Coleta de informações do Censo está mais lenta que o esperado
Em 93 dias, o IBGE contou apenas 66% da população; o trabalho de campo vai se estender até meados de dezembro
Economia|Do R7
Após 93 dias de trabalho de campo, o Censo 2022 contou 66% da população estimada, informou nesta terça-feira (1º) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A cobertura da coleta de informações realizada até agora é considerada bem abaixo do esperado, segundo o diretor de Pesquisas do instituto, Cimar Azeredo. Com a lentidão, o trabalho vai se estender até meados de dezembro.
Azeredo não especificou uma data para que a captação de dados termine. Isso já havia ocorrido no início do mês passado, quando o IBGE anunciou que a conclusão da coleta de informações do Censo 2022 seria adiada para o início de dezembro. No planejamento, essa etapa tinha previsão de ser encerrada até o fim de outubro.
Apesar do novo adiamento, o diretor do IBGE afirmou que os primeiros resultados do recenseamento populacional serão divulgados em 28 de dezembro, meta que foi definida com o TCU (Tribunal de Contas da União). Segundo Azeredo, assim como faz tradicionalmente, o instituto vai apresentar ao órgão de controle apenas os dados preliminares do total populacional desagregado, referente a cada município do país. Essa informação é essencial para que seja atualizada a divisão dos valores do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), usado pelo Governo Federal para distribuir recursos às prefeituras.
Motivos do atraso
Azeredo informou que o principal motivo para o atraso no ritmo de coleta de informações é a falta de recenseadores — um problema que o IBGE relata desde o início do processo. Para visitar os domicílios do país, o órgão abriu 183 mil vagas de recenseador. No fim de outubro, havia 105,8 mil contratados, mas apenas 90,5 mil estavam efetivamente trabalhando.
"Viemos de dois concursos cancelados. Isso [a dificuldade de contratação] está muito relacionado ao fato de termos taxa de desocupação mais baixa em alguns estados", expllicou.
O diretor do IBGE disse que o mercado de trabalho aquecido em determinadas localidades, principalmente nas áreas de influência do agronegócio, atrai poucos interessados em atuar como recenseador. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo estão entre os estados com a coleta mais atrasada.
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Para solucionar o problema, o instituto tem buscado melhorar o sistema de contratação, por meio de concursos simplificados, que estão abertos no momento. O IBGE também vai aumentar a remuneração, contou Azeredo.
Entretanto, no início do trabalho de campo, recenseadores relataram atrasos nos pagamentos. O diretor de Pesquisas do instituto reconheceu que houve um "problema de sistema no pagamento" no início do período de coleta, mas disse que, no momento, os atrasos estão regularizados.
Houve, ainda, desde o início do trabalho de campo, relatos de hostilidade da população contra os recenseadores e a recusa de parte das pessoas em responder ao questionário. Para Azeredo, o efeito desses problemas é menos importante.
O diretor do IBGE também afirmou que, se for necessário, o órgão pedirá ao Ministério da Economia um aumento do orçamento do Censo 2022. Por enquanto, isso ainda não é necessário, mas depende das próximas contratações de recenseadores.
Para o bom andamento dos trabalhos, Azeredo pediu a colaboração dos prefeitos de todo o país: "Apelo a prefeitos que se tornem influenciadores censitários", finalizou.