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Talibãs tomam sua primeira capital de província do Afeganistão

Governo afegão luta para evitar que o grupo terrorista domine cidades após retirada de tropas estrangeiras do país

Internacional|Do R7

Tomada de capital acontece após saída de tropas estrangeiras do país
Tomada de capital acontece após saída de tropas estrangeiras do país

Os talibãs tomaram, nesta sexta-feira (6), sua primeira capital de província desde que lançaram uma ofensiva coincidindo com a saída das tropas estrangeiras do Afeganistão, um grande revés para o governo, que tenta evitar que várias cidades caiam nas mãos dos insurgentes.

"A cidade de Zaranj, capital da provincia de Nimroz, foi tomada pelos talibãs", declarou à AFP Roh Gul Khairzad, vice-governadora da província. Segundo explicou, a cidade (sudoeste do Afeganistão, perto da fronteira com o Irã) caiu "sem resistência".

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Nas redes sociais, foram publicados vídeos que mostram os insurgentes pelas ruas da cidade, entre aplausos dos moradores. A veracidade desses vídeos não foi comprovada.


Enquanto isso, em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a enviada da ONU para o Afeganistão, Deborah Lyons, pediu aos talibãs para acabarem com esses "ataques contra as cidades" e ao Conselho que lance uma advertência "inequívoca".

Chefe de comunicação do governo assassinado

Horas antes, os talibãs reivindicaram o assassinato do chefe do Serviço de Comunicação do governo afegão, Dawa Khan Menapal, depois de alertarem que realizariam operações contra altos cargos em resposta à intensificação dos bombardeios.


O homicídio de uma das principais vozes do governo acontece depois de mais um dia de intensos combates no Afeganistão, onde a guerra atinge Cabul pela primeira vez em meses.

"Infelizmente, os brutais e selvagens terroristas cometeram um novo ato covarde e mataram um patriota afegão que resistia à propaganda inimiga (...), Dawa Khan Menapal, durante a oração de sexta-feira" na capital, declarou o porta-voz do Ministério, Mirwais Stanikzai, em mensagem enviada à imprensa pelo aplicativo WhatsApp.


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O jornalista Dawa Khan Menapal era popular na pequena comunidade de imprensa de Cabul, conhecido por ridicularizar os talibãs nas redes sociais. Antes do atual cargo, havia sido porta-voz adjunto do presidente afegão, Ashraf Ghani. Os talibãs assumiram o assassinato.

"Há alguns minutos, o chefe do centro de imprensa e informação do governo de Cabul foi assassinado em um ataque especial realizado pelos mujahedines", confirmou seu porta-voz, Zabihullah Mujahid, pelo mesmo aplicativo de mensagens.

Na quarta-feira (4), os insurgentes haviam prometido lançar novas operações de represália contra membros do alto escalão do governo.

Esta ameaça foi feita logo após de assumirem a autoria do ataque cometido na terça, também em Cabul, contra a residência do ministro da Defesa, general Bismillah Mohammadi. A ofensiva deixou pelo menos oito mortos, mas o ministro saiu ileso.

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Nos últimos dias, as forças afegãs e do Exército americano lançaram vários ataques aéreos no território, na tentativa de conter o avanço dos talibãs em vários centros urbanos importantes.

Os talibãs já assumiram o controle de amplas áreas rurais e de importantes postos fronteiriços nos últimos meses, em uma ofensiva lançada após o início da retirada das forças militares estrangeiras até então estacionadas no país. A saída dessas tropas deve ser concluída até 31 de agosto.

Depois de encontrarem pouca resistência nas zonas rurais, há vários dias os talibãs dirigem suas ofensivas contra grandes centros urbanos, sitiando várias capitais de província.

"Não temos mais nada"

O governo continua mobilizando suas forças aéreas contra as posições talibãs. Nesta sexta, o ministro da Defesa garantiu que mais de 400 insurgentes foram "eliminados" nas últimas 24 horas.

Ambos os lados costumam exagerar nas baixas sofridas em batalha, divulgando balanços quase impossíveis de serem verificados de forma independente.

Embora afirme estar causando danos importantes aos talibãs, o Exército continuará a evacuar a população das capitais provinciais, nas quais seus adversários já entraram. Centenas de milhares de civis foram forçados a fugir nas últimas semanas.

Nas redes sociais, inúmeros vídeos mostram os estragos dos combates na cidade de Lashkar Gah (sul). Entre as imagens, vê uma importante área comercial em chamas.

Em um comunicado, o grupo humanitário Ação contra a Fome disse que seus escritórios foram atingidos por um "ataque aéreo" nesta cidade, esta semana, apesar de seu telhado estar sinalizado como sendo de uma ONG.

Na cidade de Herat, no oeste do país, um fluxo contínuo de moradores deixa suas casas, antecipando-se a um eventual ataque do governo às posições controladas pelos talibãs.

"Fomos todos embora", contou Ahmad Zia, que morava na parte oeste da terceira maior cidade do Afeganistão. "Não temos mais nada e não sabemos para onde ir", desabafou na entrevista à AFP.

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