Aeroporto mais ao norte do mundo enfrenta derretimento da pista e desafios ambientais
Solo de pista de pouso em Svalbard começou a descongelar causando instabilidade
Internacional|Do R7

O aeroporto de Svalbard, localizado no arquipélago norueguês de mesmo nome, é o que fica localizado mais ao norte do planeta com voos comerciais regulares. Construído nos anos 1970 sobre uma espessa camada de permafrost, o terminal enfrenta agora um grave risco estrutural: o solo congelado que o sustenta está derretendo devido ao avanço das mudanças climáticas.
A região de Svalbard, especialmente a cidade de Longyearbyen, atrai cada vez mais turistas interessados em paisagens árticas, como a aurora boreal e a vida selvagem, incluindo ursos polares. Companhias aéreas como SAS e Norwegian operam voos regulares ligando o arquipélago ao continente norueguês, a cerca de 800 km de distância.
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Com o aumento da temperatura, o permafrost — solo congelado por pelo menos dois anos consecutivos — está derretendo de forma acelerada. Essa instabilidade compromete não apenas a pista de pouso do aeroporto, mas também a infraestrutura geral da ilha, como residências e prédios públicos, além de aumentar o risco de deslizamentos e avalanches.
Segundo a gestora do aeroporto, Ragnhild Kommisrud, a pista precisa ser inspecionada diariamente no verão, pois o solo pode ceder a qualquer momento. A tendência é que esses desafios aumentem com o tempo, tornando a operação do aeroporto cada vez mais delicada.
A pista é essencial para os cerca de 2.500 habitantes do arquipélago, que dependem fortemente do transporte aéreo para receber mantimentos e suprimentos básicos. O acesso por navio é demorado e depende fortemente das condições climáticas, podendo levar até dois dias.
Historicamente, Svalbard prosperou com a mineração de carvão, graças a grandes depósitos próximos a fiordes navegáveis. No entanto, com a crescente preocupação ambiental, a região iniciou uma transição energética. A principal mina, Sveagruva, foi fechada em 2020, e a usina a carvão de Longyearbyen foi desativada em 2023, sendo substituída por uma planta a diesel, o que já reduziu pela metade as emissões de carbono.
Agora, a próxima meta é instalar uma usina movida a biogás até 2026, dedicada ao abastecimento do aeroporto, responsável por uma parte significativa das emissões do setor aéreo norueguês. Essa planta também funcionará como sistema de reserva para a cidade em caso de falha na usina a diesel.
Curiosamente, Svalbard também possui uma usina solar desde 2015. Apesar de quatro meses de escuridão no inverno, a planta se beneficia de quatro meses de luz solar contínua no verão. Com a mineração em declínio e o turismo em ascensão, a população local busca formas sustentáveis de proteger sua comunidade em meio a um Ártico em transformação.