Principal desafio de São Paulo é a segurança pública, diz candidato a vice de Alckmin
Márcio França sugeriu ao governador projeto para tentar reduzir criminalidade
São Paulo|Fernando Mellis, do R7

Durante boa parte desses 20 anos em que o PSDB esteve à frente do governo de São Paulo, Márcio França (PSB) foi oposição. Mas o cenário mudou após 2010, quando foi eleito pela segunda vez deputado federal.
Um movimento no partido fez com que ele se aproximasse do governador Geraldo Alckmin, tornando-se secretário estadual de Turismo, em 2011, e candidato a vice na chapa do tucano na reeleição.
Com grande chance de a chapa encabeçada pelos tucanos vencer, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, França conversou com o R7 sobre temas que fazem parte da vida dos paulistas.
Para ele, que também é presidente do PSB em SP, o principal desafio do Estado é a segurança pública. França diz que apresentou ao governador um projeto que poderá acabar com a sensação de insegurança nas ruas. A iniciativa foi colocada em prática por ele quando foi prefeito de São Vicente e premiada no Brasil. O candidato ainda falou de outros assuntos, como saúde e educação. Veja a seguir os principais trechos da entrevista.
R7: Na sua opinião, qual problema de São Paulo precisa ser solucionado rapidamente?
Márcio França: Um Estado como o nosso, tem muito desafio. Eu acho que São Paulo, o principal desafio é a questão da segurança. Tudo o que é grande também tem grandes problemas. [...] O problema da São Paulo é a sensação de medo.
Número de roubos cresce pelo 15º mês seguido em SP
R7: O que o PSB vai trazer de novo para tentar diminuir a violência?
França: Quando a gente fez a opção de ficar com ele [Alckmin], a gente envolveu uma série de programas, que nas nossas prefeituras tinham dado certo. Em especial um, que chama-se alistamento civil. A gente fez em São Vicente e reduziu drasticamente a criminalidade. Ele prevê a possibilidade de você convocar, previsto na Constituição, jovens de 18 anos que são dispensados do Exército para ficar com o governo.
R7: Como deverá funcionar na prática esse programa?
França: Jovens em estado de vulnerabilidade são triados no juramento à bandeira. Quem aceitar pode ser orientador. Eles recebem treinamento em primeiros socorros, orientação turística, todas as coisas ligadas à cidadania. Depois, vão para as ruas, andam em três ou quatro, juntos, uniformizados, com rádios comunicadores. Eles são remunerados, obrigados a fazer um curso técnico. Tudo é acompanhado por um policial militar, que responde pode um grupo de 30 jovens.
R7: Isso deverá contribuir pra a redução dos índices criminais, principalmente de roubos?
França: Sim, porque você tira o jovem do lado de lá [da vulnerabilidade] e a presença física deles, nas portas de escola, nas ruas, passa uma sensação de segurança e inibe a criminalidade, apesar de eles não terem função de segurança. O governador já aceitou a sugestão, só que o programa ainda não tem nome no Estado.
R7: Na área da saúde, o que o senhor acha que pode ser feito para aliviar as filas em hospitais e postos de saúde?
França: A implantação dos AMEs [Ambulatórios Médicos de Especialidades] Mais, que é esse AME com a possibilidade de fazer pequenas cirurgias, já é uma solução apropriada.
R7: O que o PSB levou sobre educação ao programa de governo de Alckmin?
França: Propusemos algo que ele já está fazendo, que é a implantação do regime de tempo integral. O objetivo é chegar a 1.000 escolas nesse esquema. Também sugerimos criar uma Fatec [Faculdade de Tecnologia] ‘plus’ nas regiões carentes do Estado. Essas Fatecs serão voltadas à economia criativa e acopladas a centros de convenções, para dar lastro às atividades. Um exemplo: Fatec ‘plus’ cultura, com arte, desenho, dança, música, canto. [...] A primeira tarefa do Estado de São Paulo e do Brasil inteiro era dar ensino para todo mundo. A segunda é garantir qualidade. A qualidade está no ensino integral.
R7: O modelo de aprovação automática dos alunos é criticado pelos adversários do governador. Qual a sua opinião sobre esse tema?
França: A palavra aprovação automática criou um estigma que é de gente desinformada. O que existe é que o estudo deixou de ser por ano e passou a ser por ciclo, geralmente de três em três [anos]. Existe a reprovação, só que ela é feita pelo sistema de ciclo. Se a pessoa não atingir determinado número, você tem um tempo de compensar essa deficiência da criança. Agora, se no ciclo ela for reprovada, ela fica no terceiro ano.