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O que explica as sucessivas internações de Bolsonaro por 'desconforto abdominal'

Ex-presidente enfrenta consequências de cirurgias realizadas, após a facada no abdômen, que causam aderências no intestino

Saúde|Do R7

Bolsonaro precisou ser internado em um hospital em Orlando, na Flórida
Bolsonaro precisou ser internado em um hospital em Orlando, na Flórida

A notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro deve encurtar as férias nos Estados Unidos após uma internação naquele país chama atenção para um problema que tem sido recorrente nos últimos anos na vida do político.

As aderências na parede do intestino são comuns em indivíduos que tenham passado por cirurgia no órgão, como é o caso dele, ou que tenham alguma inflamação — apendicite ou diverticulite, por exemplo.

O processo envolve a cicatrização e junção das laterais do tubo intestinal, o que leva a um estreitamento que pode dificultar o trânsito intestinal.

O cirurgião do aparelho digestivo Gustavo Patury, que atende nos hospitais São Luiz Itaim, Vila Nova Star e Albert Einstein, em São Paulo, explica que o problema é comum em "pacientes que foram submetidos a cirurgias abertas, como em acidentes de carro ou a própria facada do ex-presidente".


Quando essas aderências são significativas, existem quadros chamados de suboclusão ou obstrução intestinal.

Nem toda aderência vai causar uma obstrução, observa o cirurgião gastrointestinal Sergio Roll, coordenador do Núcleo de Hérnias do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.


Segundo o especialista, em determinados casos, as aderências podem fazer com que "uma alça intestinal grude na outra".

"Parte dela [alça] pode dobrar e impedir a passagem do líquido intestinal ou criar pontes entre as alças e eventualmente uma delas pode ficar presa. [A obstrução] vai depender se a alça dobra ou não. Os sintomas são distensão (aumento do volume) abdominal, dor e cólica abdominal e vômito, com eliminação de gases e fezes", afirma Roll.


Patury ressalta que "é comum esses pacientes, dependendo da dieta, evoluírem para quadros sequenciais de suboclusão".

"Geralmente, são pacientes que acabam se internando duas, três vezes por ano com esses quadros de suboclusão. Tem que internar porque fica muito difícil esse trânsito intestinal. Aí o paciente tem que entrar em jejum e passa uma sonda pelo nariz para diminuir a pressão", relata.

A sonda é o tratamento clínico para tentar desobstruir o intestino. A pessoa fica em jejum por um período de 12 a 24 horas e toma medicações antibióticas e anti-inflamatórias.

Passado esse período, a alimentação é reintroduzida para uma nova avaliação. Se o intestino voltar ao normal, ele é liberado. Caso volte a sentir desconforto, a única opção será a cirurgia para remover os trechos do intestino que têm aderências.

Nas últimas internações a que foi submetido, Bolsonaro não precisou passar por cirurgia para resolver as obstruções.

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