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Congresso questiona transferência do Coaf para a Fazenda e tentará devolver órgão ao BC

Parlamentares temem que o órgão de inteligência financeira sofra influências políticas com a mudança e querem barrar a alteração

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Ministério da Fazenda, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Ministério da Fazenda, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília Ministério da Fazenda, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília

O Congresso Nacional vai tentar mudar a medida provisória (MP) que transferiu o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Banco Central para o Ministério da Fazenda. Segundo alguns parlamentares, a alteração pode ser prejudicial ao órgão e deve ampliar a ingerência política do governo federal no conselho.

O Coaf é um órgão de inteligência financeira que tem como atribuições produzir informações para prevenir e combater a lavagem de dinheiro e aplicar penas administrativas a entidades do sistema financeiro que não enviarem os dados necessários para esse trabalho.

O órgão estava vinculado ao Banco Central desde 2019, mas em janeiro deste ano a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu levar o Coaf para o Ministério da Fazenda. Com a mudança, o chefe da pasta, que hoje é Fernando Haddad, terá mais poder sobre a instituição e ficará responsável, por exemplo, por nomear o presidente do Coaf e os membros do plenário do órgão.

Na avaliação de parlamentares, seria melhor que o Coaf continuasse no Banco Central devido à autonomia administrativa da instituição, que não é vinculada a nenhum ministério do governo federal.

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Segundo o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), "o espaço de discricionariedade do presidente da República na nomeação e exoneração das autoridades que podem influenciar a atuação do Coaf é bem mais limitado na hipótese de manutenção do conselho na estrutura do Banco Central".

Pelo fato de o Coaf gerir informações tão sensíveis%2C o risco de o órgão ser usado politicamente não pode ser subestimado.

(SENADOR SERGIO MORO (UNIÃO BRASIL-PR))

O senador Marcio Bittar (União Brasil-AC) também vê riscos na retirada do Coaf do Banco Central. Para ele, "a vinculação administrativa do Coaf a um ministério coloca em xeque a autonomia técnica e operacional necessária para que o órgão desempenhe sua função institucional de produzir e gerir informações de inteligência financeira".

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Com efeito%2C a vinculação do Coaf ao Banco Central é uma solução mais adequada para conferir ao órgão a necessária independência para o efetivo desempenho de sua missão institucional de combater a utilização do sistema financeiro para lavagem ou ocultação de bens.

(Senador Marcio Bittar (União Brasil-AC))

Combate à lavagem de dinheiro

A medida provisória do governo federal também é questionada por ter alterado a redação de uma das competências do Coaf. O texto anterior dizia que o órgão deveria "produzir e gerir informações de inteligência financeira para a prevenção e o combate à lavagem de dinheiro", mas a MP alterou esse trecho e determinou que a entidade tem apenas de "produzir e gerir informações de inteligência financeira".

O deputado Joaquim Passarinho (PL-PA) defende a retomada do texto antigo. "Tal modificação suscita estranhamento e nos coloca em estado de alerta quanto à real motivação para a alteração. É dever do Congresso Nacional não conferir cartas em branco para estruturas do Poder Executivo que lidam com informações sensíveis e protegidas por sigilo fiscal."

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A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) também quer reverter a alteração proposta pelo governo. "A prevenção à lavagem de dinheiro é fundamental para combater crimes, pois possibilita a identificação de movimentações e o confisco de recursos resultantes desses crimes", ressalta.

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"É por meio da prevenção à lavagem de dinheiro que os recursos provenientes de crimes como tráfico de drogas e de pessoas, sequestro, crimes contra o sistema financeiro e crimes contra a administração pública, como corrupção, podem ser identificados, dificultando a integração desses recursos na economia formal como se fossem de origem lícita", completa a parlamentar.

Segundo o governo, a mudança da redação não impede que o Coaf atue para prevenir atos de lavagem de dinheiro. Na explicação de motivos da medida provisória, Fernando Haddad disse que "a proposta conserva a autonomia técnica e operacional do Coaf, mantendo suas competências, composição e processos de trabalho".

O Coaf permanece%2C pois%2C como unidade de inteligência financeira que atua como um centro nacional para o recebimento e a análise de comunicações de transações suspeitas e outras informações relevantes relacionadas a lavagem de dinheiro%2C correlatas infrações antecedentes e financiamento do terrorismo%2C assim como para o compartilhamento dos resultados da sua análise.

(Fernando Haddad, ministro da Fazenda)

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