Volkswagen reestiliza sedã Jetta e aposta no custo-benefício da nova versão de entrada, de R$ 75 mil
Modelo mexicano chega às lojas em março com design renovado e mesmos motores
Carros|Diogo de Oliveira, do R7


A vida da Volkswagen no concorrido segmento de sedãs médios anda difícil. Em 2014, o Jetta foi apenas o quinto mais vendido da categoria, atrás de Toyota Corolla, Honda Civic, Chevrolet Cruze e Nissan Sentra. Por isso, a montadora alemã acaba de relançar o sedã, apostando no sucesso da inédita versão Trendline, com preço incial de R$ 75 mil e foco na relação custo/benefício — leia-se, lista de equipamentos mais recheada.
O modelo chega às lojas no início de março já equipado com direção hidráulica, ar-condicionado com saída para o banco traseiro, porta-luvas refrigerado, rodas de liga-leve aro 16 com pneus 205/55, sensores de obstáculos dianteiros e traseiros, alarme, som com Bluetooth, USB e rádio/CD, freios ABS com EBD, controle eletrônico de tração (ASR) e quatro air bags — duplos frontais e laterais.
Os motores são os mesmos de antes: o velho 2.0 8V flex de até 120 cv (etanol) e o poderoso 2.0 16V TSI turbo a gasolina de 211 cv. Mas a Volkswagen fez o dever de casa e descartou o câmbio manual, pouco requisitado no segmento. Com isso, o novo Jetta passa a sair apenas com transmissões automáticas de seis marchas. O 2.0 flex usa a caixa sequencial Tiptronic, enquanto o 2.0 turbo traz a automatizada DSG de dupla embreagem.

Jeitão de Passat
O destaque do novo Jetta, porém, é o design atualizado, com clara inspiração no irmão maior Passat. As mudanças foram sutis, como de costume na VW, mas suficientes para deixar o sedã com aparência mais sofisticada. Na frente, o para-choques ganhou uma enorme tomada de ar e os faróis agora se integram à grade preenchida com três barras cromadas. Atrás, as lanternas ganharam nova disposição de luzes e a tampa pronunciada simula um aerofólio.
Na cabine, houve preocupação em tornar o ambiente mais chique. Novamente, o estilo é o mesmo de antes, mas o acabamento recebeu materiais de bom gosto. A versão intermediária Comfortline (ainda sem preço divulgado) passa a ter o volante de três raios já disponível nos novos Fox e Golf, com paddle-shifts para trocas de marcha manuais. Há ainda a central multimídia que inclui uma tela touch de 6,5 polegadas no painel.


O que muda em relação ao velho Jetta?
Ao volante, o novo Jetta mudou quase nada em relação ao sedã lançado em março de 2011. Durante o lançamento, aceleramos apenas a versão topo de linha Highline, cujo conjunto motor/câmbio seguirá sendo referência em esportividade. Com 211 cv de potência e um torque parrudo de 28,6 kgfm liberados logo aos 2.000 giros, o modelo arranca com grande vigor, produzindo acelerações intensas, a ponto de empurrar o corpo contra o banco.
A principal novidade na versão Highline é a direção, que passa a ter assistência elétrica, com respostas ainda mais instantâneas aos movimentos do volante. Quem acelerou o modelo antigo, com direção hidráulica, pode sentir o volante meio leve, mas é coisa de momento. Na prática, o sedã se mostrou ainda mais ágil e preciso nas manobras em alta velocidade, e bem mais dócil nas manobras de estacionamento.
Versão nacional só no meio do ano
Com a intensa movimentação das fabricantes rivais nos últimos meses, esperava-se que a Volkswagen fosse relançar o Jetta já produzido na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) — conforme anunciado no Salão de São Paulo, no fim de 2014. No entanto, a montadora informou que o sedã só se tornará nacional no fim do primeiro semestre, e que a montagem no ABC paulista servirá apenas para complementar o volume atualmente importado do México.
Trocando em miúdos, a Volkswagen vai produzir o novo Jetta no Brasil para ganhar volume e tentar se aproximar dos sedãs rivais. Será uma forma de driblar o limite de cotas para veículos trazidos do México. A estratégia pode funcionar, mas vai depender muito do mercado brasileiro, que anda em crise. Pelo menos, a marca alemã ainda tem uma carta na manga: o motor 1.4 turbo (140 cv) do novo Golf, que chegará flex ao Jetta ainda este ano.