Em encontro com médicos, Alckmin e Serra dizem que PT reduziu dinheiro para a saúde
Queda de repasses sobrecarregou Estados e municípios, de acordo com candidatos
São Paulo|Fernando Mellis, do R7

A saúde é hoje a maior preocupação dos brasileiros e foi tema de um encontro promovido pela AMB (Associação Médica Brasileira), nesta sexta-feira (12), em São Paulo. Entre os convidados, estavam o governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), e o candidato ao Senado pelo PSDB paulista, José Serra. Os dois fizeram uma análise da saúde pública no Estado e no Brasil e criticaram a redução de verbas federais na área, nesses 12 anos de gestão do PT.
Para Alckmin, a falta de dinheiro para a saúde pode se agravar, caso não haja planejamento do próximo presidente.
— Eu diria que a questão central hoje é a questão do financiamento. E pode piorar. Porque como a questão fiscal brasileira é muito ruim, quem assumir o governo vai entrar de tesoura. Então, tem que ser uma luta redobrada no sentido de garantir o financiamento.
José Serra, que foi ministro da Saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso, culpou a diminuição das verbas aos problemas enfrentados hoje por Estados e municípios.
— O governo federal, em 2002, tinha [participação em] 53% das despesas da saúde, passou para 44%. Em dinheiro, R$ 28 bilhões. Isso está por trás de grande parte da crise do sistema.
O governador explicou que os avanços na medicina aumentaram os custos, dos exames, procedimentos e tratamentos. Segundo ele, a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde), precisa ser corrigida, para equilibrar o orçamento dos Estados e municípios e os repasses.
José Serra prometeu que, caso eleito, vai levar ao Senado uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que já tem pronta para ser votada. Caso seja aprovada, ela vai permitir que, progressivamente, a União aumente o percentual de participação na saúde, novamente, para 53%.
— Tem que fazer em cinco anos, não dá para se fazer de um ano para o outro. No Brasil, o novo governo, que tem que praticar austeridade, não precisa aumentar despesa em nenhum setor, exceto a saúde. Na saúde vai ser necessário.
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Anvisa e Funasa
Serra destacou ações da gestão dele no Ministério da Saúde e atacou a administração petista. O ex-governador de São Paulo afirmou que desde 2003 a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), montada no governo FHC, foi “loteada”.
— Criamos uma instituição realmente profissionalizada. A Anvisa foi completamente degradada. Hoje, nem médico tem na diretoria da Anvisa, tem um farmacêutico, peixinho de um deputado do PT, dois economistas e dois advogados. É um absurdo. Como é que uma entidade de vigilância sanitária não tem médico, que é quem entende de doença?
Ainda segundo o tucano, “a Funasa [Fundação Nacional de Saúde] foi destruída” durante o governo do PT.
— Nós profissionalizamos a Funasa. Quando eu cheguei lá [no Ministério da Saúde], era toda loteada, nós passamos a abrir sindicância em cada Estado. Nomeamos alguém com capacidade técnica. Fizemos um processo de certificação, um decreto do presidente, currículo para ocupar cargo na Funasa. Março, abril de 2003, esse decreto foi revogado e a Funasa voltou ao esquema da pior espécie. Escândalos atrás de escândalos. Uma coisa cruel.
O R7 entrou em contato com a Anvisa e com a Funasa e aguarda posicionamento sobre as declarações de Serra.