Cientistas registram erupção vulcânica ativa em cordilheira no fundo do mar pela 1ª vez
Evento foi registrado a bordo do submersível de pesquisa Alvin a 2.500 metros de profundidade
Internacional|Do R7

Pela primeira vez na história, uma equipe de cientistas observou uma erupção vulcânica ativa no fundo do mar ao longo de uma cordilheira meso-oceânica. A descoberta ocorreu em abril de 2025, durante uma expedição no submersível de pesquisa Alvin, a 2.500 metros de profundidade, nas proximidades da fossa hidrotermal Tica, localizada na Elevação do Pacífico Leste, a cerca de 2.100 km da Costa Rica.
Inicialmente, os pesquisadores encontraram o local repleto de vida marinha, com vermes tubulares, moluscos e crustáceos, como é comum em regiões com atividade hidrotermal. No entanto, no dia seguinte, o cenário havia mudado drasticamente: a fauna havia desaparecido e o fundo do mar estava coberto por lava endurecida, com animais mortos visíveis sobre o material vulcânico.
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Enquanto observavam o local, os cientistas notaram clarões alaranjados ao longe, sinalizando que a erupção ainda estava em andamento. Diante do aumento das temperaturas e por precaução, o piloto da missão decidiu encerrar o mergulho e retornar à superfície, embora a equipe tenha conseguido coletar amostras e registrar dados importantes antes da retirada.
Essa é apenas a terceira vez que uma erupção submarina é observada em tempo real, mas é a primeira em uma cordilheira meso-oceânica — estruturas que percorrem o globo e onde ocorre 80% da atividade vulcânica do planeta. Esse tipo de observação direta é fundamental para entender como novas crostas oceânicas se formam e como isso afeta a química do oceano e os ecossistemas marinhos.
A descoberta foi considerada um marco por especialistas como o vulcanólogo Bill Chadwick e a geóloga marinha Deborah Kelley, que destacaram a raridade e o valor científico do evento. Os dados ajudarão a desvendar processos geológicos e biológicos fundamentais para a compreensão do funcionamento da Terra.
O sistema hidrotermal Tica já havia mostrado sinais de atividade intensa desde sua descoberta nos anos 1980, e essa erupção recente confirma previsões anteriores feitas com base em modelos de expansão do assoalho oceânico. A equipe continuará monitorando o local remotamente a partir do navio de apoio Atlantis, utilizando sensores e câmeras.
Para os cientistas envolvidos a experiência foi tanto desafiadora quanto emocionante. Eles destacam que, além da destruição momentânea do ecossistema, há agora uma oportunidade única para observar como a vida marinha retorna e se adapta após um evento vulcânico profundo, contribuindo para o entendimento do elo entre Terra e oceano.