De Netanyahu a Netanyahu: quatro anos de instabilidade política em Israel
Novo governo é descrito como o mais direitista da história do país, que teve cinco eleições legislativas nos últimos quatro anos
Internacional|Do R7, com informações da AFP

Benjamin Netanyahu, de 73 anos, ganhador das eleições legislativas de 1º de novembro em Israel, apresentou nesta quinta-feira (29) a equipe ministerial dele aos deputados.
O governo é descrito pelos analistas como o mais direitista da história do país, que teve cinco eleições legislativas realizadas nos últimos quatro anos.
Parlamento sem maioria
Em 9 de abril de 2019, os israelenses votaram em eleições parlamentares antecipadas, nas quais Netanyahu, no poder desde 2009 e sob ameaça de acusações de corrupção, esperava permanecer como primeiro-ministro.
Ele se opôs a Benny Gantz, ex-chefe de gabinete, que liderava a nova aliança centrista Kahol-Lavan (Azul e Branco).
O partido Likud (à direita), de Netanyahu, e o Azul e Branco ganharam 35 assentos cada um.
No fim de maio, diante da impossibilidade de formar uma coalizão, o Knesset (Parlamento) votou pela sua dissolução e pela realização de novas eleições.
Netanyahu acusado
No pleito de 17 de setembro de 2019, Likud e Azul e Branco apareceram novamente empatados.
Em 21 de novembro, o procurador-geral acusou Netanyahu de corrupção, fraude e quebra de confiança em três casos.
Em 11 de dezembro, após o fracasso de Gantz e Netanyahu em formar um governo, os deputados novamente votaram pela dissolução do Parlamento.
Novo fracasso
Em 2 de março de 2020, o Likud obteve 36 assentos, e o Azul e Branco, 33.
No dia 16, o presidente Reuven Rivlin pediu a Gantz que formasse um governo, pois havia obtido mais apoio dos outros partidos.
Não tendo conseguido reunir a maioria necessária de 61 deputados para formar um gabinete, Gantz anunciou um "governo de unidade e emergência" com o rival Netanyahu para lidar com a pandemia de coronavírus.
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O pacto de três anos previa um rodízio, segundo a qual Netanyahu deixaria o cargo de primeiro-ministro para Gantz depois de 18 meses.
Em 7 de maio, Rivlin confiou a Netanyahu a tarefa de formar o governo de unidade, aprovado pelo Parlamento no dia 17 do mesmo mês.
O novo governo fracassou na tentativa de aprovar os orçamentos, e, em 23 de dezembro, o Parlamento se dissolveu novamente.
Quarta eleição
Em 23 de março de 2021, o Likud venceu novamente as eleições, dessa vez seguido pela legenda Yesh Atid, do centrista Yair Lapid, com 17 cadeiras.
Quando o prazo de 5 de maio chegou, Netanyahu falhou na tentativa de formar um governo. Rivlin, então, confiou a missão a Lapid.
Bennett primeiro-ministro

Em 30 de maio, Naftali Bennett, o líder do partido radical de direita, o Yamina, anunciou a intenção de se juntar ao campo de Lapid, que conseguiu formar uma coalizão heterogênea sem precedentes com a direita, a esquerda e uma formação árabe.
Em 13 de junho, Netanyahu, com mais de 15 anos como primeiro-ministro, os últimos 12 ininterruptos, perdeu o poder, após uma moção de censura aprovada pela nova coalizão.
Conforme um acordo de rotatividade na chefia do governo, Naftali Bennett tornou-se primeiro-ministro, e Yair assumiu como ministro das Relações Exteriores.
Em 4 de novembro, o Parlamento adotou o orçamento para 2021, o primeiro votado em três anos. No dia seguinte, o de 2022 é adotado — uma vitória-chave para a coalizão.
Coalizão desmorona
Em 6 de abril de 2022, diante de tensões internas, a coalizão perdeu a maioria, com a saída de um deputado do partido de Bennett.
Em 20 de junho, Bennett e Lapid anunciaram a dissolução do Parlamento.
Yair Lapid ocupou o cargo de primeiro-ministro até a eleição marcada para 1º de novembro. Naftali Bennett anunciou que não se candidataria.
Retorno de Netanyahu
Netanyahu e os aliados de partidos ultraortodoxos e de extrema direita conseguiram a maioria das cadeiras no pleito de 1º de novembro.
O ex-premiê recebeu em 13 de novembro o encargo de formar um governo, o que se deu em 21 de dezembro, minutos antes do prazo-limite estabelecido.
Em 29 de dezembro, apresentou seu governo, aprovado por 63 dos 120 membros do Knesset.