Como uma IA descobriu falha por trás de terremotos em um dos maiores supervulcões da Europa
Ferramenta identificou quatro vezes mais tremores do que métodos anteriores e revelou uma falha circular em Campi Flegrei, na Itália
Internacional|Do R7
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7
Um modelo de IA (inteligência artificial) conseguiu revelar estruturas geológicas nunca antes vistas, incluindo uma falha que pode causar terremotos de até magnitude 5, no supervulcão Campi Flegrei, na Itália, um dos maiores da Europa.
A descoberta, publicada no último mês de setembro na revista Science, mostra que o vulcão vem passando por um período de intensa atividade sísmica. Só entre 2022 e meados de 2025, a IA identificou 54 mil terremotos, contra 12 mil registrados por métodos tradicionais.
Campi Flegrei, que fica na região de Nápoles, produziu cinco tremores acima de magnitude 4 só em 2025. As informações foram divulgadas em um comunicado pela Universidade de Stanford, nos EUA, responsável pelo desenvolvimento da IA.
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“Sabemos que este é um lugar arriscado há muito tempo. Agora estamos vendo pela primeira vez as estruturas geológicas responsáveis”, disse William Ellsworth, professor emérito de geofísica de Stanford e coautor do estudo.
Falha em anel
A ferramenta, criada em parceria com o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Itália (INGV) e a Universidade de Nápoles Federico 2º, usa aprendizado de máquina para detectar sinais sísmicos que antes passavam despercebidos. Com isso, os pesquisadores conseguiram mapear falhas – rachaduras na crosta terrestre – em alta resolução.
Os dados revelaram duas falhas convergentes sob Pozzuoli, cidade a oeste de Nápoles que já precisou ser evacuada na década de 1980 após 16 mil tremores. Segundo Ellsworth, essas estruturas indicam que “um terremoto na faixa de magnitude 5 não está fora de questão”.
Outra descoberta foi a presença de uma falha circular fina e bem definida, que circunda a área que mais se eleva na região – cerca de 10 centímetros por ano. Essa estrutura forma um “anel” que pode ajudar cientistas a prever mudanças na atividade sísmica.
“Nossos colegas italianos ficaram surpresos ao ver o anel tão claramente”, afirmou Xing Tan, doutorando em geofísica em Stanford e autor principal do estudo. “Eles esperavam algo no sul, mas no norte nunca tinham visto essa estrutura de forma tão nítida”.
O que a IA fez de diferente
Tradicionalmente, sismólogos analisam gráficos chamados sismogramas para identificar tremores – um processo manual e demorado. A nova ferramenta usa aprendizado de máquina treinado com milhões de exemplos, o que permite detectar automaticamente fases sísmicas com mais precisão e velocidade.
“É como ajustar a lente de uma câmera para deixar uma imagem borrada mais nítida”, disse Greg Beroza, professor de geofísica em Stanford. “O INGV agora está usando a ferramenta por conta própria, o que deve ajudar na resposta científica e, em última instância, na resposta pública se algo mudar”.
Segundo os pesquisadores, a mesma tecnologia pode ser aplicada em outras regiões vulcânicas, como Santorini, na Grécia, que também apresentou aumento de atividade sísmica neste ano.
Gigante sob pressão
Campi Flegrei é uma caldeira de 13 km de largura formada por grandes erupções há cerca de 39 mil e 15 mil anos. Nos últimos 40 mil anos, produziu duas das maiores erupções da Europa. Mais de 500 mil pessoas vivem dentro da área vulcânica, e cerca de 1,5 milhão na região metropolitana de Nápoles.
De acordo com os cientistas, a elevação e o afundamento do terreno – fenômeno conhecido como bradissismo – estão relacionados à pressão subterrânea. Embora o estudo indique aumento da atividade sísmica, não há sinais de que o magma esteja subindo em direção à superfície, o que reduz o risco de uma erupção a curto prazo.
“A maior preocupação hoje não é uma erupção, mas sim um terremoto moderado e raso que possa causar danos significativos”, disse Beroza.
Perguntas e Respostas
Qual foi a descoberta feita por um modelo de IA em Campi Flegrei?
Um modelo de IA revelou estruturas geológicas, incluindo uma falha que pode causar terremotos de até magnitude 5 no supervulcão Campi Flegrei, na Itália. A descoberta foi publicada na revista Science e mostra que o vulcão está passando por um período de intensa atividade sísmica.
Quantos terremotos foram identificados pela IA em comparação com métodos tradicionais?
Entre 2022 e meados de 2025, a IA identificou 54 mil terremotos, enquanto os métodos tradicionais registraram apenas 12 mil.
O que foi revelado sobre a atividade sísmica em Campi Flegrei?
Campi Flegrei, localizado na região de Nápoles, produziu cinco tremores acima de magnitude 4 somente em 2025. As informações foram divulgadas pela Universidade de Stanford, que desenvolveu a IA.
Quais estruturas geológicas foram mapeadas pela nova ferramenta?
A ferramenta mapeou falhas na crosta terrestre em alta resolução, revelando duas falhas convergentes sob Pozzuoli, uma cidade a oeste de Nápoles, que já foi evacuada na década de 1980 após 16 mil tremores. Essas estruturas indicam que um terremoto na faixa de magnitude 5 não está fora de questão.
Que tipo de falha circular foi descoberta e qual sua importância?
Foi descoberta uma falha circular fina e bem definida que circunda a área que mais se eleva na região, cerca de 10 centímetros por ano. Essa estrutura pode ajudar cientistas a prever mudanças na atividade sísmica.
Como a nova ferramenta de IA se compara aos métodos tradicionais de análise sísmica?
Tradicionalmente, sismólogos analisam sismogramas de forma manual e demorada. A nova ferramenta usa aprendizado de máquina treinado com milhões de exemplos, permitindo detectar automaticamente fases sísmicas com mais precisão e velocidade.
Qual é a opinião dos pesquisadores sobre a aplicação da tecnologia em outras regiões?
Os pesquisadores afirmam que a mesma tecnologia pode ser aplicada em outras regiões vulcânicas, como Santorini, na Grécia, que também apresentou aumento de atividade sísmica neste ano.
Qual é a situação atual de Campi Flegrei em relação ao risco de erupção?
Embora o estudo indique um aumento da atividade sísmica, não há sinais de que o magma esteja subindo em direção à superfície, o que reduz o risco de uma erupção a curto prazo. A maior preocupação atual é um terremoto moderado e raso que possa causar danos significativos.
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