Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Brasília

Dutra diz que adiamento de desmonte do acampamento após 8/1 foi validado por Lula

O general negou omissão, mas admitiu que uma tentativa de desmonte foi frustrada por ordem do ex-comandante do Exército

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília


Dutra disse que Lula validou adiamento do desmonte do acampamento em frente ao QG
Dutra disse que Lula validou adiamento do desmonte do acampamento em frente ao QG

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), voltou a citar a validação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em adiar uma operação para desmontar o acampamento em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, e prender manifestantes que participaram do 8 de Janeiro após as invasões das sedes dos Três Poderes.

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos extremistas, Dutra negou omissão da Força na atuação de desmobilização do acampamento, mas admitiu uma situação em que, por ordem do ex-comandante do Exército, interrompeu uma ação da Polícia Militar do DF com esse propósito. 

Compartilhe esta notícia no WhatsApp

Compartilhe esta notícia no Telegram


Sobre os dias que sucederam o 8 de Janeiro, o general disse ter defendido ao presidente da República uma ação coordenada antes do desmonte e prisão dos manifestantes que estavam ali. "Nunca usei o termo banho de sangue. Expliquei que naquele momento tínhamos dano ao patrimônio e, se fizéssemos uma operação sem planejamento, poderemos ter mortes. Na mesma hora, o presidente Lula respondeu que seria uma tragédia." Por isso, Lula teria dado aval para que a operação fosse planejada, e a ação foi realizada nas primeiras horas do dia 9 de janeiro, depois de planejamento feito em reunião que contou com a presença dos ministros da Justiça, Flávio Dino, da Casa Civil, Rui Costa, e da Defesa, Múcio Monteiro. 

Dutra já tinha dado declaração semelhante à CPI da Câmara Legislativa do DF. Em 18 de maio, ele narrou aos distritais que o presidente determinou a prisão imediata dos extremistas que retornaram ao acampamento em frente ao quartel-general, ordenando o isolamento da área para conseguir prender todos no dia seguinte. 


Dutra negou que o lapso temporal entre a chegada dos manifestantes após as invasões e as prisões efetivas tenha servido para conseguir retirar familiares de militares e reservistas que estariam no local. O general também negou ter havido qualquer tipo de omissão por parte da Força e que o desmonte não foi feito porque o acampamento não era "ilegal" e uma ação do tipo poderia configurar "abuso de autoridade". 

Apesar de dizer que não permitiu a volta de manifestantes para se abrigarem no acampamento após os ataques do 8 de Janeiro, Dutra justificou o ingresso ao local por ser "muito permeável". Questionado sobre o posicionamento de tanques do Exército para impedir a entrada da PMDF no local, Dutra declarou que os veículos estavam desarmados e foram usados apenas para o transporte de militares. 


Tentativas de desmonte

A relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), mencionou, no entanto, três operações organizadas pelo Governo do Distrito do Federal que não puderam ser executadas, já que a Polícia Militar precisava da autorização para atuar em área do Exército. Ela mostrou vídeos de oficiais da PMDF e do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres afirmando, em depoimento à CPI da Câmara Legislativa, que o Exército desautorizou as operações de desmobilização. 

Dutra apenas admitiu o impedimento em uma oportunidade. Segundo ele, em 29 de dezembro de 2022 houve um aumento no número de manifestantes, dia em que as Forças do DF tentaram desmontar as barracas. Segundo ele, o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, determinou que a operação fosse cancelada com a presença da PM e que continuasse somente com o Exército. "Naquele momento não poderíamos ter enfrentamento, porque estávamos às vésperas da posse, o que poderia atrapalhar a normalidade do evento", justificou. 

O general também disse que, se tivesse um mandado judicial ou ordem expressa do comando, teria iniciado a desmobilização. "O Exército é baseado em hierarquia e disciplina. Se houvesse uma ordem do comandante, com certeza cumpriria. A única ordem judicial que houve aconteceu em 8 de janeiro e foi cumprida em sua integridade", declarou. 

Devido às informações divergentes entre Dutra e os representantes das Forças do DF, a relatora levantou a hipótese de uma acareação. No entanto, tal medida ainda precisaria ser aprovada pelo colegiado em sessão deliberativa, que não possui acordo para acontecer. 

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.