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Aceleramos: R7 foi até a Islândia testar o novo Land Rover Discovery Sport, que será brasileiro em 2016

SUV inédito será produzido em Itatiaia (RJ), mas chega importado até abril por R$ 179,9 mil

Carros|Diogo de Oliveira, do R7, em Reikjavik (Islândia)*

Discovery Sport deve levantar as vendas da Land Rover no Brasil
Discovery Sport deve levantar as vendas da Land Rover no Brasil

Do avião, o primeiro pedaço de terra avistado pela janela era um misto de rocha vulcânica e neve. Ali, do alto, deu para sentir um pouquinho do que nos esperava lá embaixo. Fomos até o topo do mundo acelerar o Discovery Sport, novo SUV de luxo da Land Rover, que será produzido no Brasil em Itatiaia, no Rio de Janeiro, a partir de 2016.

Mas por que a Islândia? Bom, a marca britânica de jipões costuma escolher cenários desafiadores para lançar seus produtos. E o Discovery Sport merece tamanha afronta. Substituto do Freelander, é o novo utilitário de entrada da Land Rover, e dá início a uma família inédita de modelos, que atenderá pelo nome Discovery. Para os brasileiros, tem ainda o fardo de ser o escolhido para inaugurar a fábrica sul-fluminense.

A partir do primeiro semestre de 2016, o Discovery Sport começa a sair da linha de montagem de Itatiaia, com grande expectativa de vendas. Mas bem antes disso, até maio, chega importado para fazer frente aos alemães Audi Q3, BMW X3 e Mercedes-Benz GLK, com a vantagem de ser o único entre os luxuosos com sete assentos (configuração 5+2, com os bancos do fundo mais indicados à criançada).

A expectativa dentro da Jaguar Land Rover é tão grande, que a montadora fez questão de levar um grupo grande de jornalistas brasileiros para acelerar o Discovery Sport na Terra do Gelo. Embora tenhamos no Brasil os terrenos mais adversos (além de asfalto de péssima qualidade), sem dúvida o percurso na Islândia ofereceu situações ainda mais extremas — para pôr à prova toda a parafernália eletrônica do modelo.


Mais crossover que SUV

Quando falamos de um Land Rover, logo nos vem a imagem de um veículo 4X4 robusto e chique. Mas esqueça essa definição com o Discovery Sport. O mundo atualmente é dos crossovers, e a marca inglesa percebeu a tendência. Primeiro lançou o Range Rover Evoque, seu atual campeão de vendas no Brasil. E agora apresenta o novo Discovery, que é bem mais baixo e menos luxuoso que o modelo atual, de 4ª geração — à venda por aqui.


A primeira sensação a bordo é de se estar em um Land Rover diferente dos demais. Além do teto mais baixo, há um certo despojamento na cabine — leia-se, menos couro, partes emborrachadas e mimos. Na ponta do lápis, um pacote mais adequado à proposta de ser o modelo de acesso da marca. Ainda assim, vale dizer, o design moderno e os novos recursos — como a central multimídia In Control — entregam a esperada sofisticação ao ambiente.

Cabine entraga o requinte esperado, e o arremate impecável que é característico dos modelos da marca inglesa
Cabine entraga o requinte esperado, e o arremate impecável que é característico dos modelos da marca inglesa

Para mulheres com grana no bolso, uma boa notícia: o assento do motorista foi posicionado mais ao alto, na tentativa de manter a posição vertical característica dos SUVs. Pessoas de maior estatura podem sentir falta de um ajuste mais "afundado" no banco, da mesma forma que os baixinhos talvez sintam os pedais distantes. De qualquer maneira, a ergonomia é ótima. Há vários ajustes para o assento e para o volante, e o espaço interno é amplo.


Este, aliás, é um ponto-chave no Discovery Sport: o modelo chega para ser a escolha racional dentro da gama, com maior espaço interno que o Evoque a um preço mais acessível — a Land Rover garantiu que manterá os R$ 179.900 anunciados no Salão do Automóvel de São Paulo, no fim do ano passado. Quer dizer, o crossover familiar terá mais espaço, as conhecidas aptidões off-road dos demais, melhor preço e ainda será montado no Brasil.

