O governo de SP encaminhou nesta segunda-feira (4) resposta ao MPF (Ministério Público Federal) justificando por que não foi adotado o racionamento de água após a crise no sistema Cantareira — responsável pelo abastecimento de quase metade da Grande SP. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, explicou por que a Sabesp não implantou rodízio e disse que espera que os procuradores se convençam de que o Estado tomou a melhor decisão.
— Quando você fecha o sistema, pressão zero, tira água da tubulação. Quando volta, você tem um nível de perda muito grande, além de risco de contaminação, porque a hora que fecha pode entrar água contaminada dentro da tubulação. E [o fornecimento] não volta em 24 horas, vai penalizar a população mais pobre. Não é como energia elétrica.
Na semana passada, o MPF enviou ao Estado uma recomendação de que fosse implantado o racionamento nas áreas abastecidas pelo Sistema Cantareira e pediu que o governo informasse quais medidas foram adotadas, em um prazo de dez dias. Alckmin disse que está havendo “muita exploração política” em torno da crise hídrica e que a decisão da Sabesp de não adotar o rodízio foi “técnica e social”.
— Eu tenho certeza que o Ministério Público Federal recebendo, como já recebeu hoje, todas essas informações, vai verificar que a postura está corretíssima.
Questionado sobre cortes noturnos de água em alguns bairros, o governador argumentou que as queixas feitas à Sabesp caíram, mas que “todo caso vai ser verificado”.
— De 19 de julho a 2 de agosto, há um ano, a ouvidoria da Sabesp, telefone 195, que qualquer pessoa pode ligar para reclamar, teve 28 mil reclamações na região metropolitana. Em 2014, 15 mil. Reduziu pela metade o número de reclamações.
Alckmin voltou a dizer que as medidas implantadas pela Sabesp são equivalentes a um racionamento com 36 horas com água e 72 horas sem fornecimento. Ele destacou o remanejamento de aproximadamente 2 milhões de consumidores atendidos pelo Cantareira para outros sistemas, como Guarapiranga e Alto Tietê, além do desconto para quem economizar água.
A crise hídrica enfrentada por São Paulo é “inimaginável”, segundo Alckmin. Ele defendeu os “investimentos vultosos” em saneamento feitos no Estado durante os 20 anos em que o PSDB está no governo.
— Não existe sistema adequado para qualquer situação. Em qualquer obra de engenharia, você trabalha com risco. O fato é que nós estamos em um momento excepcional e a água está garantida.