Brasília Agente que agrediu menino com chinelo é exonerado de cargo na PF

Agente que agrediu menino com chinelo é exonerado de cargo na PF

Cedido ao Ministério da Justiça, ele teve a dispensa publicada no DOU de quinta; agressão foi filmada em condomínio do Guará II

  • Brasília | Lucas Nanini, do R7, em Brasília

Agente é filmado agredindo criança com chinelada

Agente é filmado agredindo criança com chinelada

Reprodução

Depois de ser filmado agredindo um menino com chineladas no rosto em um condomínio no Guará II, o agente administrativo da Polícia Federal Daniel Peruzzo Jardim foi dispensado da função comissionada técnica que ocupava no Ministério da Justiça e Segurança Pública. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (7).

A agressão foi captada pelas câmeras de segurança do condomínio. Peruzzo estava lotado na PF em Natal (RN) e cedido ao Ministério da Justiça. Ele responderá por ameaça, injúria e lesão corporal. O agente não mora no prédio, mas frequenta o local para visitar a filha.

Testemunhas afirmam que ele já foi visto dando bronca nos meninos em outras ocasiões. A agressão ocorreu após um desentendimento entre as crianças. O menino teria pegado o chinelo da filha de Peruzzo e feito outras provocações. Em vez de procurar os pais do garoto, o homem decidiu agredir fisicamente a vítima, de forma repetida, no rosto.

As imagens são fortes. Primeiro, Peruzzo é visto saindo da escada de incêndio e entrando na garagem do condomínio. Na sequência, dois garotos um pouco mais velhos descem, também pela escada de incêndio, para ver o que está acontecendo. De repente, um dos meninos corre de volta para a escada.

Na sequência, o agente aparece segurando a criança com um dos braços. O menino tenta se desvencilhar, mas não consegue. Ao mesmo tempo, Peruzzo desfere os golpes. Nas imagens, é possível ver quando o agressor desfere pelo menos quatro golpes com a sandália, todas no rosto da vítima. Os dois últimos acertam diretamente o nariz da criança.

A investigação
A agressão aconteceu em 26 de setembro. As investigações, a cargo da 4ª Delegacia de Polícia, foram concluídas três dias depois, e o inquérito, encaminhado ao Juizado Especial Criminal. Aos agentes, Peruzzo se limitou a falar sobre o momento em que os meninos provocaram a filha. Questionado sobre as agressões e o vídeo, ele se reservou o direito de ficar calado.

“Ele fala apenas até o momento em que os meninos mexem com a filha dele. Qualquer pergunta sobre o fato ou imagem dele agredindo (o menino), disse que não iria responder”, contou o delegado-chefe da 4ª DP, Anderson Espíndola. “É uma criança. A pessoa precisa verificar suas atitudes. Não é normal isso, o adulto agarrar um menino daquela forma”, destacou Espíndola.

A mãe do garoto agredido disse à polícia que se sentiu ameaçada pelo agente, após tentar tirar satisfação sobre o ataque. “Conseguimos o vídeo com o condomínio e mandamos para o Judiciário. O vídeo está à disposição do juiz, junto com o inquérito”, destacou.

O condomínio
A família ainda deve processar o agressor na esfera cível e, também, o condomínio. O advogado que representa o conjunto habitacional, André Sarudiansky, do escritório Moreira Lamego Advogados, afirmou que não houve omissão por parte da administração local. “O condomínio é totalmente solidário com a família. Vai soltar uma nota de repúdio à conduta do agressor. Ele não é morador, é visitante. Mas o condomínio não pode responder por atos de terceiros”, argumentou.

“O condomínio se solidariza muito com a família, os moradores. E tudo que é da alçada do condomínio foi feito. Solicitou e forneceu as imagens à Polícia Civil. Estamos fazendo uma análise da conduta dele, também, para ver se é passível de alguma sanção, para aplicar a regra interna do condomínio. Essa é a esfera administrativa. A cível está em andamento. O essencial para a família é conseguir as provas, e a filmagem foi fornecida”, disse.

O R7 apurou que há possibilidade de Peruzzo sofrer uma investigação administrativa na Polícia Federal. Procurado por telefone nesta quinta-feira, o agente administrativo não retornou as ligações da reportagem.

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