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BC lança no fim de setembro Pix parcelado em meio a investigação dos EUA e tarifaço

Especialistas avaliam se nova tecnologia brasileira pode resultar em mais embates com Donald Trump

Economia|Edis Henrique Peres, do R7, em BrasíliaOpens in new window

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • O Banco Central vai lançar o Pix parcelado no final de setembro para padronizar a modalidade e estimular o uso consciente do crédito.
  • A nova tecnologia enfrenta investigações nos EUA, onde Donald Trump acusa o Brasil de práticas comerciais desleais que afetam empresas americanas.
  • Especialistas afirmam que o Pix é um sucesso no Brasil, podendo democratizar o acesso ao crédito, embora haja riscos de endividamento.
  • O presidente Lula criticou as acusações de Trump, defendendo que o Pix é um patrimônio nacional e uma inovação em infraestrutura digital.

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Pix Automático permite agendamento de contas regulares Bruno Peres/Agência Brasil - 16.01.2025

O Banco Central vai divulgar no final de setembro as regras de funcionamento do Pix parcelado. A medida, segundo a instituição, será adotada para “padronizar a modalidade e uniformizar a experiência do usuário, facilitar o acesso, garantir a transparência e estimular o uso consciente desse crédito”.

A tecnologia brasileira, contudo, é motivo de embate com os Estados Unidos. O presidente Donald Trump apresentou no começo de julho um documento em que acusa o Brasil de práticas comerciais desleais, determinando a abertura de uma investigação — conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos — sobre o Pix.


O documento afirma que há vantagens indevidas concedidas pelo governo brasileiro a serviços próprios de pagamento eletrônico, o que prejudicaria a competitividade de empresas americanas do setor. Embora o Pix não seja citado nominalmente, a referência clara a sistemas criados por órgãos públicos inclui o método instantâneo, hoje onipresente nas transações no país.

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Professor de relações internacionais e cientista político, Maurício Santoro, afirma que o Pix é uma história de sucesso e se tornou o principal meio de pagamento no país.


“Essa expansão prejudicou os interesses das grandes operadoras americanas de cartões de crédito, que perderam mercado por aqui, e provavelmente essas perdas se aprofundarão com a introdução do Pix parcelado”, analisa.

Apesar disso, para ele, a tecnologia de transferência em tempo real não será motivo para novas sanções. “Eu classificaria o Pix como um tema secundário no amplo espectro de contenciosos atuais entre Brasil e EUA. Os assuntos de maior peso são o processo contra [Jair] Bolsonaro [ex-presidente do Brasil], a regulação das redes sociais e as atividades do Brics, em particular a possibilidade de iniciativas para substituir o dólar no comércio global”, acredita.


Leia: Brasil diz que Pix não prejudica empresas americanas e é exemplo de inclusão financeira

Na mesma linha, André Braz, economista da FGV Ibre, observa que o mundo não vai fugir da modernização do mercado financeiro. “Esses produtos financeiros vão andar junto com a tecnologia. À medida que a tecnologia permitir, eles vão evoluir. E o Pix marca um desses saltos. Com ou sem Trump, o Pix veio para ficar. Duvido muito que essa plataforma suma”, declara.


Para o economista, a sofisticação do serviço financeiro faz parte do desenvolvimento e deve ficar cada vez mais dinâmica. Ele lista, por exemplo, as vantagens do Pix parcelado, que vai permitir crédito mais acessível, principalmente para quem não tem cartão ou limite disponível.

“Isso pode democratizar muito o acesso ao crédito. [O Pix parcelado] tem uma liberação imediata. As pessoas que compram parcelado podem se valer dessa modalidade no comércio, mas o vendedor recebe todo o valor à vista, o que torna o negócio bem atraente para vendedores. O comércio vai ter uma boa aceitação”, prevê.

Prós e contras do Pix parcelado

Braz reforça que o Pix parcelado propiciará menos dependência das pessoas às operadoras de cartão. “É o caso que pisa no pé do Trump, pois elimina essas taxas de maquininha e ainda estabelece uma competição saudável com os cartões de crédito, que vão ter que evoluir. O Pix parcelado estimula as operadoras a melhorar suas condições de serviço. É assim que funciona o capitalismo”, frisa.

Apesar dos muitos benefícios, o economista alerta para os cuidados ao usar a ferramenta. “Como desvantagem, há o risco de endividamento. Parcelar com Pix é o equivalente a tomar um empréstimo, ou seja, está sujeito a juros. A recomendação que eu faço é usar só em casos extremos, como deve ser até mesmo o uso do cartão parcelado. [As compras parceladas] geralmente são o início de uma bola de neve: você parcela uma coisa atrás da outra, compromete sua renda a longo prazo e isso acaba ajudando a família a se enrolar”, pondera.

‘Patrimônio nacional’

Em declarações no começo do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o tarifaço de Trump e as declarações contra o Pix, além de afirmar que a postura só é adotada porque os americanos estão preocupados com as empresas de cartão de crédito.

“As alegações sobre o Pix, a regulamentação das plataformas digitais e o desmatamento são descabidas. O Pix é um patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital. Gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o Pix nos Estados Unidos”, afirmou Lula.

O presidente sugeriu que alguém da sua equipe levasse o Pix a Trump, para ele “pagar uma conta e ver como é uma coisa moderna”.

“E qual é a preocupação deles? Porque, se o Pix tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer. É isso que está por trás dessa loucura contra o Brasil”, declarou, referindo-se ao tarifaço.

Perguntas e respostas

Quais são as novas regras do Pix parcelado que o Banco Central vai divulgar?

O Banco Central vai divulgar no final de setembro as regras de funcionamento do Pix parcelado. A medida visa padronizar a modalidade, uniformizar a experiência do usuário, facilitar o acesso, garantir a transparência e estimular o uso consciente do crédito.

Por que o Pix parcelado está gerando embates com os Estados Unidos?

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou o Brasil de práticas comerciais desleais e abriu uma investigação sobre o Pix, conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos. O documento aponta que o governo brasileiro concede vantagens indevidas a serviços próprios de pagamento eletrônico, prejudicando a competitividade de empresas americanas.

Qual é a opinião de especialistas sobre o impacto do Pix no mercado financeiro?

O professor Maurício Santoro considera o Pix um sucesso e o principal meio de pagamento no Brasil, afirmando que sua expansão prejudicou as grandes operadoras americanas de cartões de crédito. No entanto, ele acredita que a tecnologia não será motivo para novas sanções, considerando-a um tema secundário nas relações Brasil-EUA.

O que diz o economista André Braz sobre a modernização do mercado financeiro?

André Braz afirma que a modernização do mercado financeiro é inevitável e que o Pix representa um avanço. Ele destaca que o Pix parcelado pode democratizar o acesso ao crédito, permitindo que pessoas sem cartão ou limite disponível possam utilizá-lo. Além disso, o vendedor recebe o valor à vista, tornando a transação atraente.

Quais são os benefícios e riscos do uso do Pix parcelado?

Os benefícios do Pix parcelado incluem a redução da dependência de operadores de cartão e a eliminação de taxas de maquininha. No entanto, o economista alerta para o risco de endividamento, pois parcelar com Pix é semelhante a tomar um empréstimo, sujeito a juros. Ele recomenda o uso cauteloso da ferramenta.

Como o presidente Lula se posicionou em relação às críticas de Trump sobre o Pix?

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as tarifas de Trump e as alegações contra o Pix, afirmando que são descabidas e motivadas pelo interesse das empresas de cartão de crédito. Lula defendeu o Pix como um patrimônio nacional e sugeriu que Trump experimentasse a tecnologia para entender sua modernidade.

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