Flávio Bolsonaro, apontado como integrante do chamado "gabinete do ódio";

44. Maurício Junot, empresário

45. Adauto Lúcio de Mesquita, financiador;

46. Joveci Xavier de Andrade, financiador;

47. Meyer Nigri, empresário;

48. Ricardo Pereira Cunha, financiador;

49. Mauriro Soares de Jesus, financiador;

50. Enric Juvenal da Costa Laureano, financiador;

51. Antônio Galvan, financiador;

52. Jeferson da Rocha, financiador;

53. Vitor Geraldo Gaiardo, financiador;

54. Humberto Falcão, financiador;

55. Luciano Jayme Guimarães, financiador;

56. José Alipio Fernandes da Silveira, financiador;

57. Valdir Edemar Fries, financiador;

58. Júlio Augusto Gomes Nunes, financiador;

59. Joel Ragagnin, influenciador;

60. Lucas Costar Beber, financiador;

61. Alan Juliani, financiador.

'Núcleo duro'

Já em relação a Zambelli, a relatora foi enfática ao destacar a atuação da deputada contra a democracia brasileira. Na avaliação de Eliziane, Zambelli fazia parte "do 'núcleo duro' bolsonarista, reconhecidamente golpista".

"É inegável que a deputada federal Carla Zambelli, abusando de suas prerrogativas parlamentares, difundiu informações falsas a respeito do processo eleitoral. Entretanto, seu fim maior não era o de simplesmente questionar as urnas eletrônicas, mas se utilizar da aparente dúvida maliciosamente incutida na população a respeito da lisura do pleito para que o plano golpista de Jair Messias Bolsonaro — do qual sempre fez parte — fosse colocado em prática", afirmou a relatora.

Além da parlamentar, uma lista de ex-assessores de Jair Bolsonaro (PL) e seu entorno está entre as sugestões de indiciamentos. Tércio Arnaud e José Matheus Sales Gomes, ex-assessores especiais de Bolsonaro, são apontados como integrantes do chamado "gabinete do ódio". Neste rol, também entraram como sugestão de indiciados Fernando Nascimento Pessoa, assessor de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e Filipe Martins, então assessor especial para Assuntos Internacionais de Bolsonaro. Segundo Eliziane, os quatro "se utilizaram das redes sociais para produzir e propagar informações falsas, bem como incitar o cometimento de crimes".

Figuras próximas ao ex-presidente e que atuavam na ajudância de ordens também estão na lista. São eles: o tenente-coronel Mauro Cid, o coronel Marcelo Costa Câmara e o sargento Luis Marcos dos Reis.

O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro está entre os pedidos de indiciamento por quatro crimes, incluindo golpe de Estado e associação criminosa. Segundo Eliziane, o ex-chefe do Executivo foi "autor — seja intelectual, seja moral — dos ataques perpetrados contra as instituições, que culminaram no dia 8 de janeiro de 2023".

O relatório final da CPMI possui 1.333 páginas e foi apresentado nesta terça-feira (17) aos parlamentares. A votação do documento deve ocorrer nesta quarta-feira (18).

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