Tem um clássico na garagem? Veja dicas de como restaurar seu carro
Carro antigo precisa de boas referências para uma boa restauração que irá resultar em valorização posterior
Autos Carros|Marcos Camargo Jr

Restaurar um carro antigo pode ser a realização de um sonho ou uma grande dor de cabeça com tantos detalhes e minúcias ao longo do processo. E isso não tem a ver com a valorização do carro no futuro, o que é uma certeza se o trabalho for bem executado. Independente de qual seja o seu caminho, a restauração de um clássico é um trabalho que envolve talento artesanal de reproduzir exatamente o estado daquele veículo quando era novo, recém saído da fábrica.

Quais os cuidados que devo tomar? O que devo fazer? Posso confiar apenas no profissional que irá fazer o trabalho? Estas e outras perguntas podem ter resposta com este guia rápido elaborado pela oficina A.M.Marcelo, que tem 50 anos no ramo de restauração de carros importados e divulgou um guia de boas práticas na hora de restaurá-lo:

1) Referência é tudo: em prol da originalidade, um clássico precisa ter informações precisas quanto às cores, padronagens, encaixes e acabamentos para reproduzir exatamente o modelo quando era zero quilômetro em sua versão exata. "Para isso vale recorrer aos catálogos de época, referências da montadora e fotos que ajudarão a balizar o trabalho que será feito na restauração", explica José Manoel Veludo, gerente da A.M. Marcelo.

2) Remoção da pintura: mais do que remover a tinta em um processo de decupagem, o correto é tirar toda a coloração e o fundo para chegar à lataria. A oficina A.M. Marcelo recomenda o jateamento, processo que leva de dois a três dias seguido por uma análise da superfície pois alguns carros já passaram por vários processos de restauração.

3) A clássica funilaria: esse trabalho vai muito além de trocar peças da carroceria, como é comum nos carros modernos. O funileiro reproduz e conserta peças metálicas que se deterioraram ou ficaram corroídas. Veludo explica que esse é um dos maiores segredos da arte de restauração: "Esse trabalho requer uma excelente mão de obra, que vai cortar, unir e igualar as chapas antes da preparação, por isso a etapa anterior do jateamento é tão importante", lembrou.

4) Qual a cor do carro? mais do que o código, a cor exata requer uma análise atenta que vai além do número do chassi que contém informações sobre o carro ou o "data car" que é o registro dele com esse dado. Além do número, fazer a pintura em partes pequenas e analisar tudo usando um colorímetro, que utiliza feixes de luz para detectar a cor exata, é o ideal para se chegar ao tom exato.

5) Organização: O carro restaurado deve ser inteiramente desmontado e todas as peças separadas e etiquetadas. Em muitos casos as peças são difíceis de serem encontradas e a organização poupará tempo e evitará gastos desnecessários.

6) Isolamento na pintura: também é uma prática difundida no mercado mas uma pintura feita em estufa devidamente isolada e iluminada faz toda a diferença no resultado final. O colecionador deve ter acesso ao espaço para conferir se há o devido isolamento, o que garantirá uma cobertura uniforme, brilho e qualidade à pintura.

7)Não encontrou a peça? Impressora 3D: O uso dessas impressoras está em alta quando se trata especialmente de produtos com base plástica como encaixes ou moldes, e que podem ser perfeitamente reproduzidos em impressoras 3D. Claro que ter a peça original é melhor mas nem sempre isso é possível e as impressoras tem facilitado o trabalho de restauradores.

8) Padronagem antiga: o carro devidamente restaurado reproduz exatamente o processo produtivo adota à época de sua produção. Uma boa oficina terá cuidado ao restaurar um painel danificado por exemplo, usando o tom de iluminação adequado e "amarelado" nos carros antigos nos relógios e mostradores, a costura dos bancos e até mesmo o tom preciso usado no estofamento. Nem sempre a cor e o produto estão disponíveis no país, assim, Veludo recomenda a importação de tecidos, seja de capotas, seja de estofamentos, para que a peça seja aplicada no Brasil.

9) Montagem: assim como a desmontagem, a montagem de acabamentos, estofamento, itens mecânicos e cromados será cuidadosa até mesmo na forma de aplicação das peças. "Sobreposição de peças, encaixes, materiais usados como forração, espessura e tipo dos fios elétricos, tudo deve ser correspondente ao usado na época em que o carro era produzido", disse o especialista da A.M. Marcelo.
10) A última etapa é tão importante quanto o trabalho de restauração, que é a conservação: essa etapa, lembra o José Manoel, fica por conta do colecionador. O especialista recomenda o carro em uma garagem arejada e principalmente da umidade o que ajuda a manter o carro bem conservado.