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Saiba quem são os mercenários, soldados que lutam por dinheiro em conflitos

Tão antigos quanto a guerra, estes personagens em confrontos por todo o mundo saíram da ilegalidade para se tornar empresas

Internacional|Lucas Ferreira, do R7


Soldados durante treinamento na Ucrânia
Soldados durante treinamento na Ucrânia

O termo mercenário pode ser usado em diferentes contextos, mas sempre com uma conotação ruim. Segundo o dicionário, é aquela pessoa que age ou trabalha somente por dinheiro ou pelas vantagens que lhe são oferecidas, um interesseiro.

Nas guerras, essa figura é tão antiga quanto os primeiros conflitos entre povos, destaca Mamadou Alpha Diallo, professor de Relações Internacionais da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana). Segundo o docente, há relatos na história desses soldados contratados antes mesmo dos exércitos formados por Estados.

“Mercenários sempre existiram na história”, conta Diallo ao R7. “A ideia de um exército mobilizado pelo Estado permanentemente veio muito mais tarde. Inicialmente, os Estados contratavam combatentes para fazer a guerra. Depois da guerra, você desmobilizava”.

Diallo destaca que é “muito difícil” haver um confronto no século 21 sem a presença desses soldados, como no caso da guerra entre russos e ucranianos.

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“Dentro da Ucrânia, principalmente, você pode ter a típica natureza do mercenário. Porque, mesmo pertencendo a empresas privadas, essas empresas não mostram a bandeira”, ressalta Diallo, destacando que há relatos de ataques sem que nenhum dos lados assuma a autoria.

Há relatos de brasileiros e europeus que se alistaram para lutar ao lado da Ucrânia, o que seria, na visão do professor da Unila, um exemplo de mercenarismo.

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“Em princípio, em todos os conflitos da atualidade você tem participação alheia de mercenários. Seja para promover a venda de armas, seja para manter o conflito vivo, seja para ajudar um lado ou outro”, diz.

É importante diferenciar mercenários de voluntários. Enquanto um é contratado para lutar por um país, o outro escolhe um lado para defender e se alista para ir à guerra.

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“Um soldado voluntário assume a bandeira de um país, ele veste a camisa de um país. O soldado se enquadra em padrões legais e normativas, mesmo sendo voluntário. Um mercenário é um lobo solto.”

Diallo explica que quem recebe dinheiro para defender uma bandeira costuma ser usado em missões de sabotagem. Esse tipo de ação pode interferir nos sistemas básicos de uma cidade, como eletricidade, abastecimento de água ou aquecimento.

Soldado com CNPJ

Figura do mercenário foi substituída por empresas de segurança privada
Figura do mercenário foi substituída por empresas de segurança privada

Como é de esperar, ser mercenário é ilegal em todo o mundo. Entretanto, quando mudamos o nome e chamamos os mercenários de agentes de segurança particular, o poder da lei recai de maneira diferente sobre os ombros desses sujeitos.

“Existem várias empresas de segurança privada que são, de uma certa maneira, a legalização desse ato mercenário. Então, quando você transita de um mercenário para a segurança privada, uma assessoria de segurança, você está transformando aquele mercenário em um ator legal dentro do sistema”, destaca Diallo.

O professor da Unila conta que os mercenários do século 20 passaram a abrir empresas de segurança privada e continuam atuando da mesma maneira que antes, mas desta vez como uma companhia legal. Dessa forma, sendo contratados por governos mundo afora para prestação de serviços.

Uma das empresas de segurança privadas mais conhecidas da história é a americana Blackwater, rebatizada para Academia no início da última década. A fama da Blackwater originou até um livro escrito pelo jornalista americano Jeremy Scahill para contar a história do esquadrão paramilitar.

Presença na Guerra Fria

Muro de Berlim é um dos maiores símbolos da Guerra Fria
Muro de Berlim é um dos maiores símbolos da Guerra Fria

A segunda metade do século 20 ficou marcada pelas demonstrações de poder entre Estados Unidos e União Soviética, que tentavam provar ao resto do mundo qual era o país mais evoluído, tanto em relação à tecnologia como na sociedade e na economia.

Apesar de levar a guerra no nome, a Guerra Fria nunca foi um conflito armado entre as duas superpotências. Nunca houve a invasão da União Soviética por parte dos Estados Unidos ou vice e versa.

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Entretanto, isso não significa que os dois países não tenham realizado missões de espionagem e sabotagem a aliados de ambos os lados. É nesse contexto que entram as figuras dos mercenários, ganhando grande importância em uma guerra de discursos.

“Durante a Guerra Fria, em muitos dos golpes de Estado, tanto no continente africano quanto na América Central, sempre houve a participação de mercenários. Na África era muito comum. E no continente europeu, quando havia atentados, eram sempre atribuídos a mercenários”, explica Diallo.

De acordo com o professor, a responsabilização de mercenários por atentados na Europa perdeu espaço com o crescimento do temor de ataques terroristas. Grupos como a Al-Qaeda, ETA e IRA passaram a ter toda a atenção da imprensa, com demonstrações de força em todo o hemisfério Norte.

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