Puro sangue inglês

Foram dois dias de testes na Islândia e quase 400 km percorridos a bordo do Discovery Sport, passando pelos mais diferentes terrenos — entre eles neve grossa, asfalto com crostas de gelo e até travessia de rio. Como esperado, o crossover superou todos os obstáculos com desenvoltura. Mas aqui vale abrir um breve parênteses e tirar o chapéu para os engenheiros envolvidos no projeto, já que o veículo faz quase tudo sozinho.

O consagrado sistema Terrain Response, marca registrada dos Land Rover, faz parecer fácil transpor obstáculos impossíveis aos carros de passeio. Num mero apertar de botão, configura-se a tração para enfrentar todo tipo de terreno (areia, neve, grama, cascalho, pedra, lama, barrancos, etc). Depois, basta manter a aceleração constante ou segurar firme o volante, seguindo o traçado da pista, e a eletrônica resolve todo o resto.

Design do Discovery Sport nasceu do Range Rover Evoque, mas tem linhas próprias e modernas. Deve agradar
Design do Discovery Sport nasceu do Range Rover Evoque, mas tem linhas próprias e modernas. Deve agradar

Claro, existem outros aspectos decisivos que tornam o Discovery Sport capacitado aos percursos mais hostis. Os ângulos de entrada (25°) e saída (31°), por exemplo, são dignos de um SUV "puro sangue". Isso garante, por exemplo, a preservação da carroceria. A suspensão independente nos dois eixos também entrega confiança, com braços múltiplos na traseira que garantiram grande equilíbrio em todas as etapas do trajeto.

A própria estrutura da carroceria do Discovery Sport é de alto nível — como se espera de um modelo global de nova geração. A plataforma emprestada do Evoque mistura aços de alta e baixa resistências, além de alumínio, que ajuda a reduzir o peso. E a lista de tecnologias é de fazer a concorrência se coçar: são vários dispositivos eletrônicos, de segurança e conforto, e há itens inéditos na categoria, como o air bag para pedestres.

Versões e estratégia para o Brasil

Durante a expedição na Islândia, aceleramos as versões a gasolina e a diesel, e ambas se mostraram suficientes. Começamos pelo motor 2.0 Si4 turbo a gasolina de 240 cv, que vem primeiro ao Brasil, depois experimentamos o 2.2 SD4 diesel turbo de 190 cv. As unidades traziam o fantástico câmbio automático de nove marchas da ZF, já disponível no Evoque. Com esta transmissão, o Discovery Sport certamente agradará a "gregos e troianos".

As trocas de marcha da caixa automática são extremamente ágeis, sendo quase impossível notar as mudanças. Ao mesmo tempo, o escalonamento se mostrou bem ajustado, com as duas primeiras relações bem mais curtas, para entregar maior robustez nas saídas e em situações fora-de-estrada (vale lembrar que o modelo não dispõe de caixa de reduzida). Neste primeiro contato, o câmbio superou expectativas.

O mesmo se pode dizer dos motores, ambos de concepção moderna, com blocos em alumínio e sistemas de injeção direta. No caso do 2.0 Si4, há ainda a variação de abertura das válvulas de admissão e escape, que ajuda a otimizar a queima de combustível nos cilindros, entregando mais potência e torque, e reduzindo o consumo. Este motor combinado ao câmbio de nove marchas compõe um conjunto mecânico de primeiríssima qualidade.

Com a baixa aderência das estradas islandesas, optamos pela cautela e não afundamos o acelerador durante o percurso. Ainda assim, é possível afirmar que a escolha dos motores foi acertada, uma vez que vivemos tempos em que a eficiência energética é cada vez mais imperativa. Basta ver os números oficiais: são 8,2 segundos para arrancar até os 100 km/h, velocidade máxima de 200 km/h e 12 km/l de consumo médio combinado (cidade/estrada).

