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De líder mais impopular ao possível milagre da reeleição

Internacional|Do R7

Copenhague, 16 jun (EFE).- A primeira-ministra da Dinamarca, a social-democrata Helle Thorning-Schmidt, tentará se reeleger no pleito geral da próxima quinta-feira, um desejo que até poucos meses atrás parecia uma utopia, com sua popularidade no chão e a oposição à frente de todas as pesquisas desde 2011. Os cortes promovidos em sua gestão, as críticas internas e dos sindicatos e a precariedade de um governo em minoria que perdeu um de seus parceiros transformaram o primeiro mandato em uma dura prova para a primeira mulher a chefiar o governo dinamarquês. Embora tenha recuperado o poder para seu partido em 2011 e acabado com uma década de domínio da direita, Thorning-Schmidt conseguiu isso com os piores resultados social-democratas em um século e graças à ascensão de outras forças. Muitos comentaristas políticos já previam que não seria capaz de manter coeso um governo muito heterogêneo e que convocaria eleições antecipadas em menos de dois anos. Thorning-Schmidt e seus aliados socialistas fecharam um surpreendente pacto de governo com o Partido Social Liberal, no qual desapareceram todas as promessas de campanha sobre impostos para milionários e bancos e se aceitava a reforma do governo anterior para reduzir o desemprego e outras despesas. As críticas a sua política dentro dos sindicatos fizeram com que Thorning-Schmidt, no meio de um conflito laboral por uma reforma educativa, evitasse fazer um discurso em Copenhague pelo Dia do Trabalho, uma tradição de décadas. Ao invés da capital, ela escolheu Aalborg, quarta maior cidade do país, para se pronunciar, mas não conseguiu evitar as vaias. Enquanto isso, seu partido desabava nas pesquisas, assim como a opinião dos dinamarqueses sobre ela. A entrada do banco americano Goldman Sachs como acionista na estatal DONG Energy provocou a saída dos socialistas do governo, deixando-o com apenas um terço das cadeiras no parlamento. As críticas à sua política e os rumores de um pedido de ajuda a Bruxelas pareciam anunciar o fim, mas recebeu uma ajuda imprevista: o escândalo sobre as despesas do líder liberal, Lars Lokke Rasmussen. Os problemas de seu rival, a melhora da economia e seu papel nos atentados de fevereiro em Copenhague ajudaram a ressuscitar Thorning-Schmidt, que enfrentou sete remodelações de gabinete nesta legislatura e que em uma década à frente do partido registrou retrocessos em todos os pleito eleitorais. Na realidade, Thorning-Schmidt, de 48 anos, nunca se encaixou na imagem tradicional de líder de seu partido: não cresceu em um bairro operário, nem provém de uma família social-democrata. A mais nova de três irmãos foi a primeira da família a se filiar a esse partido com 27 anos, após frequentar seus círculos em Bruges (Bélgica), em cujo Colégio Europeu fez um mestrado. Lá ela conheceu aquele que depois foi seu marido e com quem tem duas filhas: Stephen Kinnock, filho de Neil Kinnock, o líder do trabalhismo britânico durante a época do "thatcherismo". Terminada sua licenciatura em Ciências Políticas, trabalhou no escritório dos social-democratas em Bruxelas, antes de voltar à Dinamarca para casar-se e trabalhar como consultora para o sindicato LO, o braço direito da social-democracia neste país nórdico. Mas Thorning-Schmidt saiu de novo da Dinamarca em 1999, quando, contra toda a previsão, conseguiu a última cadeira de seu partido no parlamento europeu. Dessa época vem o apelido "Gucci-Helle", dado por um colega de partido devido ao seu gosto pela alta costura. Essa imagem frívola foi reforçada anos depois por sua célebre 'selfie' com Barack Obama e David Cameron no funeral de Nelson Mandela, e pelo episódio na festa do Nobel da Paz em Oslo em 2013, quando abandonou seu carro e saiu para falar com a atriz Sarah Jessica Parker, que dava autógrafos, para confessar sua adoração pela série "Sex in the City". Cumprida sua etapa como eurodeputada, entrou na política dinamarquesa ao ser eleita parlamentar em 2005, e de forma inesperada, meses depois derrotou nas primárias o ex-ministro e porta-voz Frank Jensen, apoiada pela ala direitista. Thorning-Schmidt se transformou em fenômeno midiático, mas perdeu força e acabou derrotada. Porém, aprendeu a lição, ganhou experiência no parlamento, fechou feridas internas e preparou o terreno para o triunfo de 2011 e que agora pode revalidar após quatro anos turbulentos. EFE alc/rsd/id

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