WR-V passa a ser a opção de entrada da Honda na categoria de SUVs compactos, abaixo do HR-V
Caio Mattos/HondaA Honda encontrou uma fórmula para driblar a crise econômica que ainda atinge no mercado brasileiro de carros. Primeiro, a japonesa criou o HR-V, um tremendo sucesso de vendas que estreou em meados de 2015. É o líder da categoria de SUV compactos desde então, e segue imbatível mesmo após a chegada de novos adversários. Agora, a montadora volta a atacar o segmento com outra aposta também derivada do hatch Fit: o WR-V. Posicionado abaixo do HR-V, é o novo SUV de entrada da marca, com inicial de R$ 79.400.
Na prática, o Honda WR-V é a versão aventureira do Fit, que no passado recente trazia o sobrenome Twist. Mas desta vez a montadora foi além. Não se trata de uma nova versão do hatch, mas um modelo com estilo próprio e com alterações de engenharia que buscaram dar características de SUV. Componentes de suspensão foram alterados, tendo como base o HR-V, que emprestou, por exemplo, a barra de torção do eixo traseiro. Molas, buchas, amortecedores e outros itens foram alterados e recalibrados. Até o design é original.
Vistos lado a lado, o WR-V chega a ter a dianteira mais alta que a do HR-V. Porém, nas medidas, é quase igual ao Fit. Quase porque a altura, a largura e o entre-eixos são maiores. Os pneus também foram desenvolvidos exclusivamente para o utilitário — são mais largos e de perfil mais alto. As alterações acabaram por serem decisivas até na avaliação do Inmetro, que enquadrou o modelo como um SUV genuíno, por oferecer altura e ângulos de ataque (21°) e saída (33°) compatíveis com a categoria. (Resumindo, é SUV segundo o órgão)
Lanternas invadem a tampa traseira para realçar a largura do WR-V, que é quase a mesma do Fit
Caio Mattos/HondaPreços e versões
O WR-V nasceu da necessidade de um SUV menor e mais acessível que o HR-V. A montadora verificou em pesquisas que havia espaço para um utilitário com "algo mais" em relação aos hatchs de proposta aventureira, como Chevrolet Onix Active, Hyundai HB20X e Renault Sandero Stepway. Para a montadora, nenhum destes é rival direto, e quando observamos os preços e versões, o utilitário compacto está mesmo acima. A versão de base EX parte de R$ 79.400, enquanto a topo de linha EXL atinge R$ 83.400.
Como de costume na linha da fabricante, a mecânica será racional. O motor 1.5 16V flex (o mesmo do Fit) rende potências de 115 cv e 116 cv a 6.000 rpm, e torques de 15,2 kgfm e 15,3 kgfm a 4.800 giros, sempre com gasolina e etanol. A principal diferença em relação ao hatch é a ausência de opção de câmbio manual. O WR-V virá apenas com transmissão automática do tipo CVT (continuamente variável), sem opção de trocas manuais — no trio City, Civic e HR-V, a caixa simula marchas e tem paddle-shifts.
No Programa de Etiquetagem do Inmetro, o conjunto mecânico garantiu nota A ao WR-V. O SUV marcou médias de 8,2 km/l na cidade e 8,7 km/l na estrada com etanol, e de 11,7 km/l e 12,4 km/l com gasolina, na mesma ordem. Os resultados foram levemente inferiores aos do Fit, que tem médias de 8,3 km/l e 9,9 km/l (E), e de 12,3 km/l e 14,1 km/l (G), respectivamente. Outro ponto alto no utilitário é o espaço interno. O porta-malas acomoda os mesmos 363 litros do Fit, superando a maioria dos hatches.
Faróis trazem LEDs diurnos e são conectados à grade, no padrão atual de design da marca
Caio Mattos/HondaPrimeiras impressões
Na intenção de transformar o Fit em SUV, a Honda modificou até o sistema de direção elétrica do WR-V, que possui não dois, mas três pontos de fixação e bucha. Segundo a montadora, esse "reforço" garantiu maior conforto e linearidade nas respostas. Ao vivo, o novo utilitário chama a atenção no visual externo. O estilo é totalmente original e mais moderno que o do hatch. Os faróis, por exemplo, trazem leds diurnos nas extremidades e são conectados pela grade, que é mais grossa e segue o padrão atual de design da marca.
Por dentro, o modelo é inegavelmente igual ao Fit, exceto por um ou outro detalhe. O principal deles é o tecido dos bancos, que varia entre preto e prata ou preto e laranja, para combinar com a pintura da carroceria. Em termos de ergonomia, o WR-V oferece posição mais elevada para o motorista, uma vez que é mais alto. Há ajuste de altura e profundidade no volante, e o sistema modular dos bancos traseiros é um dos diferenciais, senão o maior, permitindo dobrar os assentos de várias formas, para levar objetos.