Teve um grupo de jornalistas brasileiros que presenciou a Aurora Boreal no evento
Teve um grupo de jornalistas brasileiros que presenciou a Aurora Boreal no evento

Bastidores: cadê a Aurora?

Desde o embarque no Brasil, rolou uma expectativa entre os jornalistas brasileiros de ver, ao vivo, o fenômeno da Aurora Boreal. A Islândia fica no epicentro do evento e, ao longo do test drive, a expedição foi até estação geotérmica de Nesjavellir, a cerca de 50 km/h da capital. De lá, são enviados 100.000 litros de água quente por minuto até Reikjavik. E nada menos que 85% dos lares no país usam a energia geotérmica (obtida do fundo da Terra) para obter calefação.

Um dos trechos mais emocionantes do test drive foi justamente a chegada à estação, onde há um longo trecho de descida bastante íngreme e totalmente coberta de neve. Neste pedaço específico, foi necessário acionar o assistente de descida em rampas, que controla os freios sozinho para garantir a aderência mesmo sob condições extremas. O sistema controla a velocidade do carro e mantém todos os sistemas de segurança ativa "engatilhados".

Infelizmente, naquele dia frio e extremamente divertido, a Aurora Boreal não apareceu para a festa. Uma corrente de ar mudou o clima na região de Nesjavellir, cobrindo o céu com nuvens. No entanto, a virada no tempo — que é bastante comum nesta época do ano no país — trouxe chuva fina e rajadas de vento de até 120 km/h, tornando a segunda etapa do test drive ainda mais emocionante. Foi uma pena não ver a Aurora, mas valeu a aventura.

Apesar de não dispor de caixa de reduzida, como no rústico Defender, o Discovery Sport mostrou na Islândia que é capaz de encarar qualquer terreno. E com o conforto e a interatividade que se espera de um modelo de sua categoria. Resta agora saber como o público brasileiro vai reagir, e se a produção no Rio de Janeiro barateará as peças e a manutenção, para encorajar seus proprietários a viver dias intensos como os que vivemos na Terra do Gelo.

*O jornalista viajou a convite da Jaguar Land Rover

FICHA TÉCNICA

Land Rover Discovery Sport HSE Luxury 2.0 Si4

Motor: 2.0 16V, duplo comando variável, injeção direta, turbo, gasolina

Potência: 240 cv a 5.800 rpm

Torque: 34,7 kgfm a 1.750 rpm

Câmbio: Automático sequencial, nove marchas

Direção: Assistência elétrica progressiva

Suspensão: Independente McPherson na dianteira, independente por braços múltiplos na traseira

Freios: Discos ventilados na dianteira, discos sólidos na traseira

Peso: 1.841 kg

Dimensões: 4,59 m comprimento, 2,02 m de largura, 1,72 m de altura e 2,74 m de entre-eixos

Porta-Malas: 479 litros, 682 litros (segunda fileira recuada) e 1.698 litros (segunda fileira rebatida)

Reservatório de combustível: 70 litros

Principais itens de série**: Ar-condicionado automático de duas zonas, direção elétrica progressiva, ABS com EBD (distribuidor eletrônico) e BAS (assistente de emergência) nos freios, controles eletrônicos de estabilidade e de tração, assistente de saída em rampas, controle de descida em ladeiras, programa de tração Terrain Response, controle de cruzeiro adaptativo, central multimídia com leitor de DVD, tela touch, duas entradas USB e uma auxiliar, sistema de som premium da marca Meridian, chave presencial (Key-Less) com partida do motor no botão, alerta de ponto-cego nos espelhos retrovisores, teto solar panorâmico, terceira fileira de bancos

Preço: R$ 179.900

**A lista de equipamentos descrita acima pertence ao veículo testado na Islândia. A Land Rover ainda não detalhou o conteúdo das versões que serão comercializadas no Brasil. O lançamento nacional do novo Discovery Sport ocorrerá até maio deste ano, certamente em algum local de difícil acesso

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