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Relatório sobre crise da Americanas indica fraude da diretoria anterior

O resultado foi apresentado na segunda-feira (12) por assessores jurídicos, após a análise de demonstrações financeiras da empresa

Economia|Do R7, com agências

Análise de documentos indica que houve fraude
Análise de documentos indica que houve fraude

A Americanas, que está em recuperação judicial desde 19 de janeiro, divulgou nesta terça-feira (13) a descoberta de indícios de fraude na contabilidade da empresa. Essa é uma das conclusões do relatório de assessores jurídicos apresentado na reunião do conselho de administração, nesta segunda (12). Os achados foram comunicados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em fato relevante. 

"Os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas", afirma a empresa no comunicado.

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O relatório foi feito a partir da análise de documentos entregues pelo comitê de investigação independente e por papéis complementares identificados pela administração e seus assessores.

Segundo a empresa, esses documentos demonstram, ainda, os esforços da diretoria anterior da Americanas para ocultar, do conselho de administração e do mercado, a real situação financeira da companhia, tanto de resultados quanto patrimonial.


O efeito dos ajustes motivados pelas fraudes nos negócios da empresa ao longo do tempo ainda está sendo apurado, "mas a expectativa da administração é de que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo", declara a gestão da Americanas.

As informações do relatório, associadas aos trabalhos de revisão das demonstrações financeiras históricas, que já vinham sendo feitas pela companhia e por seus assessores financeiros e contábeis, ajudam a entender melhor como a fraude era praticada.


Contratos de publicidade e financiamentos

Segundo o relatório, a fraude ocorria, principalmente, em operações como contratos de VPC (verba de propaganda cooperada e instrumentos similares), incentivos comerciais que costumam ser utilizados no setor de varejo. No caso em questão, eles "teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores", diz a Americanas.

"Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 17,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. A diferença de R$ 4 bilhões teve como contrapartidas lançamentos contábeis em outras contas do ativo da companhia, totalizando R$ 21,7 bilhões."

Veja também: Entenda a crise na Americanas; veja perguntas e respostas

Além das operações de VPC, a diretoria anterior encontrou outro meio de gerar o caixa necessário para dar continuidade às operações da Americanas: contratou uma série de financiamentos, nos quais a empresa era devedora perante instituições financeiras, sem as devidas aprovações societárias, todas inadequadamente contabilizadas no balanço patrimonial da companhia de 30 de setembro de 2022, nas contas dos fornecedores.

Em números preliminares e não auditados, as operações de financiamento de compras e de capital de giro somam R$ 20,6 bilhões.

"A indevida contabilização dessas operações de financiamento nos demonstrativos financeiros da Americanas não permitiu a correta determinação do grau de endividamento da companhia ao longo do tempo", ressalta a empresa.

Executivos envolvidos

O relatório apresentado indica a participação na fraude do ex-presidente-executivo Miguel Gutierrez, que se desligou da empresa em dezembro de 2022, bem como dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.

"José Timótheo de Barros foi afastado de suas funções executivas na companhia em 3 de fevereiro de 2023 e comunicou sua renúncia em 1º de maio de 2023. Os desligamentos de Anna Christina Ramos Saicali, Márcio Cruz Meirelles, Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes, também afastados de suas funções executivas na companhia desde o dia 3 de fevereiro de 2023, assim como dos demais colaboradores identificados até o momento, já foram determinados pela administração da companhia", afirma a Americanas.

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Não foi possível obter um posicionamento de Gutierrez de imediato.

O conselho de administração orientou a companhia e os assessores que elaboraram o relatório a apresentá-lo a todas as autoridades competentes e avaliar as medidas que podem ser tomadas, visando ao ressarcimento dos danos causados pela fraude em suas demonstrações financeiras.

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