‘Está perigoso aqui’, diz homem que faz vigilância para evitar saques e roubos em casas no RS
Segundo o governo do RS, ao menos 60 pessoas já foram presas por crimes como assaltos e saques
Enchentes no Rio Grande do Sul|Bruna Lima, enviada especial do R7 a São Leopoldo, e Giovana Cardoso, do R7, em Brasília
Em meio a onda de saques em regiões afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, moradores fazem revezamento para vigiar as casas durante a noite. Este é o caso de Jeferson Kich, um caminhoneiro, que junto de outros vizinhos tenta fazer a segurança de uma região em São Leopoldo. “Está perigoso aqui, bem perigoso, mas não tem muito o que fazer”, relatou Kich ao mencionar sobre a comunicação com outros vizinhos por aplicativos de mensagem para vigilância do local. Segundo um balanço da Secretaria da Segurança Pública do Estado, ao menos 60 pessoas já foram presas por crimes como assaltos e saques.
Veja mais
Jeferson conta que a situação do volume da água nunca foi vista antes. “Jamais pensei viver isso aqui. Víamos isso aqui sempre com um movimento de carro e agora com movimento de barco, é inexplicável. É triste demais”, comenta. O caminhoneiro ainda falou sobre as dificuldades que a população enfrentará quando o volume da água diminuir. “Daqui para frente vai começar os dias difíceis, quando baixar a água mesmo, aí a gente vai entender o problema mesmo. Perdemos tudo dentro de casa, não tem muito o que fazer, se unir, limpar e tentar começar de novo”, disse.
Há duas semanas, o Rio Grande do Sul enfrenta fortes chuvas e alagamentos em mais de 440 municípios. De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil no início da tarde desta segunda-feira (13), 147 mortes foram confirmadas, 127 pessoas estão desaparecidas, 538.241 desalojados e supera 2 milhões o número da população afetada.
A catástrofe também afetou o abastecimento de veículos e serviço de comunicação, energia e água. Segundo a Defesa Civil e o Ministério de Minas e Energia, 269 mil casas estão sem eletricidade, 131.057 pessoas seguem sem o abastecimento de água e 12 municípios foram prejudicados pela falta de serviços de telefonia.
Em relação à infraestrutura, o governo gaúcho informou que são 105 trechos em 59 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes. A Secretaria de Logística e Transportes do RS disponibilizou rotas alternativas para determinadas cidades, e o mapa pode ser acessado pelo site do governo local.
PIB e tragédia no RS
O PIB (Produto Interno Bruto) nacional pode cair de 0,2 a 0,5 ponto percentual por causa da tragédia no Rio Grande do Sul, segundo economistas ouvidos pelo R7. Investimentos do governo, que devem chegar a R$ 50 bilhões, devem ajudar amenizar a queda, de acordo com os especialistas. O estado representa cerca de 6,5% da economia do país e sofre com enchentes desde o fim de abril. Até o último boletim da Defesa Civil, divulgado neste sábado (11), 136 pessoas haviam morrido e 141 estavam desaparecidas devido às chuvas no estado.
Segundo José Luiz Pagnussat, mestre em economia pela UnB (Universidade de Brasília), ainda é cedo para calcular o tamanho do impacto, mas a estimativa é que o rombo possa chegar a até 0,5 ponto percentual do PIB (leia mais aqui).