Alckmin garante que nenhuma reforma já aprovada será desfeita no governo Lula
O vice-presidente eleito defendeu a responsabilidade fiscal e afirmou que o imposto sindical não será retomado
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) afirmou, na tarde deste sábado (26), que o novo governo não pretende desfazer nenhuma reforma feita recentemente, como a trabalhista e a da previdência. A fala ocorreu durante o Fórum Esfera Brasil, que reúne autoridades, políticos e empresários em São Paulo para discutir as prioridades do Brasil para os próximos anos.
"Não tem nenhuma reforma a ser desfeita. O imposto sindical não vai voltar. Agora, estamos frente a uma questão de plataformas digitais, que precisam ser verificadas. O entregador de comida trabalha sem descanso semanal remunerado, por exemplo. Então, é preciso aprofundar essas discussões", declarou o ex-governador de São Paulo.
Alckmin, que é coordenador da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendeu a amplitude do grupo, que reúne cerca de 300 pessoas, das quais a maior parte participa de maneira voluntária. "Quanto mais estimular a sociedade civil a participar, melhor. Quem ouve mais erra menos. O presidente Lula vai ouvir todas as vozes", garantiu.
O vice-presidente eleito, ao contrapor as recentes afirmações de Lula, ressaltou a importância da responsabilidade fiscal. "A questão fiscal não é nem de direita nem de esquerda, é senso comum. A responsabilidade fiscal é essencial, e já tivemos experiências boas. O foco tem que ser o crescimento da economia, mas é preciso compatibilizar as duas coisas, porque ele não é incompatível com a questão social. O rigor fiscal é uma obra interminável para o Brasil crescer. Temos uma cultura cartorial, com muita burocracia e muito papel", continuou.
Segundo Alckmin, o governo Lula trabalhará com eficiência em relação aos gastos públicos. "Podem ter certeza de que esse ajuste fiscal ocorrerá. Ele vai ser feito, e de maneira permanente. Não vou gastar mais do que arrecado, então preciso cortar gastos. Vou cortar do salário mínimo? Vou fazer ajuste em cima de 71% dos aposentados e pensionistas que têm que viver com R$ 1.212? Tem muitas formas de você fazer o ajuste, porque ele é necessário para o Brasil crescer. Mas fazendo com olhar social."
A indefinição da equipe do novo governo, sobretudo do chefe do Ministério da Economia, tem sido um dos principais entraves na discussão com o Congresso Nacional acerca da PEC (proposta de emenda à Constituição) do estouro. O projeto pretende extrapolar o teto de gastos para garantir o pagamento do Auxílio Brasil a partir do próximo ano, quando o programa voltará a ser chamado de Bolsa Família.
Na próxima segunda-feira (28), o presidente eleito Lula desembarca em Brasília para reforçar as negociações sobre a PEC. O painel do qual Alckmin participou neste sábado teve a presença do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), o ministro Bruno Dantas, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.