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R7 Brasília

Em evento para debater o futuro do Brasil, Barroso defende simplificação do sistema tributário

Ministro do STF condicionou revisão tributária e responsabilidade fiscal à garantia de segurança jurídica no Brasil

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Ministro Luís Roberto Barroso participou de painel do seminário, na manhã deste sábado (26)
Ministro Luís Roberto Barroso participou de painel do seminário, na manhã deste sábado (26)

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso defendeu, na manhã deste sábado (26), a revisão da estrutura de impostos do Brasil. Ele participou do Fórum Esfera Brasil, em seminário que discute a agenda de prioridades do país para os próximos anos. Barroso acredita que a complexidade da tributação leva a lacunas no setor trabalhista.

"Temos duas áreas de imensa insegurança jurídica no Brasil: a tributária e a trabalhista. Temos o sistema tributário mais complexo do mundo, nenhum país gasta o tempo que se gasta aqui com compliance [função que envolve agir em conformidade com as leis] tributário. A simplificação do sistema tributário é imperativa", afirmou, ao definir o conceito de segurança jurídica como previsibilidade para o futuro e garantias para o passado.

"O sistema tributário brasileiro passou a ser um carnaval. É complexo, e as pessoas procuram brechas para minimizar o dever de pagar tributos", criticou. "Segurança jurídica não é apenas uma questão de direito, é criar um ambiente geral onde as pessoas se sintam motivadas a investir, gerar empregos e a permanecer no Brasil", comentou o ministro, citando a saída de intelectuais do país.

O arranjo de segurança jurídica, para Barroso, deve incluir também responsabilidade fiscal e pacto pela integridade. "A educação básica deve ser prioridade absoluta. Os problemas já estão mapeados. É preciso haver uma sintonia muito fina entre responsabilidade fiscal e social. Responsabilidade fiscal não é coisa de direita, é um pressuposto das economias saudáveis. Sem ela, há inflação, juros altos e recessão", argumentou.


Integridade

O ministro pregou, ainda, o combate à corrupção. "O Brasil viveu, historicamente, um quadro de corrupção estrutural, institucionalizada e sistêmica, e não há segurança jurídica assim. Precisamos enfrentar a naturalização das coisas erradas, não se pode chegar ao mundo desenvolvido com esses padrões de ética pública e privada. Se não formos capazes de revisar isso, vamos andar em círculo em torno das mesmas questões", afirmou Barroso.

O seminário reuniu membros do grupo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nas últimas semanas, discursos de Lula que opuseram responsabilidade social e fiscal levaram à reação do mercado financeiro.

Na sexta-feira (25), o ex-ministro da Educação de Lula Fernando Haddad (PT), cotado para dirigir a Fazenda no terceiro mandato do petista, representou o presidente eleito em um encontro com banqueiros. Haddad defendeu a reforma tributária, a qual chamou de "prioritária para Lula".

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