Venezuela suspende atividades de escritório da ONU para Direitos Humanos no país
Regime de Maduro comunicou também que equipe do organismo internacional deve deixar o país nas próximas 72 horas
Internacional|Do R7, em Brasília
O regime do ditador Nicolás Maduro anunciou nesta quinta-feira (15) a suspensão das atividades do Escritório de Assessoria Técnica do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Venezuela.
O governo venezuelano comunicou também que a equipe que atua no escritório do organismo internacional deve deixar o país nas próximas 72 horas para que as autoridades do país vizinho revisem – nos próximos 30 dias – os termos de cooperação técnica descritos na Carta de Entendimento da Venezuela com o órgão.
O comunicado foi divulgado em uma rede social pelo chanceler venezuelano Yván Eduardo Gil Pinto, e acusa o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos de suposta "atitude colonialista, abusiva e violadora da Carta das Nações Unidas".
O documento alega ainda que o Alto Comissariado teria intensificado ataques contra a Venezuela, "justamente num momento em que o mundo assiste à barbárie genocida cometida contra o povo palestino, num contexto de total impunidade favorecido pela inação desta burocracia internacional".
A decisão do regime de Maduro vem alguns dias depois da prisão da ativista pelos direitos humanos Rocío San Miguel. Ela foi presa na última sexta-feira (9) sob a acusação de “conspiração”, "terrorismo", "traição" e “associação”. A filha dela, Miranda Díaz San Miguel, o marido Víctor Díaz Paruta e os irmãos, Miguel San Miguel e Alberto San Miguel, foram libertados no domingo (11), com a condição de se apresentarem à Justiça periodicamente. Eles também estão proibidos de sair do país e de falar com a imprensa. No entanto, Rocío foi transferida para El Helicoide, uma instalação prisional do serviço de inteligência bolivariano onde ficam detidos presos políticos. A ativista segue incomunicável.
A Anistia Internacional publicou um apelo nas redes sociais pela libertação imediata e incondicional da ativista, classificada pela entidade como “uma defensora dos direitos humanos”. A organização afirma estar acompanhando a denúncia de "desaparecimento forçado" de Rocío e “junta-se aos apelos ao respeito pelos seus direitos, à medida cautelar de proteção emitida a favor dela como ao acesso a advogados e familiares”.
De acordo com o procurador-geral da República da Venezuela, Tarek William Saab, a ativista e outros cinco cidadãos estão supostamente envolvidos na conspiração chamada “Brazalete Blanco”. O procurador disse que a decisão de mantê-la presa preventivamente foi tomada na segunda-feira (12) pelo 2º Tribunal Contra o Terrorismo, após o pedido dos promotores do Ministério Público venezuelano pela prisão preventiva dela.
Saab alegou em uma rede social que existe uma suposta campanha contra o Sistema de Justiça e o Estado venezuelano “por parte dos mesmos setores que sempre desprezaram as instituições democráticas venezuelanas”.