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Educação

Após confronto com a polícia, funcionários da USP decidem manter greve 

Diretor do Sintusp alega que universidade tem dinheiro para garantir reajuste salarial 

Educação|Do R7

Os funcionários da USP (Universidade de São Paulo) votaram, durante assembleia realizada na manhã desta quarta-feira (20), pela manutenção da greve que já dura quase três meses. A decisão foi tomada após uma manifestação realizada hoje pelos grevistas ter terminado em confronto com a PM (Polícia Militar) no entorno da Cidade Universitária, localizada na região oeste da capital paulista. 

A paralisação de estudantes, servidores técnico-administrativos e professores teve início no dia 27 de maio devido ao congelamento do reajuste dos salários neste ano.

Os grevistas exigem reajuste salarial de 9,78% e são contrários às medidas de reequilíbrio orçamentário propostas pela reitoria para solucionar a crise financeira pala qual a instituição passa. Além disso, os servidores reivindicam o pagamento do salário de grevistas que tiveram o ponto cortado neste mês.

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Segundo Magno Carvalho, diretor do Sintusp (Sindicato dos Funcionários da USP), a reitoria condicionou a concessão de reajuste salarial com base na inflação à aceitação de medidas que pretendem conter a crise financeira.

Entre as propostas do reitor Marco Antonio Zago estão: a implantação do PDV (Plano de Demissão Voluntária), com o objetivo de demitir cerca de 3.000 funcionários; o encaminhamento do HU (Hospital Universitário) e do HRAC (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru) para o governo do Estado; a diminuição das jornadas de trabalho dos professores para a redução de salários e cortes nas verbas direcionadas à permanência estudantil.


Crise

No primeiro semestre, o comprometimento do orçamento da USP com o pagamento dos seus mais 20.000 funcionários (entre docentes e técnico-administrativos) foi de 105,5% — total de R$ 2,27 bilhões, sendo que os recursos repassados pelo Estado à instituição no mesmo período atingiram apenas R$ 2,15 bilhões.

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Para Magno Carvalho, “não é verdade que não há dinheiro para garantir reajuste salarial anual”. “Tanto que agora o reitor está dizendo que irá dar o reajuste, se aceitarmos as medidas propostas por ele.”

— A USP ainda tem R$ 2,3 bilhões em seu fundo [espécie de poupança da instituição]. Esse caixa tinha R$ 3,2 bilhões em 2013, dos quais foram gastos no último ano R$ 900 bilhões, afirma o funcionário.

Procurada, a reitoria não comentou detalhes da questão. Por meio de sua assessoria de imprensa, respondeu que informações sobre o fundo da USP já foram divulgadas no site da instituição.

"As despesas de custeio e capital (incluindo aquelas assumidas em 2013 e liquidadas em 2014) estão sendo integralmente pagas com a reserva financeira da Universidade. Isso acontece porque o repasse do ICMS não tem sido suficiente sequer para pagar os gastos com pessoal", diz nota da reitoria divulgada no mês de maio. 

Desde quando a crise financeira na universidade foi anunciada, em meados de maio, a reitoria realizou corte de 35% das verbas para as unidades de ensino e suspendeu, por tempo indeterminado, a contratação de professores e novos funcionários.

Próximos capítulos 

Hoje, às 15h, estudante e funcionários farão uma coletiva de imprensa na Cidade Universitária para comentar o confronto com a PM e falar sobre os rumos da greve. Também nesta tarde, a diretoria do Sintusp deve participar de uma audiência de conciliação. A sessão julgará o processo aberto pelo reitor Zago que exige que a justiça considere como abusiva e ilegal a greve na USP. 

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Estudantes, funcionários e docentes convocaram para o dia 26 de agosto uma plenária geral para decidir linhas comuns ao movimento em defesa da universidade pública. Também no dia 26, o Conselho Universitário da USP se reunirá para tomar uma decisão sobre a greve.

A próxima reunião do CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades do Estado de São Paulo) está agendada para o dia 3 de setembro e decidirá sobre as reivindicações grevistas das três universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) que seguem paralisadas devido ao congelamento de reajuste salarial neste ano.

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