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Influencers: ministros do STF têm mais de 1 milhão de seguidores

Dos 10 ministros do STF, quatro mantêm perfis nas redes sociais. Eles reforçaram atuação na internet e conquistaram engajamento

Brasília|Emerson Fonseca Fraga, do R7, em Brasília

Conectados e atuantes na internet, quatro dos 10 atuais ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mantêm contas nas redes sociais. Juntos, eles somam mais de 1 milhão de seguidores. Com a exposição, tornou-se mais comum que posicionamentos e até dicas e comentários fossem compartilhados pelos integrantes da mais alta corte do país.

Gilmar Mendes é o mais antigo a ter um perfil e, também, o mais popular. Ele tem 415,2 mil seguidores em uma conta verificada no Twitter, criada em maio de 2017. Segundo o serviço de notícias Google News, nos últimos 12 meses, foram publicados 12,9 mil artigos sobre Mendes.

Ministro Luís Roberto Barroso durante sessão administrativa do STF
Ministro Luís Roberto Barroso durante sessão administrativa do STF Ministro Luís Roberto Barroso durante sessão administrativa do STF

Logo atrás vem o ministro Luís Roberto Barroso, com 286,6 mil seguidores em uma conta criada em abril de 2020. Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apareceu em 20,5 mil notícias publicadas pela imprensa brasileira na internet no período de um ano. Barroso tem chamado a atenção, recentemente, ao dar dicas de filmes e livros. As indicações geralmente acontecem após ele ou o Supremo ser atacado pelo presidente Jair Bolsonaro (Jair Bolsonaro). Músicas como "Cálice", "Vai passar" e "Não enche" estão entre as indicações recentes do magistrado.

Alexandre de Moraes, terceiro da lista, contabiliza 253,5 mil seguidores na conta criada em agosto de 2017 — cerca de 7 meses após sua indicação para o Supremo pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). Moraes tem a postagem com maior engajamento: mais de 58 mil interações, entre curtidas e compartilhamentos. No texto, publicado em 9 de julho, o ministro, que é responsável pela investigação do inquérito das fake news, incluindo ataques ao sistema eleitoral brasileiro, falou sobre o assunto. Veja o tweet:

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Moraes também é o ministro mais citado pela imprensa. Foram 42,5 mil notícias publicadas no Google no período de 1 ano.

O perfil do ministro mais novo de casa, Kassio Nunes Marques, ainda tem poucos seguidores. São 16,5 mil em uma conta não verificada, diferentemente dos demais colegas.

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A 11ª cadeira, antes de Marco Aurélio Melo, para a qual foi indicado o ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça André Mendonça, ainda não foi ocupada. Falta a sabatina no Senado para confirmar a indicação feita pelo presidente Jair Bolsonaro.

Mais exposição, votos mais longos

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De acordo com Felipe de Mendonça Lopes, professor do Insper e pesquisador de comportamento judiciário, a exposição maior aumenta o tamanho dos votos e a participação política dos membros da Suprema Corte nos assuntos do país. Ele afirma que houve um crescimento significativo desses dois fatores após os membros do STF começarem a ter seus votos veiculados ao vivo pela TV Justiça, fundada em agosto de 2002.

“O resultado principal é que os ministros se comportam como políticos: quando lhes é dado tempo gratuito de televisão, agem para maximizar sua exposição individual. Para isso, escrevem votos mais longos e interagem mais frequentemente com seus pares”, afirma.

Com o advento das redes sociais, a interação com o público se intensificou — agora diretamente com os cidadãos. “O relacionamento dos ministros do Supremo se dava somente com o público jurídico e com partes eventualmente interessadas nos processos em tramitação. Com a ampliação da visibilidade dos membros do Supremo, na TV Justiça e agora nas redes sociais, sem mediação, eles acabam participando de forma mais pública dos grandes acontecimentos do país”, diz o pesquisador.

No mesmo sentido vai a percepção do pesquisador Ivar Alberto Hartmann, professor da FGV Direito Rio e coordenador do projeto Supremo em Números. De acordo com o acadêmico, em pesquisa sobre o impacto da TV Justiça no tribunal, “dados mostram claramente que os ministros têm se engajado em debates mais extensos e isso parece ser causado pela publicidade de suas decisões”.

“Liberdade de expressão também abrange ministros”

O professor Mamede Said Filho, da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), vê com menos restrições o engajamento dos ministros na imprensa e nas redes sociais. “Não considero um problema que tenham perfis e façam publicações de caráter institucional. A liberdade de expressão também abrange ministros. Apenas deve haver cautela para não se confundir com as atividades e opiniões pessoais. Deve haver da parte de qualquer juiz uma preocupação com a imagem institucional dele como órgão do Poder Judiciário”, destaca.

“O que não pode ocorrer é a manifestação pública quanto a partidos e candidatos, especialmente em períodos próximos das eleições”, complementa.

Se houver excessos, segundo o pesquisador, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) — e, no caso dos ministros Supremo, o próprio Plenário da corte — deve agir. “O CNJ já abriu procedimentos para apurar postagens, algumas de caráter partidário. É uma preocupação que todos devem ter, até porque os juízes estão envolvidos diretamente com a Justiça Eleitoral”.

O R7 questionou a assessoria do STF se há regras ou orientações para publicações de ministros, mas não houve retorno até a atualização mais recente desta reportagem.

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