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Venezuela: Entenda o que muda após Maduro conquistar o legislativo

Em eleição da semana passada, presidente chavista conquistou os três poderes; líderes latinos tendem a continuar distantes de Caracas

Internacional|Giovanna Orlando, do R7

Maduro se consolida e controla todos os poderes na Venezuela após eleições
Maduro se consolida e controla todos os poderes na Venezuela após eleições

O resultado das eleições na Venezuela do último final de semana confirmaram o cenário que líderes latinoamericanos tentaram evitar por anos: o presidente Nicolás Maduro foi reeleito, conquistou a Assembleia Nacional e agora controla o Executivo, Legislativo e Judiciário do país.

O pleito foi atípico, com a oposição se recusando a concorrer, chamando as eleições de fraudulentas e a altíssima taxa de abstenção da população, com apenas 31% de participação popular. Com uma eleição onde a maioria dos candidatos são alinhados ao governo de Maduro, o resultado não podia ser outro, e agora o presidente está consolidado no país.

Desde 2015, a oposição controlava a Assembleia Nacional, que tinha como presidente Juan Guaidó, que em fevereiro de 2019 decidiu se autoproclamar presidente do país e recebeu apoio de mais de 50 países, incluindo o Brasil, EUA e União Europeia. O mandato de Guaidó como presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição acabam no começo de 2021.

A Venezuela está há anos isolada na região, com pouca ou nenhuma relação com a maioria dos países latinos. Depois que Guaidó despontou como a esperança de uma mudança no país, a relação que os presidentes regionais tinham com Maduro foi cortada de vez.


Agora, com a reeleição de Maduro e a consolidação no poder, o que muda na relação do país com os vizinhos? Segundo o professor de Relações Internacionais da ESPM de Porto Alegre, Roberto Uebel, poucas coisas devem mudar.

“Domesticamente, isso é uma consolidação do madurismo. Regionalmente, não tem diferença no tratamento. O Maduro não tem uma legitimidade regional, o Brasil continua com um tom agressivo e o ministro das Relações Exteriores afirmou que o país continua reconhecendo o Guaidó como presidente”, explica.


Nem a chegada do peronista Alberto Fernández na presidência da Argentina em 2019 fez com que a Venezuela ganhasse um aliado na região. Até agora, aponta o especialista, Fernández se mantém afastado dos problemas de Maduro com o resto da América do Sul.

Apesar do apoio internacional, Guaidó é visto com desconfiança na Venezuela
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Falta de um líder carismático

Apesar de ser sucessor de Hugo Chávez, Nicolás Maduro nunca conseguiu a mesma popularidade e carinho que o ex-presidente tinha. Segundo o professor, um dos problemas para isso é a falta de carisma.


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“Chávez tinha um carisma muito forte na Venezuela e na América Latina, tinha adesão de políticos latinos e o discurso da Pátria Grandes. Maduro não tem isso e nem é das Forças Armadas”, analisa.

Maduro também toma posse em um momento conturbado na Venezuela, com uma forte crise econômica, que hoje foi agravada pela série de sanções e bloqueios comerciais que o país sofre, além das perseguições à imprensa e opositores.

Apesar disso, Maduro ainda é um líder popular dentro da Venezuela, coisa que o líder da oposição, Juan Guaidó, não é.

Para o resto do mundo, o presidente da Assembleia conseguiu “projetar a imagem de liderança política no país, mas ele tem uma grande desconfiança na Venezuela, diferente do Henrique Caprilis e Leopoldo López, que são tradicionais políticos de oposição”, diz o professor. “A Venezuela se construiu em lideranças carismáticas”.

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A queda de Guaidó

Quase dois anos depois de se autodeclarar presidente do país, pouco foi conquistado por Juan Guaidó e pela oposição dentro da Venezuela. Apesar do expressivo reconhecimento internacional, sem o apoio doméstico e das Forças Armadas, Guaidó não conseguiria realizar as mudanças que prometeu para o país.

Mesmo com as sanções comerciais, o bloqueio econômico total imposto pelos EUA e o distanciamento do país com os países que formam o Grupo de Lima, o governo de Maduro também tem importantes aliados, como a China, Rússia, Turquia e Irã.

“Qualquer tipo de ingerência na Venezuela desencadearia um conflito internacional”, afirma o especialista.

O governo de Donald Trump foi bastante vocal sobre uma intervenção militar na Venezuela ou tentar retirar Maduro do poder à força, mas também não seguiu com os planos. Maduro chegou a ser investigado nos EUA por tráfico de drogas, mas continua no poder.

Enquanto Trump deixou claro sua opinião sobre o chavista, o governo de Biden, que assume no final de janeiro de 2021, ainda não disse qual será a postura que os democratas assumirão sobre a Venezuela.

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