Carro popular: confira os modelos que podem ter preço reduzido após medida
Programa de redução de impostos ainda não foi formalizado mas carros compactos produzidos no país devem ser os mais beneficiados com a medida
Autos Carros|Marcos Camargo Jr e Marcos Camargo Jr.
Em meio a uma queda acentuada nas vendas em 2023, o mercado automotivo pediu medidas de acesso ao crédito e debate sobre a redução dos elevados impostos que taxam os veículos vendidos no país. Essa semana o governo federal, por meio do vice-presidente, Geraldo Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, sinalizou a redução de impostos federais, como IPI e PIS/Cofins, para uma alíquota que resultaria em descontos, entre 1,5% e 10,96%, no preço final dos veículos. O projeto ainda será analisado pelo Ministério da Economia e deverá virar medida provisória dentro de 15 dias.
O critério levará em conta eficiência energética e índice de nacionalização, o que coloca modelos compactos e subcompactos na linha de um programa que pode ajudar a reaquecer a indústria automotiva no país. Após a queda nas vendas deste ano, 17 fábricas anunciaram período de férias coletivas para ajustar a produção de veículos ao patamar mais baixo de comercialização do momento.
Veja, em um primeiro momento, quais são os veículos que podem ficar mais em conta com o anúncio da medida de redução de impostos. Consideramos aqui as versões de entrada de cada um dos modelos mais em conta produzidos e vendidos no país.
O primeiro é o Renault Kwid, subcompacto que custa a partir de R$ 68,9 mil e que deve receber o desconto máximo, de 10,96%, por ser um dos modelos mais econômicos à venda. Nesse caso, deverá ter preço reduzido para cerca de R$ 61,4 mil.
O mesmo deve ocorrer com o Fiat Mobi produzido em Betim (MG), que também custa R$ 68,9 mil e que, com as medidas de redução de impostos, sairia por cerca de R$ 61,4 mil.
O Citroën C3 custa R$ 72,9 mil na versão de entrada e, caso receba o desconto máximo, de 10,96%, poderá ter o preço reduzido para cerca de R$ 64,9 mil. Seguindo o critério previamente anunciado, as versões com motor 1.0 teriam desconto maior, enquanto as versões com motor 1.6 teriam um incentivo menor.
O Peugeot 208 Like custa R$ 70,9 mil e, seguindo o mesmo critério adotado para o motor 1.0, pode ter o preço reduzido para cerca de R$ 63 mil. O 208 também é oferecido com motor 1.6 nas versões mais equipadas, que devem receber incentivo menor. Vale lembrar que o 208 é feito na Argentina, o que pode diminuir suas chances de receber o desconto máximo previsto.
O Polo Track da Volkswagen é o carro de entrada mais barato da marca, hoje, com preço de R$ 81,3 mil, que pode chegar a R$ 72,4 mil com a medida provisória. Já o Polo MPI, com a mesma motorização do Polo Track (1.0), pode ter o preço reduzido de R$ 86,3 mil para R$ 76,9 mil.
O Renault Stepway com motor 1.0SCe, único sobrevivente da linha Sandero, deverá ter preço reduzido de R$ 79,9 mil para R$ 71,2 mil. Isso caso receba o desconto maior. Apenas como simulação, caso tenha 1,5% de desconto seu preço pode cair para R$ 78,1 mil.
O Hyundai HB20, que custa a partir de R$ 82,2 mil, poderá ter preço reduzido para R$ 73,2 mil caso tenha os impostos reduzidos em 10,96%.
O Chevrolet Onix, um dos carros mais vendidos do país e que tem preço a partir de R$ 84,4 mil na versão de entrada LT, com motor 1.0 aspirado e câmbio manual, pode ter preço reduzido para R$ 75,1 mil.
O Toyota Yaris hatch equipado com motor 1.5 aspirado, e cujo preço de venda parte de R$ 97,9 mil, poderá ter esse valor reduzido entre 1,5% e 10,96% e custar, respectivamente, entre R$ 96,5 mil e R$ 87,2 mil.
O Fiat Pulse, um dos SUVs compactos mais baratos do país, que custa a partir de R$ 100 mil, pode ter seu preço reduzido para R$ 89 mil, retornando ao valor de meados de 2021, quando foi lançado.
Também da linha Fiat, o Argo, que custa a partir de R$ 79,7 mil, pode chegar ao preço inicial de R$ 71 mil considerando a versão base de entrada, com motor 1.0 Firefly e câmbio manual.
Com os dados preliminares, o R7-Autos Carros consultou algumas fontes ligadas à indústria automobilística, que aprovam a medida mas consideram que nos últimos anos a inflação do carro zero quilômetro ficou em 31%, segundo a FIPE. E que só no primeiro ano da pandemia a falta de insumos e o alto preço dos metais úteis na produção dos carros elevaram os preços em 17,03%, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Outro ponto destacado por executivos do setor é que as novas regras de segurança introduzidas nos últimos anos, como inclusão de controles de tração e estabilidade obrigatórios (a partir de janeiro de 2022), bem como de dispositivos como freios ABS e, mais recentemente, distribuidor de frenagem, entre outros, a partir do ano de 2014, levaram a indústria a se concentrar em modelos mais caros, que são mais rentáveis.
O projeto prevê que apenas carros de até R$ 120 mil sejam contemplados pelo programa de redução de impostos. Hoje, segundo os executivos, as montadoras querem que o tíquete médio de compra do consumidor esteja nivelado acima desse valor.
Por fim, entidades ligadas ao varejo externaram preocupação de que o anúncio não do plano leve, neste primeiro momento, a um esvaziamento das concessionárias. O consumidor, atento às medidas, vai esperar o melhor momento para fazer sua compra. Da mesma forma, o mercado de usados pode ser bastante prejudicado com a queda de preços: há mais de 7.300 revendas de veículos por todo o país, as quais empregam mais de 315 mil pessoas.
Outro ponto são os juros altos, que inibem a compra de carros. Atualmente, a taxa de juros está em 13,75%, mas além de proporcionar condições mais seguras para a queda, o governo também deve sinalizar segurança jurídica, por meio da efetivação de medidas fiscais.
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