Rússia lança novo submarino nuclear em meio a tensões no Ártico
O K-562 Arkhangelsk é o mais moderno submarino do arsenal russo, capaz de lançar até 32 mísseis por missão
Internacional|Do R7

A Rússia lançou nesta segunda-feira (27) o K-562 Arkhangelsk, o mais novo submarino nuclear do Kremlin. A embarcação está atracada na base de Zapadnaia Litsa, porção russa a 60 km da Noruega.
A escolha da base definitiva do submarino, na região do Mar de Barents, não é mera coincidência. A Noruega integra a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar liderada pelos Estados Unidos e crítica à postura russa diante do conflito com a Ucrânia.
O lançamento do submarino também ocorre em meio à escalada de tensões no Ártico, com o aumento de patrulhas militares, motivadas pelas declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre uma possível anexação da Groenlândia. Além de rica em minerais, a ilha, que pertence à Dinamarca, tem posição estratégica em caso de conflito com os russos.
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No quesito tecnologia, o K-562 Arkhangelsk é o mais moderno do arsenal de 40 submarinos táticos da Rússia, com 21 deles sendo equipados com propulsão nuclear. A função do submarino é atacar furtivamente outras embarcações e alvos costeiros.
O Arkhangelsk pode lançar até 32 mísseis, sejam eles modelos subsônicos de cruzeiro Kalibr, antinavios supersônicos Oniks ou os novos Tsirkon, armas hipersônicas que foram testadas em 2021 em outro submarino da mesma classe. Todos os armamentos já foram usados na Guerra da Ucrânia.
O modelo é o quarto da classe russa e demorou nove anos para ser desenvolvido. O nome da embarcação é uma homenagem a uma importante cidade ártica russa, banhada pelo rio Duína do Norte, a 1.250 km de Moscou.
Estima-se que o custo de produção do submarino foi de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões). Ao todo, a Rússia pretende ter 12 desses submarinos, e a produção parece estar se acelerando, com cinco cascos sendo trabalhados nos estaleiros Sevmach, em Severodvinsk, também no Ártico.
A marinha russa passa por um período de reformulação após as pesadas perdas da frota no Mar Negro, No início do conflito com a Ucrânia, embarcações russas foram severamente atacadas por mísseis e drones aquáticos da Ucrânia.
Por conta dos sucessivos fracassos, o Kremlin, em março de 2024, substituiu o então almirante da Marinha Nikolay Yevmenov por um oficial interino.
Na época, a marinha da Ucrânia afirmou que neutralizou um terço da frota marítima russa do Mar Negro. Os ataques visaram isolar a Península da Crimeia para tornar mais difícil para a Rússia sustentar as suas operações militares na área e no continente ucraniano.
Demonstrações de força
Em setembro do ano passado, a Rússia lançou o maior exercício naval pós-Guerra Fria do país. A China, principal aliada de Moscou, participou da etapa inicial das manobras, no Oceano Pacífico.
Com a presença do presidente Vladimir Putin, o objetivo da operação era testar “diversas armas modernas”, segundo o líder do Kremlin.
“Os EUA estão tentando ter uma vantagem militar tangível”, disse o presidente na época. O exercício envolveu 400 embarcações, 120 aviões e 90 mil marinheiros nas bases do Pacífico, Ártico, Báltico, Cáspio e Mediterrâneo.