Opinião: Israel, a autodefesa e a inversão da lógica moral
Israel é demonizado por reagir a um ataque de proporções inéditas, o que cria distorção injusta e contribui para o antissemitismo
Internacional|Claudio Lottenberg, especial para o R7

É cada vez mais comum observar uma perigosa inversão moral no debate público sobre o conflito no Oriente Médio. Israel, vítima de um ataque terrorista brutal no dia 7 de outubro, encontra-se sistematicamente condenado por exercer seu direito elementar à autodefesa. Enquanto isso, o verdadeiro problema — o avanço do terrorismo internacional, representado hoje por grupos como o Hamas e o Hezbollah — é minimizado ou deliberadamente ignorado.
A ausência dos reféns nos discursos públicos não é acaso. Trata-se de um silêncio moralmente sintomático. Homens, mulheres e crianças sequestrados seguem invisíveis para muitas vozes que, paradoxalmente, se dizem defensoras dos direitos humanos. Ao mesmo tempo, vemos Israel ser demonizado por reagir a um ataque de proporções inéditas. Essa distorção, além de injusta, contribui para uma nova forma de antissemitismo: a negação do direito do povo judeu a ter um único Estado — Israel que se defende de quem quer destruí-lo, o Hamas.
O antissemitismo já assumiu diversas formas ao longo da história: religiosa, racial, cultural. Hoje, ele ressurge travestido de discurso político, escondido atrás de críticas seletivas, omissões convenientes e julgamentos desequilibrados.
Mais grave ainda é perceber que, em pleno Brasil — um país assolado por urgências sociais, econômicas, educacionais e de segurança pública —, algumas lideranças escolhem priorizar esse discurso enviesado. É difícil compreender por que tantos se calam diante de guerras sangrentas na África, perseguições de minorias em diversas regiões do mundo e conflitos civis devastadores, mas fazem de Israel uma obsessão constante. Essa fixação revela não só um desvio ético, mas também um mecanismo psicológico: falar de Israel se torna uma fuga conveniente para quem não quer encarar os problemas reais da sua própria sociedade.
É hora de recusar essa inversão. O direito à crítica legítima deve ser preservado, mas nunca às custas da verdade ou da coerência moral. Israel está em guerra não por desejo, mas por necessidade. Está se defendendo de um inimigo que despreza a vida, instrumentaliza civis e sequestra não apenas pessoas, mas também a narrativa pública.
A obsessão contra Israel não resolve nenhum conflito. Ao contrário: obscurece o essencial, desumaniza o debate e alimenta preconceitos antigos com roupagens novas. E isso, sim, é algo que o mundo não pode mais tolerar.
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