Veja o que se sabe sobre investigação de acidente que matou 39 pessoas em MG
Motorista do caminhão e dono da empresa proprietária do veículo foram indiciados; eles vão responder por homicídio, lesão corporal e falsidade ideológica
Minas Gerais|Lucas Eugênio, da RECORD MINAS

A Polícia Civil indiciou, nesta quarta-feira (26), o motorista que causou o acidente que matou 39 pessoas em Teófilo Otoni, a 450 km de Belo Horizonte, em dezembro de 2024. Ele foi denunciado por homicídio e lesão corporal. O proprietário da empresa dona do caminhão também será responsabilizado pelas mortes. Além disso, ele responderá na Justiça por falsidade ideológica. Onze pessoas ficaram feridas na batida.
O motorista da carreta está preso desde 21 de janeiro. Hudson Foca, dono da empresa, apesar de indiciado, está em liberdade. O inquérito, concluído dois meses depois do acidente, segue para o Ministério Público. Veja a seguir tudo o que se sabe sobre o caso.
O que causou o acidente?
O delegado Amaury Albuquerque, um dos responsáveis pela investigação, apontou que a batida foi causada por vários fatores. Entre eles, a velocidade do caminhão, sobrepeso na carga e problemas estruturais.
De acordo com o inquérito, o caminhão trafegava a 97 km/h no momento do acidente. A velocidade seria “muito acima do ideal, já que qualquer uma acima de 60 km/h representaria uma probabilidade altíssima das pedras se deslocarem e acontecer o tombamento do semirreboque”, detalhou o delegado.
A Polícia Civil apontou também que o veículo transportava 103 toneladas de quartzito, número 77% acima do recomendado. Além disso, a perícia constatou uma alteração estrutural em um dos semirreboques. Segundo o delegado, a mudança foi feita para aguentar mais carga. A amarração das peças de quartzito transportadas também tinha falhas.
Como aconteceu o acidente?
O Instituto de Criminalística da Polícia Civil fez uma animação para apresentar a conclusão sobre a dinâmica do acidente. Nas imagens, é possível ver quando o reboque da carreta tomba e atinge o ônibus, que vinha no sentido contrário da pista. O impacto provoca uma explosão e o veículo pega fogo. O carro prata que vinha logo atrás foi parar debaixo do reboque e uma caminhonete bate na traseira do carro.
Por quais crimes os acusados serão indiciados?
Além das acusações de homicídio e lesão corporal, Arilton Bastos Alves foi indiciado por não prestar socorro às vítimas e fugir do local do acidente, dois crimes previstos no CTB (Código de Trânsito Brasileiro).
O dono da empresa vai responder por falsidade ideológica por alterar o peso da carga transportada na nota fiscal. “Ele fez inserir na nota fiscal e também no documento de transporte informações que não condiziam com a verdade”, destacou o delegado César Cândido Neves Júnior.
Exames toxicológicos
O exame toxicológico feito pela polícia no dia da prisão apontou que Arilton estava sob o efeito de ecstasy, cocaína, álcool, além de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos. Mas, a defesa do caminhoneiro contestou o laudo.
O advogado do motorista, Raony Scheffer, explicou que no dia da prisão do motorista, a defesa solicitou o recolhimento de pelos do acusado para a realização de um exame em laboratório particular. Ainda segundo o advogado, o exame feito a partir de pelos é mais aprofundado que o de urina, feito pela polícia.
O laudo, que saiu no dia 7 de fevereiro, apontou que não há drogas ou álcool no organismo do motorista. Segundo o advogado, a janela de detecção do exame é de 180 dias, tempo que inclui a data do acidente.