"O Kardian é o ponto de virada da Renault", diz Fabrice Cambolive, CEO da marca
Presidente da marca fala sobre os lançamentos, carros híbridos elétricos que podem ser feitos localmente e o futuro do Sandero e do Kwid
Autos Carros|Marcos Camargo Jr e Marcos Camargo Jr.

Fabrice Cambolive está na Renault desde 1992 e desde janeiro deste ano é o CEO para o Brasil. Ele recebeu uma tarefa desafiadora: elevar a lucratividade da marca em mercados fora da Europa, além de liderar um plano estratégico na região. No Velho Continente, a Renault promoveu uma grande renovação da linha de produtos e agora vai fazer o mesmo em vários países. O Grupo Renault vai investir nada menos que R$ 15,8 bilhões em oito novos produtos até 2027 com base em 2 plataformas. O R7-Autos Carros participou de uma entrevista de Cambolive dada aos principais veículos especializados do Brasil.

Quais são os planos com o lançamento do Kardian? A Renault vai tirar de linha o Stepway?
A Renault terá em breve o Kardian, que mira o crescimento do segmento B [compacto] e o Stepway continua por enquanto em oferta menor [referindo-se ao motor 1.0 e à versão de entrada que restou] e vamos ter novidades no Brasil. O Brasil mudou muito nos últimos seis anos e até aqui o mercado se eletrificou muito, especialmente com modelos híbridos puro ou híbridos plugin.

O que mudou nestes últimos anos na sua opinião?
No passado falávamos em um line up diferente em vários países e agora afirmo que teremos carros competitivos em vários mercados, onde se encontram Brasil e América Latina, África do Sul e vários países. Começa com o Kardian, mas teremos novidades que vamos anunciar passo a passo.

Quem são os parceiros da Renault na Coreia do Sul?
A parceria é com a Geely, que é uma das sócias. É uma plataforma para veículos maiores [segmentos C e D] que resultará em dois novos modelos que vamos apresentar já em 2024. Eles serão híbridos, usarão a expertise local e estarão disponíveis em vários mercados.
A plataforma mencionada por Cambolive é a CMA compartilhada com veículos híbridos plugin da Volvo.

O que você quer dizer com o aumento de lucratividade? Qual a estratégia para isso.
Teremos oito novos modelos fora da Europa até 2024 e todos eles serão muito competitivos baseados em uma nova plataforma global. Seremos protecionistas no valuation, e em mercados como América Latina, Índia e Brasil, que é muito importante, estamos aumentando o volume de venda. Com os novos produtos vamos dar outra imagem para a Renault de inovação, competividade, veículos agradáveis de dirigir e orientados pela eficiência energética.

Teremos aqui um SUV grande de sete lugares? Quais são os planos para ele?
Dependerá muito do mercado a introdução desse produto, mas ele está nos planos. Digo que depende do mercado pois temos na Índia o Triber , um carro pequeno com sete lugares. Já na Europa temos as vans e aqui temos oportunidades específicas para esse tipo de produto.
Qual é o segmento que mais cresce e que a Renault olha de forma estratégica?
Com o Kardian estaremos mais presentes no segmento B, mas os SUVs grandes são importantes para a cobertura de mercado. Há espaço para o segmento C e “C Plus”, além das picapes leves. O conceito Niagara mostra a direção que a Renault vai seguir com outro segmento de utilitários leves, mas por enquanto não posso falar mais a respeito.
O R7-Autos Carros conversou com outros executivos da marca que comentaram sobre a experiência da fábrica da Renault na Argentina para a produção de picapes. Assim, pode-se desenhar uma estratégia de fabricar a substituta da Renault Oroch no país vizinho. Mas a plataforma é a mesma CMF-B ampliada, do Kardian.

O Renault Kwid vai sair de linha?
Temos muito orgulho do Kwid. Ele de fato é um SUV compacto: ângulo de ataque, de saída, boa altura do solo, eficiência… Temos muito orgulho do que fizemos, mas digo que a imagem sobre a marca Renault vai crescer.

Vimos que a plataforma CMF do Kardian comporta o que a Renault chama de “multienergia”. Teremos o Kardian híbrido?
Está tudo aberto neste momento. A plataforma de fato permite eletrificação tanto de sistemas de 48V [híbrido leve] quanto híbrido puro e plugin. Mas por enquanto não posso adiantar nada sobre isso.
Outros executivos da marca afirmam que o Brasil tem grande potencial para a produção de modelos eletrificados híbridos pela Renault no Brasil. Mas isso dependerá das regras do jogo estabelecidas pelo governo brasileiro para as montadoras já instaladas por aqui.

Além do nosso país onde será concentrada a produção do Kardian e para onde esse modelo será exportado?
O Brasil será o ponto de exportação do Kardian que, reforço, é um carro que vai trazer consistência para a nossa marca. A produção de Curitiba é estratégica para a região. A partir do ano que vem ele também será feito no Marrocos.

O Kardian é vital no “Game Plan 2027”, onde vamos crescer 40% nos mercados fora da Europa. O Brasil é o segundo mercado em volume da fora da Europa. Queremos que esse crescimento alcance um equilíbrio de 50% das vendas na Europa e 50% nos outros continentes. O Kardian vai para toda a América Latina, como Argentina, Colômbia e tantos outros.