Ao volante, o WR-V é claramente mais macio e confortável que o Fit. Enquanto o hatch tem ajuste mais firme, que acaba por passar à cabine as irregularidades do piso, o SUV "filtra" a buraqueira com grande eficiência, tornando o passeio mais agradável. Neste primeiro contato, pareceu mais adequado ao asfalto brasileiro, sempre muito irregular, mesmo em grandes centros, como São Paulo. Essa suavidade também reduz a quantidade de ruídos a bordo, embora o isolamento acústico não seja exatamente dos melhores.
SUV usa pneus exclusivos, mais altos e largos, e traz molduras na base, além de rack no teto
Caio Mattos/HondaEm desempenho, não há muito além do que o Fit já oferece. O conjunto formado pelo motor 1.5 flex e o câmbio CVT é agradável em trechos urbanos, uma vez que mantém os giros baixos, priorizando o conforto e o consumo. Já na estrada, ao afundar o acelerador os giros do motor sobem imediatamente até quase o limite de corte, e o ronco invade a cabine sem dó. Uma solução seria empregar a simulação de marcha, que incluí borboletas no volante para trocas manuais. Mas a montadora optou por manter o conjunto do Fit.
Em termos de equipamentos e acabamento, o WR-V está, digamos, bem fornido. O painel transmite sensação de qualidade superior à de modelos como Onix Active e HB20X, mesmo sendo basicamente coberto por plástico rígido. Molduras e encaixes milimétricos dão ao novo SUV da Honda um requinte maior até ao de utilitários veteranos, como Ford EcoSport e Renault Duster — dupla que a marca vê como rival direta. Há ar-condicionado, trio elétrico, airbags frontais e ABS, e central multimídia com tela sensível ao toque.
Faltou ao sistema multimídia incluir as plataformas Android Auto e Carplay, para melhor conectividade com smartphones. Mesmo assim, há vários recursos, como GPS, câmera de ré e duas entradas USB — uma próxima à tela e outra no console inferior. Por ser mais acessível, evidentemente o WR-V não tem alguns recursos do HR-V, como paddle-shifts, freio de estacionamento elétrico e a função "auto hold", que mantém os freios acionados em paradas no trânsito, para o motorista não precisar ficar segurando o pedal.
O WR-V também não traz controle eletrônico de estabilidade em nenhuma versão. O item sequer é oferecido como opcional, aspecto negativo, uma vez que, além de aumentar consideravelmente a segurança em movimento, o sistema incluí recursos como assistente de saída em ladeiras, que mantém os freios acionados para o carro não descer na saída. Para compensar, traz na versão mais cara seis airbags. É um alento, assim como o Isofix para cadeirinhas infantis, que é padrão. Um pacote mais enxuto, para vender mais. Será?
Lista de equipamentos decepciona por não trazer controle de estabilidade e bancos em couro
Caio Mattos/Honda
FICHA TÉCNICA
Honda WR-V EXL 1.5 flex CVT
Motor: 1.5 16V i-VTEC, comando variável, flex
Potência: 115 cv (G) e 116 cv (E) a 6.000 rpm
Torque: 15,2 kgfm (G) e 15,3 kgfm (E) a 4.800 rpm
Câmbio: Automático CVT (continuamente variável)
Direção: Assistência elétrica progressiva; tração dianteira (4x2)
Suspensão: McPherson na dianteira, eixo de torção na traseira
Freios: Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Pneus e rodas: 195/60 R16
Dimensões: 4 m (comp), 1,73 m (largura), 1,6 m (alt), 2,55 m (entre-eixos)
Peso: 1.130 kg (ordem de marcha)
Capacidade do porta-malas: 363 litros
Tanque de combustível: 45,7 litros
Principais equipamentos: ar-condicionado, vidros, travas e retrovisores elétricos, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 16, airbags frontais, laterais e do tipo cortina, freios com ABS e EBD, LEDs diurnos (DLR), Isofix para cadeirinhas infantis, volante multifuncional revestido em couro com ajustes de altura e profundidade, controle de cruzeiro, computador de bordo, apoios de cabeça e cintos de três pontos para todos os passageiros, sistema modular dos bancos traseiros, chave canivete e central multimídia com tela de sete polegadas sensível ao toque, duas entradas USB, Bluetooth, navegador GPS e câmera de ré integrada.
Preço sugerido: R$ 83.400
Garantia: 3 anos (sem limite de quilometragem)
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Vídeo: Honda WR-V é o Fit com toque do HR-V