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Egito vive mais um dia de confrontos nas ruas e a Irmandade Muçulmana convoca novos protestos

Somente na última sexta-feira (16), cerca de 75 pessoas foram mortas nos protestos

Internacional|Do R7, com AFP

Na última sexta-feira (16), partidários da Irmandade Muçulmana enfrentaram a polícia nas principais cidades do Egito
Na última sexta-feira (16), partidários da Irmandade Muçulmana enfrentaram a polícia nas principais cidades do Egito Na última sexta-feira (16), partidários da Irmandade Muçulmana enfrentaram a polícia nas principais cidades do Egito

Milhares de partidários do presidente islamita deposto Mohamed Mursi protestavam na última sexta-feira (16) no Egito diante das forças de ordem, autorizadas a atacá-los com armas de fogo, desencadeando uma onda de violência que deixou pelo menos 75 mortos e transformou bairros inteiros em campos de batalha.

O governo egípcio instaurado pelo Exército indicou que enfrenta "um complô terrorista" da Irmandade Muçulmana, para em sua maioria manifestantes fiéis ao presidente islamita destituído Mohamed Mursi.

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"O governo afirma que seus membros, as Forças Armadas, a Polícia e o grande povo do Egito estão unidos para combater o complô terrorista tramado pela Irmandade Muçulmana", segundo o comunicado do gabinete do primeiro-ministro.

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Frente à escalada, que desperta temores de que o país — em estado de emergência desde quarta-feira (14) e onde impera um toque de recolher noturno em várias províncias — mergulhe no caos, os Estados Unidos fizeram um novo apelo para que não seja empregada força excessiva contra os manifestantes, enquanto os europeus estudam "a adoção de medidas". A Alemanha indicou inclusive que quer revisar suas relações com o Cairo.

Na capital egípcia, fortemente patrulhada pelo Exército e por comitês populares partidários do governo, era possível ouvir tiros de armas automáticas em diferentes bairros, principalmente em torno da praça Ramsés, onde milhares de partidários da Irmandade Muçulmana estavam reunidos.

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Os corpos de pelo menos 39 pessoas estavam enfileirados em mesquitas do Cairo. Soldados e policiais dispersavam os manifestantes favoráveis a Mursi na capital, segundo um correspondente da AFP e testemunhas.

Além disso, fontes de segurança afirmaram que 31 pessoas tinham morrido em diferentes províncias.

Em Suez, cinco pessoas foram mortas durante a noite pelas forças de ordem e dezenas ficaram feridas durante uma manifestação durante o toque de recolher, segundo fontes da segurança.

O Partido da Liberdade e da Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, indicou 130 mortos apenas na capital.

Tiros também eram ouvidos em outras grandes cidades do país onde os partidários de Mursi protestavam, como Alexandria (norte), Beni Sueif e Fayum, ao sul do Cairo, e na cidade turística de Hurghada, às margens do Mar Vermelho.

O grupo islamita Aliança contra o Golpe de Estado Irmandade Muçulmana pediu que as manifestações da sexta-feira fossem interrompidas após as últimas orações do dia, mas convocou seus seguidores a protestarem diariamente.

"As manifestações de hoje (sexta-feira) terminarão com as últimas orações da noite, que serão seguidas de orações pelos mortos", afirmou à AFP Gehad al-Haddad, porta-voz do movimento.

"Haverá manifestações contra o golpe de Estado todos os dias", afirmou, depois de seu movimento ter convocado seus partidários a protestar "aos milhões" e "pacificamente" para denunciar o "massacre" de cerca de 600 pessoas na quarta-feira, principalmente na dispersão extremamente violenta de acampamentos de manifestantes pró-Mursi no Cairo.

Laila Musa, outra porta-voz do mesmo movimento, denunciou a prisão de seguidores de Mursi antes dos protestos da sexta, entre os quais há pelo menos dois ex-membros do Parlamento.

Já o Tamarrod, movimento que promoveu as gigantescas manifestações pela destituição de Mursi, pediu que os egípcios formem "comitês populares" para defender o país do que ele chama de "terrorismo" da Irmandade Muçulmana, à qual pertence Mursi.

As autoridades decretaram estado de emergência durante um mês na quarta e um toque de recolher na metade do país entre 19h e 6h.

A situação no Egito causa preocupação na comunidade internacional.

Os Estados Unidos pediram na sexta-feira que o Egito não recorra à "força letal" contra manifestantes pacíficos.

"Dissemos claramente que os egípcios têm o direito universal de se reunir e se expressar livremente, inclusive durante manifestações pacíficas", escreveu a porta-voz do departamento de Estado Jennifer Psaki, em uma mensagem eletrônica enviada à AFP.

Na quinta, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, havia anunciado o cancelamento dos exercícios militares conjuntos entre seu país e o Egito, após condenar "energicamente" a repressão, mas sem chegar a cortar uma vultosa ajuda financeira ao Cairo.

O presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, pediram na sexta uma resposta unificada europeia urgente para a crise egípcia, anunciou a Presidência francesa.

O mandatário francês e a primeira-ministra alemã pediram "que os ministros das Relações Exteriores da União (Europeia) se reúnam rapidamente na próxima semana para analisar a cooperação entre a União Europeia e o Egito e elaborem respostas comuns", segundo o Eliseu.

Os representantes dos 28 Estados membros da União Europeia se reunirão na segunda-feira (12) em Bruxelas para analisar a situação, indicou na sexta-feira o gabinete de Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia.

Já o rei Abdallah da Arábia Saudita manifestou apoio às autoridades egípcias "contra o terrorismo" e advertiu para o perigo de "intromissões" nos assuntos internos do Cairo. A Jordânia também manifestou o seu apoio ao governo egípcio em sua luta para "combater o terrorismo".

Centenas de pessoas participaram de manifestações convocadas por grupos islamitas em Cartum, Amã, Rabat, Jerusalém Oriental e na Cisjordânia para denunciar "o golpe de Estado" contra Mohamed Mursi.

Na última sexta-feira, a Coalizão pró-Mursi condenou os ataques de islamitas contra igrejas cristãs no país, mas aproveitou para acusar alguns cristãos de apoiar a derrubada do primeiro presidente democraticamente eleito no país.

"Embora alguns líderes coptas tenham apoiado ou, inclusive, participado do golpe, este tipo de ataques não se justifica", indicou.

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